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Entre mortos e falidos, como sairemos dessa crise?
| Foto: Kazuhiro Nogi/AFP

Desde meu último artigo na semana passada é possível afirmar que muita coisa mudou no cenário global. O que não mudou e segue irracional é o comportamento dos mercados diante das inúmeras indefinições que temos pela frente no campo do avanço da pandemia da Covid-19 e seus impactos na economia mundial. Os casos de saúde estão sendo levados de forma séria e firme pelas principais autoridades mundiais. No entanto, o que se começa a discutir neste momento é o custo e os prejuízos que esta crise irá causar com a paralisação completa ou parcial que se faz necessária nesse instante de países como Itália, Espanha, Alemanha, EUA, Brasil, entre outros.

Não cabe aqui julgar o mérito do confinamento, se está certo ou errado, mas o objetivo é levantar a forma como iremos encontrar a economia após a resolução da crise de saúde. É óbvio e quase unânime que a saúde das pessoas está em primeiro lugar, mas entre mortos e feridos muitos estão mencionando que haverá mais falidos nessa história toda.

Dentre os pontos que mudaram nos últimos dias podemos citar diversas medidas sugeridas ou implementadas, seja pelos presidentes dos países, seja pelos Bancos Centrais pelo mundo. Nos EUA, o pacote de ajuda financeira contra a Covid-19 soma quase US$ 2 trilhões. No Brasil, a equipe econômica tem anunciado novas medidas quase de forma diária para tentar conter os efeitos que teremos. O BNDES anunciou medidas, assim como o Banco Central do Brasil além do próprio ministério da economia diretamente. O que fica cada vez mais claro é que o rombo causado pela paralisia no curto prazo será enorme. Só não se sabe ainda o tamanho exato.

Nos EUA, o presidente do Federal Reserve de Saint Louis anunciou neste domingo (22) que acredita que o desemprego poderá atingir 30% da população. Para se ter noção exata do que isso representa, a taxa atual está em cerca de 3,5%. Algumas instituições financeiras, como Morgan Stanley, JP Morgan e Goldman Sachs, projetam contração nunca antes vista na história do país de modo tão rápido e agudo.

Por todo esse cenário descrito, as bolsas de valores seguem perdendo valor. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, recua 40% apenas no mês de março. Muitos nos questionam se ainda poderemos ver o mercado recuar ainda mais. Claro que essa é a resposta que qualquer um gostaria de ter, mas em mercado de renda variável não há como confirmar. Por outro lado, se o investidor comprou ações visando o longo prazo e acredita na retomada das empresas e da economia, este segue com sua estratégia bem definida e não interessa a volatilidade no curto prazo a não ser para realizar mais compras no mercado.

A conclusão dessa história toda é que não há uma bala de prata, mas um acúmulo de medidas por parte de muitos - como estamos vendo. Acredito que estamos avançando em diversas frentes, só não podemos afirmar quando será o final da crise. No Brasil, há a demonstração de que o mercado pós anúncios está líquido. O que precisamos agora é sentir os efeitos na economia real, que só teremos na retomada da vida normal.

Com muitas incertezas em jogo (apesar dos movimentos direcionados) e como não sabemos ainda o quão ruim as coisas ainda podem ficar antes de melhorar, a sugestão para os comprados em ações é: tenha no seu portfólio empresas que têm mais chances de sobreviver à crise e com baixo endividamento em sua estrutura de capital.

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