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Rentismo, segundo o dicionário, é o mecanismo de quem vive exclusivamente de renda, de rendimentos, de uma quantia proveniente de alugueis, investimentos, recebimentos etc. Podemos afirmar que há centenas, possivelmente milhares, de brasileiros que vivem desta forma. Neste texto, vamos nos pautar apenas por aqueles que vivem de aplicações financeiras, contudo, é importante conhecermos o histórico desse comportamento para compreender suas razões.

No período de julho de 1996 a março de 1999, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) fixava a TBC e, a partir de março de 1999, com a sua extinção, passou a divulgar a meta para a Taxa Selic. Desde a primeira reunião, em junho de 1996, a taxa média diária de juros, anualizada com base em 252 dias úteis, estava situada em 23,3%. Já na 1ª decisão, a meta da Selic estava em 45%. Isso posto, começamos a entender a existência desse perfil no país: por mais de duas décadas tivemos uma taxa de juros extremamente elevada.

Apenas para relembrar, mais recentemente (de julho de 2015 a agosto de 2016), tivemos uma Selic estática em 14,25%, travestindo de normalidade um retorno de 1% ao mês no país. Se compararmos esse cenário com a taxa atual, estamos no menor patamar da série histórica, 6,0% ao ano (conforme decisão da última reunião do Copom, na semana passada). E o que exatamente isso quer dizer? Basicamente, que aquele investidor que dependia das altas taxas de juros passou, de alguns meses para cá, a ver suas aplicações financeiras conservadoras apresentarem rendimentos abaixo do patamar ao qual se acostumara.

O panorama significa, portanto, que esse perfil de investidor não poderá mais depender exclusivamente dessa rentabilidade para manter seu padrão de vida. Assim, conhecimento e proatividade para buscar soluções devem fazer parte de um novo dia a dia. Será necessário estudar alternativas mais arrojadas e, consequentemente, correr mais riscos do que o habitual. Fundos multimercados, ações, fundos imobiliários e crédito corporativo (debêntures, certificados de recebíveis imobiliário (CRI) ou do agronegócio (CRA) podem ser algumas opções.

Não é de hoje

Do histórico que traçamos, também podemos concluir que o rentismo não acabou agora no Brasil. Ele vem sendo “perturbado” há meses, o que revela a necessidade de os investidores começarem a se acostumar com esse novo modelo e com as formas atuais de aplicação. Mesmo aquele que não vive de renda precisa se adequar ao novo momento do país, em que os juros baixos ainda devem se prolongar por um período.

Claro que a cada novo governo podem surgir outras possibilidades, mas acredita-se que em um cenário de reformas estruturais aprovadas a Selic poderá, sim, ficar efetivamente próxima dos 5% ao ano, cenário esperado pelo mercado já para o fim de 2019. Para as próximas decisões do Copom, a serem realizadas em 18 de setembro e 30 de outubro, o mercado já projeta novos cortes de 0,5% em cada uma delas, chegando, portanto, aos 5% estimados. Dessa forma, surgem dúvidas sobre algumas modalidades de investimentos: Tesouro Direto, CDBs, entre outros, ainda fazem sentido?

Minha recomendação é que aquele recurso de emergência, antes alocado no Tesouro Selic, deve permanecer onde está, afinal é um dinheiro com objetivo claro, de curtíssimo prazo. Visando médio e longo prazos, sugiro iniciar estudos sobre aplicações um pouco mais arrojadas e começar nestes mercados aos poucos, com pequeno percentual da carteira de investimentos e que, com o tempo, poderá se adaptar à nova cultura no país.

Infelizmente, até pouco tempo atrás, o público em geral não tinha acesso a características básicas de investimento como histórico de rentabilidade, possibilidade de período de resgate, taxas de administração, entre outros. No entanto, com o crescimento das plataformas digitais de investimento e a insurgência de especialistas e analistas nas redes sociais, já é possível ter um grande aprendizado, pensando não apenas no futuro próximo, mas no hoje, independente do prazo de aplicação.

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