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Preocupação fiscal impacta mercado
Nota de R$ 100| Foto: Marcelo Andrade/ Arquivo/ Gazeta do Povo

As preocupações fiscais, ou seja, de que o governo Federal gaste mais que o permitido em 2020, têm feito a bolsa nacional balançar. Em agosto, o Ibovespa encerrou em baixa, o que não ocorria desde março. No mês que se encerra, o principal índice da bolsa brasileira recuou 3,4% e em 2020 cai 14,1%. Obviamente, temos diversas razões de atenção, como a pandemia, a expectativa pela produção de uma vacina eficiente e que tenha escala de produção global, as eleições presidenciais nos Estados Unidos, embates comerciais China x EUA e preocupações quanto à saúde da economia global como um todo devido. No entanto, com as expectativas positivas que tínhamos nos últimos meses em relação a estes temas e a injeção de trilhões de dólares nas economias pelos Bancos Centrais, os mercados como um todo vinham repercutindo positivamente. No Brasil, entretanto, parecemos estar em outro ambiente.

Para efeito de comparação, enquanto agosto foi um mês negativo por aqui, os principais índices das bolsas nos EUA, como o S&P500 e o Dow Jones, tiveram a maior alta mensal desde 2000 e 1945, respectivamente. Aqui cabe um paralelo: o da importância na diversificação de carteira, sendo que com a nova regulamentação das BDRs e os resultados apresentados pelos mercados de fora, é cada vez mais atrativo alocar parte de seu investimento em ativos internacionais.

Como agravante, podemos colocar, em grande parte, o resultado local na conta de um vai e volta nas divergências geradas pelo time econômico e o Congresso Nacional, além de embates dentro do próprio Governo sobre gastar ou investir além do permitido. Por outro lado, tivemos performances interessantes no mês após a divulgação de resultados corporativos do segundo trimestre, alta no preço de algumas commodities (como o minério de ferro), elevação do dólar e continuidade de perspectivas positivas para o segmento de varejo online.

Como conhecimento, é importante ressaltar que fazer boas escolhas na bolsa, em especial a médio e longo prazo, pode trazer resultados satisfatórios e até grandiosos, como no caso de Magazine Luiza, que mesmo sendo contestado diante das altas nos últimos anos, ainda segue uma trajetória positiva e encerrou o mês subindo 17%. O segmento de proteína animal também surpreendeu o mercado neste mês com os números reportados pelas companhias e exemplos como a Marfrig, que avançou 22%. Poderíamos citar outros casos, como Klabin e Suzano, ambas do segmento de papel e celulose, e CSN e Usiminas, de aço, que avançaram mais de 20% em agosto.

No lado negativo, também tivemos destaques emblemáticos, como as empresas do setor educacional Cogna e Yduqs (ex-Estácio), que perderam 27% e 19% o valor de mercado no período, respectivamente. Além destas, também vimos fortes baixas em Sabesp, Itaú, Cielo e Ambev. E o que isso quer dizer? Que o mercado nacional segue sendo o único com fortes recuos e a bolsa que mais cai, em dólar, em relação aos demais mercados emergentes. Por falar na moeda americana, ela fecha agosto com alta de 5%, a maior alta mensal desde março. No ano, o dólar acumula alta de 36,58% ante o real.

O que esperar?

Para setembro, o cenário de volatilidade - dadas as questões envolvendo, principalmente, o quadro político - deve continuar. Já há indicações de que as discussões sobre os limites de despesas do governo, teto de gastos e o formato ideal do programa Renda Brasil serão prolongadas. E há ainda de se aguardar a discussão do tema no Congresso. Por isso, ainda vislumbro um horizonte nebuloso de curto prazo e à medida em que as notícias sobre o quadro fiscal forem se dissipando, poderemos ver outro movimento. Até lá há a possibilidade de permanecermos descolados do ambiente externo, embora fatores como o avanço da segunda onda da pandemia pela Europa, e, principalmente, as sinalizações que vierem do lado norte-americano (na guerra contra a China e na disputa presidencial) afetarem o humor do mercado tanto lá quanto cá.

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