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Bolsa de valores
| Foto: Spencer Platt/Getty Images/AFP

O circuit breaker é um procedimento operacional da B3 que interrompe a negociação de ativos, impossibilitando movimentações de compra e venda. Ele é acionado somente em momentos de grande turbulência ou pânico de mercado que, por consequência, resultam em forte queda no preço das ações. Logo neste início de semana, em uma junção de notícias envolvendo o coronavírus e a crise no mercado de petróleo, o mecanismo foi acionado mais uma vez: a sétima nos últimos 20 anos.

Cinco acionamentos anteriores do circuit breaker foram feitos no auge da crise financeira mundial, em 2008. As outras fatídicas datas foram no chamado “Joesley day”, a crise que envolveu a delação do ex-executivo da JBS contra o ex-presidente Michel Temer, em 2017, e hoje, como pudemos presenciar. Em diversas outras datas também houve forte turbulência no mercado nacional, mas que não atingiu os critérios para o acionamento do mecanismo.

Baseado na oscilação do Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, o circuit breaker da B3 tem três estágios, que obedecem a três percentuais de desvalorização. Primeiro: quando o Ibovespa desvalorizar até 10% em relação ao valor de fechamento do índice do dia anterior, a negociação é interrompida por 30 minutos. Num segundo momento, reabertas as negociações, se a queda prosseguir e chegar a oscilação negativa de 15%, o mecanismo volta a ser acionado, desta vez por uma hora. Numa terceira etapa, mais uma vez retomadas as operações, caso a variação do Ibovespa atinja -20%, a B3 pode determinar a suspensão das negociações por um período a ser definido.

O que se viu nessa segunda-feira foi o acionamento do circuit breaker por causa da queda do Ibovespa aos -10%, mas na retomada o recuou não foi tão acentuado a ponto de provocar a segunda suspensão.

O cenário do circuit breaker de 2020

Desta vez, há grandes preocupações acerca do crescimento global. Como temos visto diariamente nos noticiários, os impactos do coronavírus ainda não são totalmente conhecidos, mas indicadores da China do mês passado já apontam que serão fortes. Na Itália e em outros países da Europa também se acredita que números ruins serão reportados em breve. Nos EUA, o Banco Central do país tomou drástica medida recentemente visando conter uma piora na economia local: anunciou corte extraordinário de 0,5% da taxa de juros antes mesmo da reunião programada para dia 18 desse mês.

Ademais, após reunião da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), russos e árabes não chegaram a um acordo sobre medidas a serem tomadas no curto prazo e, por essa razão, a Arábia Saudita anunciou corte nos preços do barril do petróleo. Com isso, a commodity abriu em baixa de 25% ontem no mercado futuro e chegou a recuar mais de 30%, determinando a maior queda desde 1991, por causa da Guerra do Golfo.

Ainda falando em números que chegaram a espantar o mercado nesta segunda-feira, o S&P500, índice que compõe as 500 principais empresas dos EUA, chegou a recuar 7%, o que também determinou seu fechamento por alguns minutos. Nas bolsas europeias, por exemplo, mercados como Alemanha, Reino Unido e França recuaram cerca de 8%, enquanto na Itália (um dos países mais impactados pelo coronavírus nesse momento) a queda foi maior ainda: de 11,2%.

Voltando ao cenário nacional, as principais quedas do dia foram essencialmente de empresas ligadas as commodities como a própria Petrobras (-29,7%), sendo o pior dia de negociação do ativo desde o início do Plano Real. Dentre todas as 73 ações que compõem o Ibovespa, nenhuma encerrou no positivo. No mercado de câmbio os fatos recentes também repercutiram, e muito. O dólar se valorizou ainda mais perante todas as moedas de mercados emergentes, em especial em relação ao Rublo (Rússia), Peso (México) e Real (Brasil), que se desvalorizaram 9%, 5% e 3% respectivamente.

Mesmo diante desse quadro de incertezas pela frente, sigo destacando aquilo que escrevi aqui na coluna anterior: que aqueles que mantiverem suas estratégias e disciplina serão naturalmente recompensados no médio ou longo prazo. Há uma grande diferença entre ser trader e investidor e este último, em momentos como este, aproveita para buscar as melhores oportunidades. Já estamos no auge da crise e, portanto, no fundo do mercado no curto prazo? Isso somente o tempo dirá, mas vá com calma, aos poucos, com frieza, seguindo aquilo que o mercado de renda variável mais pode lhe proporcionar: ganhos muito acima do retorno da taxa de juros no longo prazo.

Conteúdo editado por:Cristina Seciuk
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