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A ideia de que Deus criou o homem em sua forma atual ainda é majoritária nos Estados Unidos, mas está em queda. (Imagem: Reprodução)
A ideia de que Deus criou o homem em sua forma atual ainda é majoritária nos Estados Unidos, mas está em queda. (Imagem: Reprodução)| Foto:

Desde 1982, o instituto de pesquisas Gallup pergunta aos norte-americanos qual a sua convicção a respeito da origem do ser humano. São apresentadas três alternativas: Deus criou os humanos em sua forma atual em algum ponto nos últimos 10 mil anos; O ser humano é fruto de um processo evolutivo que durou milhões de anos e foi guiado por Deus; O ser humano é fruto de um processo evolutivo que durou milhões de anos em que Deus não tem participação alguma. Podemos até argumentar que as opções são meio reducionistas, que há muitas nuances do que significa “guiado por Deus”, mas as alternativas do Gallup até que cobrem bem o espectro de opiniões sobre o tema.

A novidade é que o ponto de vista estritamente criacionista está em seu nível mais baixo desde o início da série histórica: ela tem o apoio de 38% dos entrevistados, empatando com a visão de um processo evolutivo guiado por Deus. A diferença é que, enquanto o criacionismo está em queda, a concepção da evolução guiada por Deus está em alta, apesar de ela já ter sido maior (teve 40% na virada do século). Se a tendência se mantiver, na próxima sondagem o criacionismo deixaria de ser a posição mais citada pela primeira vez. Já a concepção que exclui Deus do processo evolutivo tem 19% de apoio, mais que dobrando desde 1982.

O instituto fez recortes bem interessantes. Apesar de o criacionismo ainda liderar entre a média da população, ele perde para a evolução guiada por Deus entre pessoas com ensino superior completo (45% a 24%) e pós-graduação (45% a 21%), bem como entre católicos (45% a 37%), pessoas sem afiliação religiosa (29% a 9%; este é o único grupo em que a visão da evolução sem Deus é majoritária, com 57%) e pessoas que vão à igreja menos de uma vez por mês (40% a 21%).

Uma coisa que nós aprendemos no jornalismo é que pesquisas de opinião são retratos de momento. Claro que esse tipo de convicção não muda tão rápido quanto, por exemplo, preferências eleitorais. E uma coisa que nós aprendemos com o cardeal Ratzinger é que a verdade independe da opinião da maioria. Mesmo assim, os números são animadores, e não é à toa que o pessoal da Fundação BioLogos comemorou. Os números dão esperança de que cada vez mais gente se afaste de posições extremistas que rejeitam tanto a fé quanto a ciência.

ABC2 e Mackenzie

E, já que estamos no assunto das nossas origens, a Associação Brasileira de Cristãos na Ciência lançou uma nota sobre a criação do núcleo de pesquisa Discovery-Mackenzie. É um texto bem ponderado, que apresenta as diferentes vertentes desse tema com as instituições que as defendem e as iniciativas recentes para promover o diálogo entre elas nos Estados Unidos. Sem tomar partido por nenhuma posição específica, a ABC2 afirma, sim, que o material que difunde pende para a linha da “criação evolucionária”, que é a menos popular entre os protestantes brasileiros, mas que a instituição está aberta a defensores de todas as correntes, e por isso a entidade dá as boas-vindas ao núcleo do Mackenzie, esperando que ele não adote uma posição de isolamento e venha debater, ouvir as críticas ao Design Inteligente e respondê-las.

Pequeno merchan

Além de editor e blogueiro na Gazeta do Povo, também sou colunista de ciência e fé na revista católica O Mensageiro de Santo Antônio desde 2010. A editora vinculada à revista lançou o livro Bíblia e Natureza: os dois livros de Deus – reflexões sobre ciência e fé, uma compilação que reúne boa parte das colunas escritas por mim e por meus colegas Alexandre Zabot, Daniel Marques e Luan Galani ao longo de seis anos. O livro está disponível na loja on-line do Mensageiro, e provavelmente haverá eventos de lançamento que anunciarei aqui no blog, assim que definirmos datas e locais.

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