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Grand Canyon, para inspirar e alimentar a alma
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Não perca o pôr do sol no Grand Canyon, a paisagem muda completamente

Tinha quase que certeza que nada mais iria me surpreender depois de tantos lugares sensacionais que passamos por esse planeta a fora. Estava redondamente enganada. Como é bom se enganar assim! Aliás, eu estava duplamente enganada. Primeiro porque é muita pretensão a minha pensar que já vi tudo (sem ter explorado ainda o México e a América do Sul), além do que o melhor da vida é ser surpreendida (positivamente, é claro) e em segundo lugar porque estava convicta que os Estados Unidos não tinham muita coisa além do consumo desenfreado.

Não sei da onde tirei essa ideia, talvez pelas outras três vezes que estive aqui, mas na costa leste e como todo brasileiro ama comprar (mesmo sem dinheiro), o foco maior foi esse e comigo não diferente. Pois é maravilhosamente bom dizer que fui surpreendida sim por umas das coisas mais lindas que já vimos na viagem: o Grand Canyon. Na verdade, é bom fazer justiça, a costa oeste toda é sensacional. Tirei o chapéu e mordi a língua. Tomara que eu possa fazer isso muitas vezes ainda.

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Reserve pelo menos seis horas para aproveitar o Parque

Saímos de Vegas no final da manhã. Claro que paramos antes no outlet da saída da cidade e pegamos a estrada no meio da tarde. A estrada em direção ao Canyon já é uma atração à parte e se você tiver tempo, vale a pena dedicar um dia para ela e ir parando, por exemplo, na Hoover Dam, a mega represa que faz com que Vegas tenha energia para ser o que é, e o mais gosto é entrar em Kingman e fazer um dos trechos mais bem conservados da legendária Route 66. É uma viagem no tempo.

É comum o pensamento de, a partir de Las Vegas, fazer um bate e volta até o Grand Canyon. No entanto isso é praticamente impossível. O tempo de estrada é mais de 5 horas e o parque merece pelo menos uma tarde inteira, se não um dia todo. Fora que o Arizona proporciona paisagens sensacionais. O que pode ser feito para quem não tem muito tempo é pegar um dos tours de helicóptero que saem de Vegas ou ir de carro até o Grand Canyon West, que fica fora do Parque Nacional numa reserva indígena, a 195 milhas de distância de Vegas. Lá está a skywalk, uma passarela de vidro sob o Canyon. Os índios da tribo Hualapai que vivem ali resolveram abrir suas terras para o público em 1988 por motivos econômicos e assim criaram o Grand Canyon West. No caminho até lá existem alguns pontos de parada para conhecer as tribos e seu modo de vida e ainda é possível dormir por lá. Pode ser uma opção.

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É difícil acompanhar com os olhos a imensidão do Grand Canyon

Agora, para quem quer conhecer o Parque Nacional do Grand Canyon, a entrada clássica, tradicional é pela borda sul (South Rim) que está aberta todo o ano. A borda norte está aberta apenas de maio a outubro. Se você for bom no planejamento prévio, dentro do Parque existem alojamentos, hotéis que precisam ser reservados com até um ano de antecedência. Como nós não sabíamos e nem poderíamos planejar com tanta antecedência, escolhemos dormir numa das cidades perto, chamada Williams, conhecida como a porta de entrada para o Grand Canyon. A cidadezinha tem estilo faroeste e foi fundada em 1880 por Old Bill Williams e tem ainda uma parte da Route 66 com prédios que datam de 1800. É bem charmosa.

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Ônibus do Parque leva os visitantes para todos os mirantes de 15 em 15 minutos

Usando o Hotwire (site de busca de hotéis com bons descontos) ficamos num Days Inn razoável e no dia seguinte cedinho partimos por mais 100 km até o Parque. Quase optamos for fazer um passeio clássico e ir de trem até lá, chamado Grand Canyon Railway em funcionamento de 1901. Ele leva até o Parque (durante a viagem não se vê o Canyon) e depois de três horas, volta. Nossa ideia era ficar apenas uma noite ali na região e logo depois do Parque partir. Não foi suficiente. Voltamos exaustos porque o Canyon é gigante e então dormimos mais uma noite. A dica é ficar pelo menos duas noites. Menos que isso é besteira.

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A beleza é indescritível e a energia contagiante

Beleza sem fim
O Grand Canyon é o resultado de um processo geológico de tempo inimaginável numa combinação infinita de tamanho, cores e formatos. A quantidade de camadas de terra acusam a idade do local: 2 bilhões de anos. O rio Colorado que passa por entre as rochas tem 446 km, com 29 km de largura, 1,6 km de profundidade. Com essas dimensões ele ajudou a desenhar a região, que muitas vezes parece uma pintura – a paisagem é tão sublime que parece que o fundo é falso. Sabe quando vemos os filmes com uma tela infinita gigante atrás? É assim… os olhos não dão conta da imensidão. Uma das pinturas da natureza mais lindas que já presenciamos. Deixa qualquer obra de arte do Louvre ou do Prado no chinelo.

