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A síndrome do impostor é a sensação de que não somos tão bons quanto os outros nos percebem. E como ela pode ser positiva?

Allan Costa

Allan Costa

Allan Costa é empreendedor, investidor-anjo, mentor, escritor, motociclista e palestrante em dois TEDx e em mais de 100 eventos por ano. Co-fundador do AAA Inovação, da Curitiba Angels e Diretor de Inovação da ISH Tecnologia. Mestre pela FGV e pela Lancaster University (UK), e AMP pela Harvard Business School.

Aprenda com o medo

O que é a síndrome do impostor e como tirar proveito dela

16/02/2021 09:00
Talvez você não conheça o termo, mas é bem provável que você já tenha vivenciado a síndrome do impostor. É a expressão que batizou uma sensação que por vezes sentimos, quando temos a impressão - ou, muitas vezes, a “certeza” - de que não somos tão bons quanto os outros nos percebem.
Essa síndrome acomete de especialistas a gênios, de pessoas que são sumidades em determinado assunto a pesquisadores que dedicaram suas vidas a entender determinados fenômenos. Se você já sentiu isso na pele, saiba que você está em boa companhia.
Gosto de refletir sobre a síndrome do impostor pois eu mesmo sinto essa sensação com alguma frequência. No final do ano passado, por exemplo, antes de começar a lecionar uma certificação em inovação e transformação digital, verifiquei a lista de inscritos no curso. E caramba, como tinha gente boa e competente, lideranças da área de inovação de grandes empresas transnacionais, gente com históricos impressionantes. E aí, foi inevitável: comecei a questionar o que seria que eu, afinal de contas, teria a contribuir com todas aquelas pessoas.
Nesse momento, meus anos de experiência, meu diploma de Harvard e minha vivência como diretor de inovação de uma empresa de tecnologia - a maior do Brasil no seu segmento - não tinham mais qualquer relevância. A forma que encontrei para calar aquela dúvida interna foi estudar tanto quanto eu podia, me preparar o máximo possível e dar o melhor em cada aula. O curso acabou sendo amplamente elogiado pelos participantes.
Mas por que o tema dessa semana resvalou nessa síndrome? Porque acredito que, se percebida dentro do contexto apropriado, essa síndrome pode ser positiva!
Primeiro, porque ela tende a nos fazer sentir medo. Medo de fracassar, de pisar na bola. E o medo, quando não imobiliza, é bom, porque nos impulsiona na direção do preparo. Cercar-se das melhores condições para nos tornarmos os melhores no que quer que estejamos fazendo.
Como no exemplo acima, no curso ao final do ano passado. Minha resposta ao medo foi estudar, refletir, me preparar. E o resultado veio! Talvez, sem a síndrome do impostor me atacando e sem o consequente frio na barriga, eu não tivesse me dedicado ao preparo com tanto afinco, e não teria tido um resultado tão satisfatório.
Segundo, porque ela nos faz permanecer humildes. Quando avaliamos nossas próprias virtudes diante do pânico trazido de não sermos suficientes para dar conta da situação que se apresenta, reduzimos significativamente nossa arrogância intelectual e colocamos os pés no chão no que se relaciona ao nosso real preparo e capacidade.
Isso tem um valor inestimável. Não questionar nossas próprias habilidades pode nos fazer perder o contato com o mundo real com a consequente derrocada para a arrogância. Por isso, a falta de humildade é uma maldição. Do outro lado, a capacidade de nos reavaliarmos de forma contínua é uma benção.
E, por último, a síndrome do impostor é positiva porque nos faz vulneráveis (salve, Brené Brown). Infelizmente, por décadas fomos levados a crer que bons profissionais, líderes de destaque, mulheres e homens de negócios, não poderiam se mostrar vulneráveis - o que em grande parte explica a própria proliferação da ideia de uma “síndrome do impostor”, já que ela decorre de um pânico extremo de falhar, e falhar nos torna vulneráveis.
Essa é uma das grandes barreiras do mundo corporativo que precisa ser derrubada. Mulheres e homens de negócios, líderes e bons profissionais em sua essência são seres humanos. E, como tal, são falíveis. Se entendermos que errar vez ou outra faz parte do processo, reduzimos o estresse envolvido em muitas situações, tiramos o medo de fracassar do contexto e, no final do dia, é isso que nos permitirá sermos cada vez melhores naquilo que fazemos. Sendo simplesmente nós mesmos, na nossa melhor - e possível - versão.

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