Novas denúncias à Justiça Federal e uma nova fase (a 80ª) da operação, ocorridas na última semana, mostram que, mesmo com a desmobilização da força-tarefa, que oficialmente deixou de existir, com a incorporação de sua equipe ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Federal, a Lava Jato está longe de acabar no Paraná. Mesmo sem a figura do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, sem a força-tarefa constituída e enfrentando revezes no Supremo Tribunal Federal (STF), como a autorização para divulgação das conversas obtidas por hackers, a operação continua na rua e os processos por ela desencadeados seguem tramitando.
As principais notícias do Paraná pelo WhatsApp
Na última quinta-feira (11), a Polícia Federal foi às ruas para cumprir a 80ª fase da Operação Lava Jato, que teve como objeto mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos empresário Cláudio Mendes, que é investigado por, supostamente, ter recebido US$ 1 milhão de representante de estaleiro em contas no exterior a pedido do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
Na quarta-feira passada, o Ministério Público Federal denunciou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e mais 14 investigados por corrupção, lavagem de dinheiro, fraude à licitação e formação de cartel. Segundo a denúncia, o esquema ilícito envolveu pagamentos de propinas por representantes das empresas Hope Recursos Humanos e Personal Service Recursos Humanos e Assessoria Empresarial em troca de favorecimentos em contratos com a Petrobras. A denúncia afirma que acordos de delação premiada de operadores financeiros apontam que o grupo recebeu pelo menos R$ 18 milhões para beneficiar a Personal em 40 contratos pela diretoria de Serviços da estatal - comandada por Renato Duque, outro denunciado no processo.
A nova denúncia e a 80ª fase da Operação foram interpretadas como uma demonstração de força da operação, depois que a dissolução da força-tarefa, no dia 3 de fevereiro, prenunciava um suposto “fim da Lava Jato”. O braço paranaense é o primeiro e mais forte braço da operação, que também teve forças-tarefas no Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal. Mas foi na "República de Curitiba", referência irônica feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas que acabou adotada pelos defensores da operação, que a Lava Jato se destacou por prender e levar ao banco dos réus políticos e grandes empresários brasileiros.
Dentro do Gaeco, a Lava Jato integra uma estrutura permanente de investigações complexas nos estados, mas não terá dedicação exclusiva aos casos oriundos do esquema na Petrobras e nem a equipe robusta, com 14 procuradores e 30 servidores técnicos, que chegou a ter.
Mas além das novidades desta semana, os trabalhos da Lava Jato no Paraná estão longe do final. Na Justiça Federal do Paraná, a Lava Jato está longe de acabar. Tramitam na 13ª Vara Federal de Curitiba 53 ações penais oriundas de denúncias da força-tarefa. A última denúncia foi recebida pela Justiça em 23 de outubro, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Antônio Palocci e o ex-presidente do Instituto Lula Paulo Okamoto viraram réus por lavagem de dinheiro por repasses de R$ 4 milhões da Odebrecht para o Instituto, na quarta ação contra Lula proposta pela força-tarefa do Paraná.
Ainda respondem a processos na Justiça Federal Paranaense figuras como o ex-diretor da Petrobras Renato Duque (denunciado, mais uma vez, nesta semana); o ex-gerente Aluísio Teles Filho; o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto; Lula e Palocci (no processo do terreno que seria cedido ao Instituto Lula); os ex-senadores Gim Argello, Edison Lobão e Romero Jucá; e o ex-governador do Paraná, Beto Richa, entre outras dezenas de réus. Depois do recebimento da última denúncia, ainda foram realizadas outras quatro fases da Operação, que ainda não geraram ações penais e podem desencadear novos processos.
A Lava Jato perdeu o protagonismo e a unanimidade que tinha em anos anteriores, teve a força-tarefa desarticulada e não tem mais a figura de Sérgio Moro como símbolo na Justiça Federal. Mas a operação no Paraná ainda tem mais alguns anos de tramitação de processos e julgamento de seus denunciados até que possa se dizer que chegou ao final.
-
Órgão do TSE criado para monitorar redes sociais deu suporte a decisões para derrubar perfis
-
Relatório americano divulga censura e escancara caso do Brasil ao mundo
-
Mais de 400 atingidos: entenda a dimensão do relatório com as decisões sigilosas de Moraes
-
Lula afaga o MST e agro reage no Congresso; ouça o podcast
Reintegrado após afastamento, juiz da Lava Jato é alvo de nova denúncia no CNJ
Decisão de Moraes derrubou contas de deputado por banner de palestra com ministros do STF
Petrobras retoma fábrica de fertilizantes no Paraná
Alep aprova acordos para membros do MP que cometerem infrações de “menor gravidade”
Deixe sua opinião