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Faça coisas que não escalam: a importância dos começos pequenos

Allan Costa

Allan Costa

Allan Costa é empreendedor, investidor-anjo, mentor, escritor, motociclista e palestrante em dois TEDx e em mais de 100 eventos por ano. Co-fundador do AAA Inovação, da Curitiba Angels e Diretor de Inovação da ISH Tecnologia. Mestre pela FGV e pela Lancaster University (UK), e AMP pela Harvard Business School.

Product market fit

Faça coisas que não escalam: a importância dos começos pequenos

21/06/2022 16:21
Paul Graham, um dos fundadores da Y Combinator, a aceleradora de startups mais renomada do mundo, tem uma frase emblemática: Faça coisas que não escalam. Apesar de simples, essa frase traz lições poderosas - e não apenas para startups.
Tecnologias trazem um grande poder de escala para o negócio. Não é segredo que esta é a razão pela qual Amazon, Apple, Google Microsoft e Facebook se tornaram algumas das empresas mais valiosas do mundo. Quando pensamos em inovação, é comum pensarmos em quais modelos, processos ou tecnologias podemos adotar em nossos negócios para que ganhemos escala. Escalar nada mais é do que possuir ganhos desproporcionais entre aumento de crescimento ou receita e aumento de custos. Um cenário perseguido por praticamente qualquer gestor.
Quando pensamos em startups ou em novos produtos, é comum imaginarmos que bons negócios atingem escala em pouco tempo, já que o product market fit vem rápido. Isso nem sempre é verdade. Não é à toa que a primeira marcha de um carro é a mais pesada. Sair do 0 para o 1 é muito doloroso e custoso. E isso vale para os negócios.
Sair do 0 para o 1, para a primeira marcha, é a parte mais difícil. E é aqui onde muitos gestores imaginam que seus esforços não estão dando certo. E é assim que muitos projetos de inovação morrem. Não se deu o tempo necessário para que eles atingissem a primeira marcha, e então a segunda, e a terceira e assim por diante.
Muitas vezes isso acontece justamente por que gestores buscam escala em primeiro lugar. A escala é importante, sim, mas muitas vezes ela é necessária apenas em momentos posteriores de um projeto. Diversas startups hoje gigantescas começaram com processos nada escaláveis, como Stripe e Airbnb. No caso da Stripe, uma gigante de pagamentos, os fundadores da empresa iam atrás de clientes e instalavam os códigos necessários da aplicação na infraestrutura dos prospects manualmente, de forma artesanal.
Muitos gestores não gostam da ideia de fazer coisas que não escalam pois os números acabam sendo pequenos, de início. Adoramos as histórias sobre negócios que atingem milhões de clientes e milhões de dólares de receita em poucos anos. Números pequenos podem não ser tão empolgantes, mas podem trazer respostas e indicativos poderosos.
Tentar escalar um negócio que não está pronto para esse processo pode ser um grande problema: isso mata muito mais negócios do que as pessoas imaginam. A escala traz muitas vantagens, mas também muitos desafios.
Fazer coisas que não escalam é uma ótima maneira de testar de forma rápida e barata. Antes de colocar escala na jogada, é preciso saber se você apertou os botões corretos no seu produto, nos seus canais e assim por diante.
Lembre-se que tecnologia - e escala - são potencializadores. Se você possui um produto bom e processos bons, isso será potencializado. O mesmo acontece se o produto e os processos são ruins.
Muitos gestores subestimam a importância de se começar pequeno. Isso não significa que não devemos sonhar grande ou nos mover rápido. Fazer coisas que não escalam funciona até determinado ponto. A escala continua sim, sendo importante. Mas existem insights poderosos nas coisas que não escalam.

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