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Grand Canyon, Arizona

A entrada do Parque custa 25 dólares por carro ou 12 por pessoa e tinha uma filinha de carros. Nada assustador. Era fora de temporada e não tivemos grandes problemas. Estacionamos lá dentro e partimos para conhecer a maioria dos 12 mirantes com vistas sensacionais do Canyon, aquela que enche o olho de lágrima. Tinha inclusive uma moça chorando e deu para escutá-la dizendo ao marido aos prantos: “obrigada por me trazer aqui!” Totalmente compreensivo.

Alguns dos mirantes permitem o acesso de carro, mas é desnecessário porque eles têm uma estrutura de ônibus que leva o pessoal de mirante em mirante de 15 em 15 minutos (incluído no preço do ingresso). Além dos mirantes, as atividades lá em cima são inúmeras e para todos os tipos de disposição e bufunfa.

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Dá para explorar o parque de diversas maneiras. Bike, descida de mula (parece que são dez por dia, por isso reserve o quanto antes) passar a noite lá em baixo em lodges, acampar, trilhas a pé, passeio de bote pelo rafting pelo rio Colorado, tours de helicóptero… Nós ficamos no feijão com arroz mesmo dos mirantes. Vale muito a pensa pegar o entardecer no Parque e presenciar a mudança de luz nas rochas.

Links úteis:

*Revista com dicas de Williams e do Canyon

* Tours pelo Canyon

*Reservas nos lodges da borda sul

*Acampar no Grand Canyon

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A neve que faltava! Mammoth Mountain é uma boa pedida até na primavera

A neve que faltava!

Não podíamos terminar a viagem se num pouco de neve, mesmo no começo da primavera. Desde que saímos do Brasil tinha a vontade de aprender a esquiar e passar uns dias no friozinho de alguma montanha nevada. Quase não conseguimos por que pegamos verão em quase todos os lugares possíveis de ter neve e por incrível que pareça achamos um lugar sensacional para esquiar na Califórnia! Um estado conhecido pelo calor e por suas incríveis praias. Surpresas de viagem! A indicação foi do Felipe, nosso amigo de San Diego que conhece bem a região. Fomos então para Mammoth Lakes, na Sierra Nevada no condado de Mono finalmente esquiar!

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Seba descendo a pista mais alta da montanha!

A região ganhou em 2013 pelo Lonely Planet o melhor destino de ski! A cidadezinha é uma graça, estilo Gramado, mas com neve. O pico da montanha de Mammoth atinge 3369m de altura e costuma ter neve até meados de junho. A região é famosa por ter 300 dias de sol no ano. A estação de eski
tem muitas pistas, 28 lifts (cadeirinhas que te levam pro alto das pistas) e algumas pistas para iniciantes – o meu caso! Contratamos um professor por duas horas para eu pegar as principais dicas. Queria ter tentado o snowboard, mas uma passo de cada vez. Depois de alguns tombos e quase abraçar a árvore numa ridícula vídeo cassetada peguei o jeito e passei o resto da tarde me aventurando pelas pistas de iniciantes! Lóoogico! O Seba como já tinha esquiado antes foi mais ousado e pegou o snow e algumas pistas pretas! Maluco! Ainda me fez descer uma maior, um nível depois do iniciante. No meio dela, vendo a paisagem e a inclinação, tive vontade de chamar minha mãe e chorar! Caí muitas outras vezes e em alguns momentos quase não consegui levantar. Desci, mas voltei correndo para onde nunca devia ter saído! Beginers!!

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Me aventurando pela pista iniciante!

O dia seguinte não preciso dizer que descobri músculos que não sabia que existiam no meu corpo de tanto que doíam. Ficamos mais um dia para poder curtir mais o ski. Amei a experiência e espero voltar logo, quem sabem na América do Sul.

Depois da montanha seguimos para San Francisco (próximo post)! Pegamos o deserto e depois uma estrada lindíssima, cheia de neve (ela chegava na cintura e fazia muros de neve na estrada), desfiladeiros enormes, precipício mesmo, estreitíssima; dava frio na barriga. No deserto calculamos errado as distâncias e a gasolina e andamos uma boa parte da estrada no meio do nada com coisa nenhuma praticamente sem respirar com medo de ficarmos no caminho! E o pior, sem sinal de celular e a noite chegando! Um pouco de emoção não faz mal a ninguém, mas foi sofrido, hein? No final deu tudo certo. Mas não faça isso, ande sempre com o tanque cheio. As estradas ali são lindas, mas em muitos trechos longos não tem nada nem ninguém no caminho. Fica a dica!

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Estrada para San Francisco, deslumbrante paisagem!
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Estação de esqui em Mammoth Mountain
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Seba descendo a Mammoth Mountain
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Trecho da Route 66, Arizona
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Route 66 em Kingman, Arizona
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Deserto do Arizona e nada em volta! Nem posto de gasolina!
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Índios do Arizona
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O rio Colorado passa por entre as rochas e vai recortando a paisagem

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Nosso próximo destino: San Francisco!

Venha com a gente nessa viagem: raphaeseba@gmail.com e acesse Facebook

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