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Mercado financeiro
Na contramão da semana, Bolsa fecha em forte queda; dólar sobe 1,5%| Foto:

Nesta semana que se inicia já vou para minha quinta de quarentena. Ficar em casa, dividir as tarefas domésticas com a esposa, cuidar e dar atenção a minha filha de 3 anos, trabalhar e estudar tem sido a rotina diária. Obviamente que me encaixo no mesmo rol de outros milhões de brasileiros. No entanto, o período atípico nos fez enxergar algo a que não dávamos tanto valor em períodos normais que vivíamos até um mês e meio atrás: o tempo que ganhamos em função de não precisarmos nos deslocar, em especial para quem vive nas grandes cidades, além de não passar pelo stress do trânsito para quem vai ao trabalho de carro. Por essa razão, além do aumento de produtividade que temos visto em trabalhar via home office, também passamos a ter a vantagem de nos aperfeiçoarmos com estudos diários e importantes para nosso desenvolvimento enquanto profissionais, pessoas e investidores.

Antes desta crise, a ida a eventos para acessar grandes nomes era um chamariz. No entanto, a obrigatoriedade de termos que ficar em casa nos deu acesso a dezenas de CEOs, grandes executivos, Ministros de Estado, outras fontes ligadas ao governo, especialistas, analistas, entre outros. É tanta informação preciosa que temos que nos concentrar naquelas que podem fazer a diferença, que possa agregar nos nossos trabalhos, como fonte de inspiração ou até mesmo apenas para engrandecer nosso conhecimento. As lives apresentadas via redes sociais ou plataformas de streaming estão nos proporcionando algo jamais visto. Após todas as tarefas realizadas, ter uma ou duas horas por dia para poder acompanhá-las ou ler algum livro tem estado na minha agenda.

Na minha área especificamente, apesar de toda a dificuldade de fazer uma leitura de cenário diante de tantas situações e dados ruins no mundo como um todo, tenho visualizado aumento significativo no número de pessoas que buscam informações sobre investimentos. Mesmo com a perspectiva muito ruim para a economia, a busca por algo mais rentável está elevada. Com a taxa de juros no menor patamar da história e a possibilidade de recuar ainda mais, milhares de brasileiros estão consumindo conteúdos sobre investimentos. Na equipe de análise técnica, onde fico responsável pela gestão do time e de projetos, o número de acessos aos canais dos especialistas mais que dobrou em comparação com os dados do final de 2019. Cursos gratuitos também têm sido disponibilizados para quem é iniciante.

Obter conhecimento sobre características dos títulos do Tesouro Direto, quais as taxas, como comprar, onde e como investir em fundos de investimento estão entre os mais procurados. Entretanto, mesmo neste momento de crise, o que me chama a atenção é a busca por informações sobre bolsa de valores. A própria B3 divulgou recentemente que o número de CPFs ativos subiu para 2,3 milhões, ante 1,7 milhões em dezembro de 2019. É possível afirmar que alguns times têm feito um trabalho excepcional de educação financeira nesse período e acredito que esta é uma das razões para vermos tamanha procura. Em 2008, no auge da crise, não havia onde buscar tais informações, como lidar, quais as perspectivas etc. A internet, nesse sentido, ainda era pouco utilizada, restringindo ao público em geral apenas alguns fóruns de debate com dezenas de aventureiros e poucos conhecedores de fato do assunto. E é nisso que me baseio para a grande mudança cultural que visualizo no país: as oportunidades trazidas por dezenas de profissionais capacitados para difundir e democratizar ainda mais o mercado.

O cenário volátil do mercado financeiro, com queda de cerca de 30% do Ibovespa em março, captação líquida de R$ 9,6 bilhões nos fundos de ações apenas no mês anterior, perdas de fundos de renda fixa que detinham ativos de crédito privado em seus portfólios, ativos prefixados trazendo oportunidades que beiram os 200% do CDI e fundos imobiliários anunciando postergação ou não pagamento de dividendos neste momento, mostra que informação e conhecimento são importantes para o desenvolvimento do investidor e primordiais numa carteira que busca uma aposentadoria mais saudável ou que tenha em vista apenas o ganho de capital do médio e longo prazo.

Enfim, o importante aqui é: não sei da disponibilidade de todos e nem poderia julgar num momento difícil como esse que atravessamos, mas a dedicação pode ser fundamental para aprimorar seus conhecimentos visando não apenas um futuro melhor, mas também o conhecimento suficiente para diversificar sua carteira de investimentos, e buscar um diferencial para a sua vida em todos os momentos, nem que seja apenas para saber onde aplicar sua reserva de emergência.

Roberto Indech é estrategista-chefe da Clear Corretora.

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