O primeiro latino-americano a receber o Prêmio Templeton, concedido anualmente a pessoas que fazem “uma contribuição excepcional para afirmar a dimensão espiritual da vida, seja por insights, descoberta ou trabalhos práticos” (na descrição da Fundação John Templeton), é brasileiro. O cosmólogo e físico teórico Marcelo Gleiser receberá 1,1 milhão de libras esterlinas (cerca de R$ 5,5 milhões) por seu trabalho na promoção de um diálogo saudável entre ciência, filosofia e religião.
Gleiser é professor na Universidade Dartmouth, nos Estados Unidos, e a inquietação com os limites e as limitações da ciência, a necessidade de compreender que a ciência não é a única fonte possível de conhecimento ou de busca pela verdade, já estavam presentes em seus primeiros livros para o público geral, mas esse esforço se intensificou nos últimos anos, seja em livros recentes como Criação imperfeita ou A ilha do conhecimento, seja na criação de um instituto, dentro da Universidade Dartmouth, para promover encontros interdisciplinares e estudar com profundidade aqueles temas que estão no limite entre a ciência, a filosofia e a fé.
Gleiser nasceu em família judaica, mas se define como agnóstico. Para o cientista, o ateísmo é uma posição que exige uma fé semelhante, se não igual, à de quem afirma a existência de Deus, e por isso o agnosticismo é uma posição que ele considera mais honesta intelectualmente. Enquanto demonstra respeito pelas religiões, Gleiser é um crítico do ateísmo militante, tanto por seu conteúdo quanto pelos métodos agressivos que emprega.
Marcelo Gleiser esteve em Curitiba em 2016, quando foi o principal convidado do Átrio dos Gentios, uma iniciativa do Vaticano cuja edição brasileira ocorreu na PUCPR. Na ocasião, ele participou de uma conversa com o cardeal Gianfranco Ravasi, diante de um teatro lotado a ponto de haver gente sentada no chão. Depois das palestras de ambos, tive a honra de ser um dos mediadores de uma sessão de perguntas e respostas feitas ao cientista e ao cardeal. Antes do evento, conversei com Gleiser, e o resultado foi esta entrevista.
Recesso do blog
O blog terá um recesso em que o blogueiro combinará licença-paternidade, folgas acumuladas e férias, voltando na segunda quinzena de maio. Pode haver um ou outro post durante esse período, mas será exceção.
Pequeno merchan
Além de editor e blogueiro na Gazeta do Povo, também fui colunista de ciência e fé na revista católica O Mensageiro de Santo Antônio entre 2010 e 2017. A editora vinculada à revista publicou o livro Bíblia e Natureza: os dois livros de Deus – reflexões sobre ciência e fé, uma compilação que reúne boa parte das colunas escritas por mim e por meus colegas Alexandre Zabot, Daniel Marques e Luan Galani ao longo de seis anos, tratando de temas como evolução, história, bioética, física e astronomia. O livro está disponível na loja on-line do Mensageiro.