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Mabel Canto está no primeiro mandato como deputada estadual
Mabel Canto está no primeiro mandato como deputada estadual| Foto: Orlando Kissner / Alep

Deputada estadual em primeiro mandato, a advogada Mabel Canto (PSC), chega ao segundo turno da disputa pela prefeitura de Ponta Grossa com a candidata mais votada nas eleições de 15 de novembro, com 37,27% dos votos válidos. Filha do ex-prefeito e ex-deputado Jocelito Canto, Mabel lidera, aos 35 anos uma candidatura que representa uma frente popular no município, contando com o apoio do deputado federal e segundo colocado nas últimas eleições municipais, Aliel Machado (PSB). Em entrevista à Gazeta do Povo, Mabel diz que sua candidatura reúne políticos de esquerda e de direita visando um mandato social, que priorize o atendimento às populações da periferia da cidade. Confira

Que avaliação faz do resultado do primeiro turno e o que muda na campanha para conseguir os votos necessários para a eleição?

O resultado do primeiro turno, primeiro demonstrou que a cidade quer uma prefeita, quer uma mulher sensível e corajosa para enfrentar os desafios que vêm pela frente nos próximos anos na cidade. Sensibilidade foi algo que eu sempre defendi para essa próxima gestão, muito mais que qualquer outra coisa, porque já tínhamos problemas sociais antes da pandemia, que pioraram agora com a crise. E acho também que o resultado do primeiro turno acabou mostrando que Ponta Grossa quer, efetivamente, uma mudança da gestão, pois quase 70% dos votos foram para candidatos que representavam a oposição ao atual governo da cidade. Estamos abertos ao diálogo, temos conversado com muitas pessoas, mas queremos conquistar, principalmente, os votos daqueles que acabaram não indo às urnas, que foram mais de 55 mil eleitores, porque entendo que esse eleitor é aquele que está descrente com a política no momento. E ele precisa entender que o voto dele tem o poder de mudar sua vida, a de sua família e de toda a coletividade. Estamos em busca destes votos porque entendemos que representamos a mudança efetiva e contamos com os votos dos eleitores dos demais candidatos, que também querem mudança na cidade.

A senhora enfrenta a vice-prefeita e a candidata do partido do governador Ratinho Junior. Teme a influência política e, até mesmo da máquina neste que é o único segundo turno do estado?

Já está acontecendo desde o primeiro turno, e isso é evidente. Muitas obras acontecendo no período de campanha e promessas do próprio governo do estado, como o de asfaltar 100% da cidade. Mas nós estamos fazendo uma campanha totalmente diferenciada. Uma campanha simples, sem fundo eleitoral, sem cabos eleitorais pagos. É, realmente, um novo modelo de politica que estamos instaurando e a população entendeu isso, tanto que me confirmou com o primeiro lugar no primeiro turno. Então, temos ciência das dificuldades de estarmos disputando contra duas máquinas, mas já fomos vencedores no primeiro turno.

E como é a sua relação com o governador Ratinho Junior? Caso a senhora derrote a candidata dele, como espera que o município seja atendido pelo governo do estado?

A prefeitura, o governo do estado, o governo federal, o Legislativo, todos têm que ter relações institucionais. São poderes independentes, mas que têm que se apoiar pelo bem da população. Eu sempre vou manter um bom relacionamento, com todos os poderes, especialmente com o governo do estado e o governo federal, porque precisamos de recursos que essas outras esferas podem nos repassar, mas também sabemos como Ponta Grossa é importante para o governo do estado. Somos uma das cidades que mais arrecada impostos para o estado. Do mesmo jeito que nós precisamos deles, eles precisam de nós. Então, a relação tem que ser institucional.

Como espera que o terceiro colocado, Márcio Pauliki (SD), vá se posicionar e como conquistar os votos do eleitor dele, independente da decisão que ele tomar?

