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Foto: Marcelo Andrade/Arquivo/Gazeta do Povo
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Uma grande expectativa para o país e um grande salto para nossa economia, a implantação da rede 5G no Brasil vem se arrastando no tempo e nos atrasando na corrida tecnológica mundial. O aguardado leilão de radiofrequências para 5G, que se mostrava possível para o início de 2020, parece que vai se perdendo no calendário. A possibilidade dele para o próximo mês de março, especulado como data para o pontapé inicial do processo,  mostra-se cada vez mais improvável. A expectativa por parte do setor, agora, é a de que o leilão ocorra antes do fim do próximo ano, com condições de implementação da tecnologia ao longo de 2021.

Para o Brasil, ter uma rede 5G vai muito além da vantagem de oferecer apenas mais velocidade para o usuário.  Trata-se de um salto nunca antes visto que revolucionará as telecomunicações no país. Em rede com o mundo - a premissa é que em 2035 todo o planeta deverá ter o 5G implementado -, nossa economia poderia se beneficiar de uma geração de quase 50 trilhões de reais em bens e serviços.

Quando saltamos das redes 3G para 4G, a principal vantagem foi o ganho de velocidade. Essa velocidade de fato se dá pelo maior tráfego de dados transmitidos por segundo, o que, consequentemente, possibilita maior sofisticação do conteúdo disponibilizado. Vale lembrar que, para abrir espaço em radiofrequência na implementação e expansão rápida e eficiente da rede 4G, foi necessário o desmonte da rede analógica de televisão.

Com a tecnologia 5G, a quantidade de dados trafegados por segundo aumentará consideravelmente. No entanto, essa não será a principal vantagem que essa rede trará. A latência (tempo de resposta) oferecerá uma grande velocidade e uma baixíssima instabilidade, possibilitando o uso da internet de uma forma  nunca experimentada até agora. Para efeito de comparação, se imaginarmos uma banda de rock fazendo um show online, no qual cada integrante se encontra em um ponto do planeta, mas todos conectados a redes 5G, a junção dos sons dos instrumentos não sofrerá atraso nenhum e a melodia surgirá harmonizada para qualquer espectador que esteja assistindo ao espetáculo em qualquer lugar do mundo. Esse nível de estabilidade, e principalmente de tempo de resposta para possíveis instabilidades, é um dos grandes diferenciais que o 5G trará para todos.

Comercialmente, o 5G também impactará o consumidor e os produtos oferecidos a ele. Com a rede, não haverá mais necessidade de se ter banda larga fixa em casa. Ou seja, o consumidor final não precisará mais pagar a uma empresa para ter 100 megabits/segundo, uma vez que um celular com chip 5G funcionando como roteador poderá lhe oferecer um serviço infinitamente melhor.

Além disso, o 5G também pode representar a "facada" final nas TVs por assinatura (tanto a cabo como DTH – parabólica). Com acesso direto aos fornecedores online (Netflix, Amazon etc.), o consumidor manejará seu próprio acesso aos conteúdos sem precisar pagar por um serviço que oferece muito além do necessário e com menos mobilidade.

Avanço da tecnologia depende da atratividade do país aos investidores

Economicamente, o 5G também poderá render grandes receitas para o país. Enquanto o leilão do 4G gerou quase R$ 8 bilhões, o da rede 5G poderá chegar a quase o triplo deste valor.

Para atingirmos tais cifras, no entanto, o ambiente econômico do país precisará se mostrar promissor para os investidores. O mesmo deverá ocorrer com outras pendências, tais como o PLC 79, que precisam ser resolvidas o quanto antes.

O PLC 79, aliás, é o grande ponto que aumentará a atração do Brasil para investidores do 5G, pois trará estabilidade contratual para o setor. Hoje, a Lei Geral de Telecomunicações oferece 15 anos de outorga, com mais 15 anos de renovação, antes de a concessão retornar para a União. Com o PLC 79 aprovado, as renovações se tornarão ilimitadas a cada 15 anos, obedecendo às mesmas regras da televisão. Isso traria um fator essencial para alavancar investimentos de longo prazo: a previsibilidade. Então, quanto mais houver atrasos na questão do PLC 79, maior poderá ser a falta de confiança do investidor em colocar dinheiro no leilão do 5G. E este, naturalmente, poderá ser atrasado ainda mais se o ambiente de telecomunicações no Brasil não atingir a maturidade necessária por meio da aprovação rápida desse projeto.

É fácil entender que algumas empresas de telecomunicações não possuem capital para promoverem investimentos em larga escala em redes que suportem o 5G. Outras, no entanto, vêm se preparando há algum tempo para o suportarem e, inclusive, já promoveram vários testes de 5G ao longo dos últimos dois anos.

Independente da capacidade de entrega de uma empresa a seus consumidores, o PLC 79 e a implementação do 5G são avanços naturais para um país que quer ser grande, mas esbarra nas burocracias individuais das tomadas de decisão. Quanto mais o tempo passa, mais prejudicamos a conjunção de nosso futuro e contribuímos para a manutenção do atraso.

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