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Bolsa brasileira registra queda de investimentos estrangeiros
Bolsa brasileira sofreu fuga de dinheiro estrangeiro em 2020| Foto: Divulgação/B3

Passada mais uma semana desde meu último artigo e o que mudou nos mercados em geral? Absolutamente nada.

Seguimos acompanhando seus movimentos, algumas vezes irracionais, alternando fortes baixas e altas. Fica evidente que esse tipo de comportamento ocorre porque perdemos as referências de curto prazo. Até aqui, não há conhecimento sobre o fim do lockdown em países desenvolvidos, tampouco no Brasil. O momento sugere paciência e cautela, duas grandes virtudes de vitoriosos no mercado de ações.

Alguns se colocam como bruxos por acertar pequenos movimentos do Ibovespa, mas a grande realidade é que isso não ocorre. Enquanto não tivermos uma definição sobre a estabilização de casos do coronavírus, por mais que a curva pareça declinar na Espanha e Itália, deveremos continuar a ver o mercado dessa forma.

O volume de notícias recentes que chegam de todos os lados do planeta, com poder de afetar o humor e trazer volatilidade à Bolsa, continua a todo vapor. Entre elas, posso mencionar as disputas políticas ocorrendo no Brasil, a divulgação de que o primeiro-ministro britânico Boris Johnson foi para a UTI em função da piora de seu quadro clínico, a de que o presidente Donald Trump anunciou novos testes sendo realizados para a contenção da doença e a do adiamento da reunião da OPEP, mesmo que por poucos dias.

Outra medida que veio à tona diz respeito ao pagamento de dividendos por parte das empresas. Nos últimos dias, algumas delas, listadas em Bolsa, têm anunciado que pagarão menores proventos aos seus acionistas.

No setor bancário, em nota, o Conselho Monetário Nacional (CMN) vedou temporariamente a distribuição de resultados e o aumento da remuneração de administradores das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central. A medida faz parte de um conjunto de ações que o Banco Central está adotando para enfrentar os potenciais efeitos da Covid-19 na economia.

O objetivo da regulamentação é evitar o consumo de recursos importantes para a manutenção do crédito e para a eventual absorção de perdas futuras. As vedações serão aplicadas aos pagamentos referentes às datas-bases compreendidas entre a data da entrada em vigor da Resolução e 30 de setembro deste ano, e aos pagamentos a serem realizados durante a vigência da norma.

Todas essas medidas são positivas, devido às incertezas que atravessamos. Há outras medidas, como no setor de aviação, em que as empresas Gol e Azul têm discutido formalmente com o BNDES como será o pacote de ajuda. Desde o início da crise, tanto no Brasil quanto no mundo, as companhias do segmento vêm anunciando queda entre 70% e 90% de faturamento.

Interessante notar que, dentre tudo que estamos assistindo e vivenciando, é preciso extrair pontos positivos. Costumo comentar em minhas apresentações que o momento em que mais aprendi sobre investimentos foi na crise de 2008, em função de todo o ocorrido à época.

Portanto, fica aqui o meu registro para que, dos mais experientes aos novatos do mercado, tirem lições dessa crise, das quais possam se aproveitar no futuro.

No caso dos bancos, conforme colocado acima, me parece uma nota correta do Banco Central, prezando pela cautela que tanto temos enaltecido nesta coluna. No setor de varejo, ainda deveremos ver muitas mudanças nos próximos meses, assim como do grupo das chamadas exportadoras, em função do dólar atingir níveis pouco imaginados há algum tempo.

Enfim, tenho falado de forma recorrente sobre o comportamento que devemos ter em relação à disciplina e à estratégia dentro do mercado. Agora, outro grande aprendizado que ficará é de que o segmento de ações é assim na sua essência – e, como diriam alguns especialistas, um esquizofrênico no curto prazo, mas que se ajusta de acordo com o resultado das empresas no longo prazo.

Roberto Indech é estrategista-chefe da Clear Corretora.

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