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Movimentação no comércio de São Paulo após reabertura gradual
Movimentação no comércio de São Paulo após reabertura gradual| Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Na última semana, começaram a ser divulgados os resultados corporativos das empresas listadas em bolsa, referente ao segundo trimestre de 2020. Certamente este período ficará marcado como o pior trimestre dos últimos anos ou até mesmo de décadas para grande parte dessas empresas diante do cenário da Covid-19.

Apenas para relembrar, em abril, o país passou por um lockdown mais severo e, portanto, diversas companhias ou fecharam suas portas no período ou por completo. Pelos indicadores da economia reportados, desde então temos visto uma melhora gradual nos dados, mas ainda assim longe daquilo que foi apresentado há 12 meses, em especial nos setores que englobam turismo e varejo físico (shoppings e lojas de rua).

Por outro lado, muitas destas empresas já reportaram prévias operacionais ou outros indicadores ao mercado na tentativa de deixar claro aquilo que se passava naquele período, ou seja, um importante passo para dar transparência aos investidores e tirar o peso de reportar apenas ao final do período.

O que o investidor quer saber

Dessa forma, isso já responde a uma das principais dúvidas dos investidores hoje, que seria se este impacto já era esperado e, por consequência, se os preços das ações refletem este cenário. Portanto, neste momento, o mais importante será o discurso da companhia sobre os desafios que terá pela frente e se irá atingir as metas propostas nos próximos meses.

Outro aspecto que será cobrado das empresas, sem dúvida, é em relação ao plano de digitalização, diante do forte crescimento apresentado pelos consumidores nesta pandemia. Empresas que não eram necessariamente digitais tiveram de acelerar os seus programas de investimento em tecnologia. O mercado certamente não só vai, como já está diferenciando as companhias mais preparadas para o novo mundo pós pandemia das menos preparadas.

O que ele pode esperar nos principais setores

Por essas razões descritas o que podemos esperar dos números que serão reportados nas próximas semanas? No setor de bancos, como alguns dos gigantes do segmento já provisionaram possíveis perdas derivadas do famoso calote em função do aumento de desemprego e crise econômica, acredito que poderão surpreender positivamente.

No caso do Banco do Brasil, além deste tema ainda veremos outro grande movimento, que é a troca de presidente após a demissão de Rubem Novaes do cargo, anunciada na última sexta-feira. A dúvida que permanece é em relação aos bancos digitais e como será essa relação com o momento atravessado, dado o perfil diferenciado de público dos grandes do setor.

No campo da construção civil também veremos resultados muito aquém daqueles que vinham sendo apresentados ao final de 2019, em especial porque praticamente não houve novos lançamentos no período em questão no segmento de média e alta renda.

Ainda na parte de propriedades comerciais podemos esperar números muito ruins das administradoras de shopping centers em função do fechamento quase completo – e em alguns casos, na sua totalidade - das suas unidades ao longo dos últimos três meses. A receita derivada de estacionamentos e aluguel será ainda mais prejudicada pela crescente inadimplência de parte dos lojistas no período.

Pulando para as empresas exportadoras, em que se encaixam aquelas ligadas a commodities como papel e celulose e mineração, poderemos ser surpreendidos positivamente em função da alta de quase 40% do câmbio no período e do minério de ferro, no caso das commodities metálicas.

Por fim, no varejo, é necessário separar aqueles ligadas ao e-commerce e as lojas físicas. No primeiro grupo certamente teremos alguns destaques, como na aceleração de vendas. Já com o segundo grupo será interessante aguardar e analisar quais realizaram transformações em meio ao período fechadas e como sairão a partir daqui. Empresas com sólida operação de e-commerce e/ou avançada estrutura multicanal como Magazine Luiza, Via Varejo, Locaweb, B2W e Lojas Americanas devem ser os destaques positivos para o 2T20.

Ainda há diversos outros setores na bolsa como empresas de proteína, bebida, indústria, concessão de rodovias, energia e saneamento básico, educação, mas vou me ater a estes acima que têm sido mais buscados por grande parte dos investidores.

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