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Jérôme Lejeune foi um dos maiores geneticistas de sua época
Jérôme Lejeune foi um dos maiores geneticistas de sua época. O descobridor da causa da Síndrome de Down também era católico devoto e defensor da vida desde a concepção.| Foto: Jérôme Lejeune Foundation

Esta semana não é das mais felizes para quem luta pela dignidade da vida humana desde a concepção. Hoje, 22 de janeiro, é o aniversário de Roe v. Wade, a decisão de 1973 da Suprema Corte norte-americana que transformou o aborto em direito constitucional nos Estados Unidos. E ontem já ficou claro que o novo santo de devoção da imprensa mundial, São Joe Biden, pode até ir à missa e citar Santo Agostinho no discurso de posse, mas vai mesmo é recolocar os EUA na vanguarda da promoção global do aborto – mostrando que o cardeal Blaise Cupich deveria ter esperado um pouquinho antes de sair arrumando treta com o presidente da conferência episcopal americana, arcebispo José Gomez, cuja nota se revelou certeira mais cedo do que se poderia imaginar.

Mas o papa Francisco trouxe um raio de luz para esta semana ao reconhecer as “virtudes heroicas” de um cientista: o geneticista e pediatra Jérôme Lejeune, responsável por descobrir a ligação entre anomalias genéticas e certas doenças – foi ele, por exemplo, quem estabeleceu que a causa da Síndrome de Down era uma trissomia no cromossomo 21. O trabalho de Lejeune lhe rendeu diversas honrarias, prêmios na França e no exterior, posições de ensino em universidades e de consultoria em organizações internacionais.

Que o exemplo de Lejeune, católico devoto, cientista exemplar e pró-vida incansável, nos inspire e ajude nestes tempos em que o aborto vai fincando bandeiras mundo afora

Lejeune só não foi mais reconhecido em vida porque, mesmo sendo um cientista notável, entre os maiores em seu campo, também se comprometeu fortemente com a causa pró-vida, especialmente ao perceber o aumento do aborto eugênico, a eliminação de bebês portadores daquelas anomalias cuja causa o próprio Lejeune tinha descoberto. É bastante conhecido o episódio em que, logo depois de fazer um discurso duríssimo contra o aborto ao receber um prêmio em 1969, disse à esposa que “hoje, perdi meu Nobel de Medicina” – uma honraria que Lejeune certamente merecia, mas que de fato jamais recebeu.

Na segunda metade da década de 70, o geneticista se tornou próximo do então cardeal-arcebispo de Cracóvia, Karol Wojtyła, que se tornaria papa em 1978 e compartilhava com Lejeune a convicção sobre o grande mal que o aborto representava. Foi João Paulo II quem criou a Pontifícia Academia para a Vida e convidou Lejeune para ser seu primeiro presidente, um mandato que durou pouco, pois o cientista já lutava contra um câncer, falecendo em abril de 1994. Os estatutos e o juramento que Lejeune escreveu para ser prestado pelos membros da Academia foram infelizmente abolidos ou substituídos em 2016.

O processo de canonização de Lejeune foi enviado a Roma em 2012, ocasião em que ele passou a ser considerado “servo de Deus”. O decreto de virtudes heroicas marca o encerramento da fase de avaliação da vida e obra de Lejeune, que recebe também o título de “venerável”. Para a beatificação, no entanto, será preciso que a Congregação para as Causas dos Santos reconheça um milagre atribuído a sua intercessão. Intercessão de que precisamos hoje, mais do que nunca. Irlanda, Argentina, Coreia do Sul, aos poucos o aborto vai ficando bandeiras mundo afora, voltando a contar, a partir de agora, com a ajuda norte-americana. Que o exemplo de Lejeune, católico devoto, cientista exemplar e pró-vida incansável, nos inspire e ajude.

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