Estamos aguardando uma decisão dele. Entendemos que um apoio dele e de seus aliados seria importante, tanto pela votação expressiva que teve, quanto pelas propostas de mudança que ele mesmo apresentou no primeiro turno. Então, queremos sim buscar o apoio dele e dos eleitores dele e já estamos conseguindo, antes mesmo de qualquer decisão oficial, atrair esses eleitores que votaram nele no primeiro turno porque querem mudança na cidade.

Já o PT declarou voto na senhora logo após o primeiro turno e a senhora foi a público recusar esse apoio. O eleitor do PT não vai achar, nas tuas propostas, nada que o atraia?

Vamos manter diálogo com todos, vamos fazer um governo para todos. O que aconteceu naquele momento foi que eu estava em uma reunião importante e fui bombardeada com muitas mensagens e publicações, inclusive do próprio prefeito e seus comissionados, dizendo que a gente havia feito uma grande coligação com o Partido dos Trabalhadores. Transformaram aquela declaração de voto em um ataque contra nós. E não havia nenhum diálogo, nenhum apoio formal do PT à nossa campanha. Mas eu respeito a todos, todas aquelas pessoas que quiserem aderir à nossa candidatura, somar ao nosso plano de governo, serão bem vindas.

Apesar desta recusa ao PT, há uma frente de esquerda ligada à sua candidatura, representada pelo PSB do deputado Aliel Machado, que abriu mão da candidatura para apoiá-la desde o início. Aliel tem origem político no movimento estudantil, foi eleito, pela primeira vez, pelo PC do B. Teu programa contempla bandeiras da esquerda?

Nossa campanha não é de esquerda nem de direita, é uma campanha pelo povo. Eu sou do PSC, que é um partido considerado de direita, mas temos uma coligação popular, de apoio popular, porque a gente entende que existem pautas para a população da cidade, pautas sociais e de emprego, principalmente, que são muito importantes. Não temos nenhum viés, eu não tenho nenhum posicionamento ideológico, os refuto, respeito o posicionamento das pessoas que estão na minha coligação, mas o meu posicionamento é de não ser de esquerda ou direita. As pessoas que estão comigo podem até ter posicionamentos ideológicos diferentes do meu, mas nos unimos pelo bem comum de construir algo melhor para a população de Ponta Grossa.

A senhora pode ser eleita prefeita 20 anos depois do encerramento do mandato de seu pai. O que a senhora levaria do Jocelito Canto para a gestão municipal e o que a senhora aprendeu com adversidades que ele enfrentou e que, por isso faria diferente?

Vou levar o diálogo, a simplicidade e, especialmente a sensibilidade que meu pai tinha no trato com a população, principalmente a população mais carente da nossa cidade, que é a que sabemos que demanda mais ações do poder público. É isso que quero levar para a minha gestão. Reconheço que teve alguns erros administrativos, que todo ser humano é sujeito a cometer. Estou preparada para evitar esses erros, sou advogada. Meu vice, Pietro (Arnaud), também é muito técnico, é professor de direito, tem ampla experiência na área pública. E vamos ter uma equipe técnica para pensar muito bem a cidade. Queremos ter muito diálogo com as instituições, porque a prefeita não pode decidir sozinha pontos importantes da cidade. Eu aprendi muito com os acertos e com os erros que meu pai teve e é por isso que estou tão preparada para ser a prefeita de Ponta Grossa.

Que avaliação a senhora faz dos oito anos de administração do prefeito Marcelo Rangel? Quais são as críticas, mas, também, quais os avanços que sua gestão pretende manter?

Acho que teve sim pontos positivos. Acho que a área da educação foi um ponto forte do governo dele. A questão da estruturação do aeroporto foi muito importante também, para a exploração do nosso potencial turístico. Mas, dos pontos negativos, acho que faltou muito diálogo por parte da administração. Poucas pessoas governaram. Foi um grupo muito fechado, que não ouviu a população, não ouviu as entidades e deixou, principalmente, os bairros mais afastados de Ponta Grossa em uma situação caótica. Vou ter muito trabalho pela frente pelo tanto que vi que precisa ser feito na área da saúde e nas obras nos bairros de Ponta Grossa.

