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Qual o retorno do investidor no ano e o que esperar para maio?
| Foto: Bigstock

O ano de 2020 ficará marcado para sempre pela força da queda dos mercados em decorrência do coronavírus no primeiro trimestre. No Brasil, após um mês de março extremamente nervoso, com perda de 30% no Ibovespa (principal índice da bolsa brasileira), abril aparece com ventos que sopram para o lado contrário. Mesmo com todo noticiário negativo envolvendo saúde, economia e política, a bolsa subiu 10,3%, sustentada basicamente por ações de empresas do setor de varejo, que tem dado foco no business online, e da indústria alimentícia, em especial aquelas companhias cujo resultado é derivado, em parte, do dólar decorrente da exportação de produtos.

E por falar na moeda americana, ela se valorizou pelo quarto mês consecutivo ante o real e já apresenta, no acumulado do ano, alta expressiva de 34,6%, segundo dados da Economatica. Para se ter ideia da dimensão da perda do Ibovespa em dólar no ano, a bolsa brasileira é a pior dentre os principais países emergentes, com uma queda de 50% em 2020, estando atrás, inclusive, de mercados inexpressivos em termos de volume de negociação se comparados com o nosso (é o caso de Colômbia, África do Sul, Indonésia e Argentina). Assim como a bolsa, os fundos imobiliários em geral também tiveram seu momento de respiro e o IFIX, indicador que mede o retorno do segmento, avançou 4,4% após três meses consecutivos de forte baixa.

No mercado de renda fixa, com os cortes sucessivos da taxa de juros, a Selic, para combater o enfraquecimento da economia, o CDI encerrou o mês apresentando retorno de 0,28% e no acumulado do ano avança 1,3%. Nos últimos 12 meses, a variação do indicador é de 5,2%, com perspectivas de que este ano encerre abaixo desse número.

Já a tradicional poupança subiu menos de 1% ao longo dos quatro primeiros meses de 2020, com avanço de 0,98%. Se formos contabilizar isso ao juro real, ou seja, descontando a inflação medida pelo IPCA, a aplicação financeira mais tradicional do país e que tem mais de 100 milhões de “contribuintes” traz retorno de míseros 0,5%. Isso mostra a real situação do brasileiro, que terá que buscar novas alternativas para conseguir retorno mais satisfatório nos próximos períodos. Claro que, se falarmos que grande parte desse recurso seria uma reserva de emergência, poderia ser uma desculpa para não procurar novas alternativas de investimento. Entretanto, mesmo nessa filosofia, há outras aplicações conservadoras mais rentáveis.

Enfim, é preciso levar em consideração que estes são dados que já ficaram para trás e é necessário pensar o que teremos daqui para frente. Sendo assim, o que poderíamos esperar do mês de maio para os investidores? Deveremos ver novamente ao final do mês aquele velho ditado sell in may and go away (venda em maio e vá embora ,na tradução mais literal)? Importante colocarmos uma série de situações, como descreverei abaixo.

Próximos passos

Após a divulgação dos indicadores da economia dos principais países desenvolvidos, como EUA e zona do euro, que apresentaram queda de 4% a 6% do PIB, como será o retorno das respectivas populações ao fim do período de isolamento social? Em que grau de confiança voltarão às ruas sem a certeza de algum medicamento com efeito para minimizar a Covid-19? Acredito que estes serão capítulos que iremos visualizar nas próximas semanas, com algum relaxamento já indicado pelas autoridades.

No Brasil, também veremos a divulgação dos dados do primeiro trimestre, mas vale lembrar que entramos em quarentena apenas a partir de meados do mês e, portanto, o primeiro trimestre poderá não vir tão fraco. Isso porque foi em abril que tivemos uma mudança radical e por esse motivo os indicadores do mês passado são aguardados ansiosamente para se estimar o impacto do vírus no país até aqui.

Outro fator preponderante está na crise política, que impacta os três poderes neste momento e terá que ser monitorada minuciosamente nas próximas semanas. Por fim, é importante ressaltar que teremos mais uma decisão de política monetária dos membros do Copom, que poderão cortar os juros em 0,5% ou 0,75%. Neste momento, o mercado se encontra dividido pelo risco político adicional que se instaurou nos últimos dias.

O que se tem até aqui é um prato cheio de novidades que está por vir. Preparem suas cadeiras e fiquem de olho na telinha para monitorar toda esta situação e buscar realizar os melhores investimentos de acordo com seu perfil e seus objetivos.

Roberto Indech é estrategista-chefe da Clear Corretora.

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