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Reunião do presidente Jair Bolsonaro com ministros em 22 de abril de 2020. Segundo o ex-ministro Sergio Moro, vídeo do encontro teria provas de que presidente tentou interferir na Polícia Federal.
Reunião do presidente Jair Bolsonaro com ministros em 22 de abril de 2020. Segundo o ex-ministro Sergio Moro, vídeo do encontro teria provas de que presidente tentou interferir na Polícia Federal.| Foto: Marcos Correa/PR

Pelo comportamento do mercado nesta segunda-feira (25) podemos afirmar claramente que os investidores ficaram menos receosos após a divulgação da reunião ministerial do último dia 22 de abril. Em tese, era esperado um teor mais grave no que se refere ao presidente da República. Não estou aqui para colocar este posicionamento como correto ou não e, sim, interpretar de que maneira a filmagem foi vista. E diante de uma forte alta do Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, de 4,25%, e da queda do dólar no dia, chega-se à conclusão de que faltou uma prova concreta para um eventual indiciamento do presidente.

Ademais, uma repercussão como essa já poderia ser esperada após os movimentos dos contratos futuros da Bolsa na última sexta (22), que foram negociados das 17h às 18h, coincidindo com a divulgação das primeiras imagens. Dessa forma, podemos aqui esclarecer alguns pontos como: por qual razão tivemos uma alta tão expressiva neste início de semana e por que as ações do Banco do Brasil subiram de maneira relevante?

Na primeira questão, na minha visão, a interpretação foi pela falta de elemento que pudesse incriminar efetivamente Jair Bolsonaro, encerrando assim uma incerteza que era trazida desde as declarações do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, quando de sua saída do governo. Ou seja, mostra-se um alívio com a contenção de ruídos políticos, tendo a leitura de que o caso não comprometeu o presidente e de que é insuficiente para gerar ruptura política. Sendo assim, o Ibovespa chega a atingir o maior patamar desde o dia 12 de março, aos 85 mil pontos.

Agora o segundo ponto, que carrega como pano de fundo o comentário do ministro da Economia, Paulo Guedes, durante a reunião, de que teria que vender logo o Banco do Brasil. Apesar de terem sido colocados panos quentes logo após a declaração (com afirmações de que a privatização poderia ocorrer apenas após uma eventual reeleição do presidente), a fala já deixou claro o desejo do ministro e do presidente do banco. Para se ter conhecimento, as ações da instituição encerraram o dia em forte avanço, de 10,5%, acima dos 6,3% do índice financeiro e do próprio Ibovespa.

Vale acrescentar que outras notícias vindas de fora colaboraram para essa euforia dos investidores, como a alta do mercado na Europa por causa do relaxamento social e retorno gradual da economia. Cabe, ainda, ressaltar que a alta do Ibovespa nesta segunda-feira ocorre mesmo com as bolsas nos EUA e no Reino Unido estarem fechadas devido a feriado local.

Outro setor que puxou o mercado no dia foi o de shoppings centers, com reaberturas sendo anunciadas em especial no sul do país. Por fim, tal entusiasmo ainda pode ser corroborado pelas declarações do presidente do Banco Central sobre as perspectivas de um novo corte da taxa de juros, na reunião do Copom no próximo dia 17 de junho, o que traria a Selic para o menor patamar da história. No mercado, as especulações dão conta de que a decisão estaria dividida entre recuo de 0,5% ou 0,75%.

Mais um aspecto que chama a atenção neste início de semana - e especialmente pós divulgação da reunião ministerial - é a queda do dólar ante o real, que fechou em R$5,45, menor valor dos últimos 20 dias, após ter quase atingido os R$6,00. Em maio, após altas consecutivas em todos os meses de 2020, o dólar passa a recuar com este resultado do dia.

Por fim, fica claro que este é um movimento atípico dado o cenário atual do país, em que ainda poderemos esperar conflitos políticos pelo histórico recente, incertezas quanto à evolução da economia e decisões de governadores e prefeitos que poderão ainda decretar lockdown em determinadas regiões em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Há também a expectativa pela divulgação do PIB do primeiro trimestre deste ano, mas, ressalte-se: o dado do segundo trimestre deverá ser mais relevante em função da economia parada nos meses de abril e maio.

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