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Como líderes devem se comportar quando eles mesmos e seus liderados estão, há meses, tão exaustos?

Allan Costa

Allan Costa

Allan Costa é empreendedor, investidor-anjo, mentor, escritor, motociclista e palestrante em dois TEDx e em mais de 100 eventos por ano. Co-fundador do AAA Inovação, da Curitiba Angels e Diretor de Inovação da ISH Tecnologia. Mestre pela FGV e pela Lancaster University (UK), e AMP pela Harvard Business School.

Saúde mental

Como liderar em momentos de estresse e pressão

02/02/2021 09:00
Uma das grandes consequências de
momentos de incerteza é o aumento do estresse. Nós, como humanos, somos avessos
à incerteza. Gostamos de sentir que estamos no controle e planejar todos os
nossos passos.
O grande problema é que desde o início de 2020 estamos vivendo momentos extremamente incertos. Diferente de outras crises, a iniciada pelo novo coronavírus desencadeou não apenas uma crise econômica, mas também uma crise de saúde e, em muitos casos, uma crise política. Essa conjunção fez com que nossos níveis de estresse subissem exponencialmente, acompanhando a curva de casos do novo vírus.
Apesar da esperança trazida pelas
vacinas, 2021 parece um corredor escuro no qual não conseguimos enxergar
exatamente como será no final. No final das contas, parece que 2021 terá no
mínimo 24 meses.
Um grande questionamento que fazemos nesse contexto é: como líderes devem se comportar em momentos como esses, quando eles mesmos e seus liderados estão, há meses, tão exaustos?
Embora a incerteza seja um elemento
em comum entre a primeira e a segunda onda da pandemia, elas possuem algumas
diferenças entre si. Na primeira onda, diante de todas as novidades surgindo,
foi preciso buscar agir rápido em um ambiente em que ninguém parecia ter
certeza do que estava acontecendo. Foi o instinto de sobrevivência reagindo com
prontidão, dilatando nossas pupilas, disparando ondas de adrenalina que nos
prepararam para os dias duros que viriam.
O problema é que os dias viraram semanas, as semanas viraram meses e, no fim das contas, quando começamos a crer que o fim estava perto, veio a segunda onda. Agora, doses maiores de resiliência são necessárias. Ao invés de termos que necessariamente agir rápido por não conhecermos a pandemia, temos que buscar outras estratégias para criar capacidade de transformar a exceção em regra.
Em outras palavras, a vida e os negócios vão ter que continuar andando independente da segunda onda, ou de quantas outras vierem à frente — esperamos que não venham.
Para os líderes, é necessário levar cada vez mais em conta uma das palavras-chave para este século: saúde mental. Este é um assunto ainda tabu em muitas organizações, evidenciado pela pandemia.
Em um estudo liderado pelos autores
Timothy Wilson, David Reinhard e Erin Westgate, denominado “Basta pensar: os
desafios da mente desligada” (tradução livre), os especialistas descobriram que
soldados, por exemplo, ficam mais estressados em momentos de espera e de tédio
do que durante combates. E o momento atual já não é mais caracterizado pela
postura de guerra, mas por uma necessidade de aguardar o desenrolar de
situações que não estão exatamente sob nosso controle.
Líderes precisam levar a saúde mental a sério. Uma simples forma de começar a fazer isso é mostrando fragilidades, dúvidas e desconfortos. É natural que líderes queiram se mostrar figuras quase perfeitas e inatingíveis. Contudo, líderes capazes de mostrar suas próprias vulnerabilidades são percebidos como muito mais humanos pelos seus liderados, e isso faz toda a diferença.
A comunicação, nesses casos, é fundamental. Mesmo que um líder não tenha todas as respostas para o que está por vir — de fato, ninguém tem —, comunicar isso da forma mais clara possível é um elemento importante para o ganho de confiança. Podemos não saber as respostas quanto ao que vem pela frente. Mas devemos criar respostas para como enfrentaremos o caminho até lá. Isso eleva a confiança das tropas e a moral de todos os envolvidos. E liderar de forma eficaz tem tudo a ver com confiança.

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