Unidos pelo amor

Parentalidade se discute na rede? Saiba mais sobre as comunidades virtuais de criação de filhos

18/06/2021 12:00
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Hoje o nosso papo é sobre criação de filhos nas comunidades, mas primeiro vamos explicar que se entende por parentalidade o conjunto de valores e tarefas envolvidos na criação de uma criança. Isso pode ser exercido por mães e pais, mas também por avós, padrasto, madrasta, tios, cuidadores. O tema é assunto nos mais diversos grupos no Facebook.
Quem já cuidou de uma criança vai concordar comigo que na hora do sufoco é muito bom poder contar com alguém que confiamos para nos dar um conselho ou até mesmo acalmar nosso coração dizendo que está tudo bem, “é só uma fase que vai passar”.
As alegrias e angústias da criação de filhos também são assunto, e dos bons, em comunidades do Facebook, algumas até organizadas com profissionais de diversas áreas em sua moderação. Tudo para poder responder com propriedade as dúvidas das mamães e papais aflitos.
A Ohana Materna é um exemplo de comunidade que conta com mais de 12 mil membros. O grupo reúne 17 moderadores, sendo 16 mães e um pai, todos profissionais das mais diversas áreas ligados ao desenvolvimento infantil, saúde e questões jurídicas.
Cris Vasconcelos,<br>da Ohana.
Cris Vasconcelos,<br>da Ohana.
A Ohana nasceu quando vieram as inquietações de sua fundadora ao se tornar mãe. A Cris Vasconcelos criou o grupo em 2019 e hoje quer levar informação de forma acolhedora, empoderando as pessoas que confiam no grupo sua vivencia, medos e desafios na criação de seus filhos. Ela nos contou que dentro do seu grupo no Facebook, muitas mulheres encontram o apoio que precisaram em uma situação difícil. Como foi o caso da Tahyta Passos:
“Graças ao Ohana, eu pude encontrar afeto e informações para tornar meu maternar mais leve. Eu tive depressão pósparto, problemas com a amamentação, chegava a ter três crises de ansiedade por dia e vivia a insegurança de achar que não estava sendo suficiente para minha filha. No Ohana fui acolhida, minha dor foi validada, recebi informação com qualidade, empatia e pude buscar tratamento com segurança. Literalmente salvaram a minha vida, pois durante a depressão pós-parto eu cogitei tirar a minha vida muitas vezes. Hoje indico para todas as mulheres que vejo na rua.”
Motivada com o apoio que recebe do Facebook, a Cris já tem muitos planos de expandir e levar o nome Ohana a quem necessita, criar novas comunidades com foco voltado à gestação, ao parto e à paternidade, de forma exclusiva. "Nosso plano é criar uma central de acolhimento, aprendizado e recreação. Empoderar cada vez mais as famílias. Inclusive, fora do mundo virtual”, completa Cris.
Mariana Bicalho na sede do<br>Facebook, na Califórnia.
Mariana Bicalho na sede do<br>Facebook, na Califórnia.
Outra comunidade que acolhe as mães é o Mommys, um grupo que comemorou 10 anos, tem mais de 8 mil mães e é comandado pela Mariana Bicalho. Ela, inclusive, coleciona parcerias oficiais com o Facebook, além de ser a primeira líder brasileira certificada pela plataforma.
Mariana me contou que, quando começou, não fazia ideia da proporção que seu trabalho iria tomar até que as próprias Mommys começaram a agradecê-la pelo espaço. Ela não entendia bem essa reação das participantes, pois criou o grupo por uma necessidade própria e não fazia ideia do quanto aquelas conversas impactavam outras mulheres de forma positiva.
Mariana, essa colunista e<br>Henrique Lopes,<br>durante evento do<br>Facebook, em São<br>Paulo.
Mariana, essa colunista e<br>Henrique Lopes,<br>durante evento do<br>Facebook, em São<br>Paulo.
Logo no começo do grupo, Mariana promoveu um encontro em um buffet infantil (coisas que mommys entendem) e levou um baita susto quando uma das participantes a abraçou. Ela confessou que antes de participar, tinha a impressão de que a maternidade tinha acabado com a sua vaidade, e o fato de ter se arrumado para o encontro renasceu nela a vontade de ter o seu tempo com as amigas. Nesse momento, Mari entendeu que cada uma das mães ali presente passava por alguma dificuldade e que contar com o apoio de uma mulher passando pela mesma situação fazia tudo se tornar mais fácil. Coisas lindas de comunidades!
E não é que Dona Mariana viu nesses encontros uma possibilidade de empreender com o que começou apenas como um hobby? Logo o grupo ficou famoso em Belo Horizonte, por seus encontros e baladas apenas para mães chamados de Mommys Night. A última festa de 2019 contou com 900 participantes e teve show do Tatau (ex-Araketu), além da presença do DJ Henrique Lopes, famoso pelo Instagram da Gina Indelicada. A pandemia esfriou os encontros presenciais, mas trouxe muitas novidades no mundo online, como a Academia Mommys de empreendedorismo, que tem ajudado muitas mulheres a se reiventarem ou darem um up nos seus negócios.
Kelly MarFe, do Vilarejo<br>Materno.
Kelly MarFe, do Vilarejo<br>Materno.
Conversei também com a Kelly MarFe, que é líder de uma comunidade que nasceu durante a pandemia com a missão de atualizar e informar mulheres durante a fase da amamentação. Mas ela foi muito além. O Vilarejo Materno conta com 3,7 mil membros e quatro moderadoras. O nome vem de um provérbio africano que diz que é preciso um vilarejo para criar uma criança. O sentimento de pertencimento é muito forte e as participantes se chamam de vizinhas.
Kelly viu no ClubHouse uma oportunidade para alcançar mais mulheres e tem se destacado muito na nova rede. Inclusive, foi lá que que nasceu o Festival Materno, que trouxe à tona a diversidade no maternar das participantes e que uniu mais de 20 mil pessoas em uma semana de conversas nas principais redes sociais. Mesmo com pouco tempo de vida, o Vilarejo Materno já coleciona muitas histórias emocionantes, como a de uma participante que citou:
“O Vilarejo Materno para mim é renascimento. Quando encontrei o grupo, estava me sentindo uma filha perdida com um bebê no colo! Fui acolhida com um amor surreal e com muito aprendizado. Hoje, não vivo sem o vilarejo, pois a cada dia aprendo mais e mais!”
Enfim, as vizinhas fazem do Vilarejo um lugar mágico, finaliza Kelly com um suspiro de felicidade vendo a rede maravilhosa que formou, por meio de uma comunidade no Facebook. Ouvindo cada uma delas, me passou na cabeça a certeza de que a maternidade teria sido bem mais fácil para mim se, no meu tempo, existissem os grupos do Facebook. Ok, mas onde estão os pais neste mundo digital? Sim, eles existem e serão assunto do nosso próximo papo por aqui. Espero por vocês!