Sei que agora, oito meses depois e com bem mais informações que no momento em que as decisões foram tomadas é mais fácil falar, mas como a senhora avalia a condução da cidade na pandemia? Se fosse prefeita, teria feito algo diferente?

O início da pandemia pegou todo mundo de surpresa. A gente ficou assustada sem saber o que fazer. A primeira medida foi fechar tudo de início, seguindo o que estava ocorrendo na Europa, que estava em outro momento da pandemia. Mas, eu mesma, defendi, naquele momento, que se fechasse tudo mesmo. Mas, posteriormente, vimos que foi uma medida precipitada, que poderíamos ficar com o comércio aberto por mais tempo no início da pandemia. Mas, a crítica que eu faço é à falta de diálogo. Não se ouviu os empresários. Os empresários acabaram tendo que demitir. Foi feito um levantamento e toda a empresa da cidade mandou, ao menos, um empregado embora. E isso dificulta a situação econômica da cidade. O abre e fecha do comércio, a mudança de horários, prejudicou muito. E não se teve o cuidado sanitário com os servidores da saúde. Faltaram EPIs, faltou atenção sanitária.

E para a retomada a partir de 2021, tanto na saúde, quanto na educação, como na economia, quais são suas propostas?

Diálogo. Eu prezo muito por essa palavra. Temos que manter isso sempre. Em relação à escolas, temos um calendário, uma data prevista, vamos cumprir esse calendário, mas vamos ouvir pais, profissionais de educação e autoridades sanitárias para construir um protocolo próprio que deixe todos seguros no momento da retomada das aulas presenciais. A mesma construção terá que ser feita com o setor empresarial, com o comércio de nossa cidade. A saúde será sempre o primeiro ponto a ser observado, mas temos que construir tudo com diálogo. E fechar o comércio repentinamente, sem diálogo, é um desserviço que a gente faz para toda a população. A retomada econômica tem que ser apoiando os empresários, que são os grande geradores de emprego. E penso que o setor do turismo, um dos mais afetados pela pandemia, vai ser a grande indústria da retomada econômica. Um setor que precisa de pouca coisa da prefeitura: infraestrutura.

Os próximos prefeitos também assumirão após o fim do auxílio emergencial da União, que é um recurso que estão ajudando muitas famílias que perderam renda na pandemia e, também está fazendo circular dinheiro nas cidades. Qual a sua proposta para a questão da renda e o atendimento social?

Temos que ter uma parceria forte com as instituições da nossa cidade, as entidades que fazem um grande trabalho e foram abandonadas pelo poder público. Também vamos ter um grupo de pessoas na área social para fazer com que essas pessoas que precisam do auxílio, têm direito aos benefícios ou são microempresários que podem acessar o microcrédito, sejam atendidos e tenha acesso a esses benefícios. E temos que fomentar o empresário para que eles gerem os empregos, diminuindo aí as contrapartidas necessárias da prefeitura.

Para a gente encerrar, o que diferencia sua candidatura da de sua adversária? O que Ponta Grossa só terá com Mabel Canto prefeita?

A força, a coragem e a sensibilidade de uma mulher que vem lutando muito pelas mulheres, pelas crianças, pelo diálogo, por mais oportunidades para as pessoas da nossa cidade. Tenho trabalhado muito, ouvido muito as pessoas. Eu e meu vice, Pietro, estamos muito preparados para assumir os problemas que virão pela frente. Sabemos que a máquina pública municipal vai precisar de muita responsabilidade nestes próximos anos, de gestão austera e econômica, que nós já fazemos em nossos mandatos e, acima de tudo, transparência em tudo que formos fazer em todos os setores da prefeitura. Nós, por exemplo, já demonstramos isso na campanha eleitoral. Não usamos o fundo, por entendermos que é um dinheiro que deveria ser aplicado diretamente em prol das pessoas, na saúde, educação, infraestrutura. E é esse mesmo comprometimento com o dinheiro público que vamos levar para a prefeitura.

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