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Na terra dos dragões de Komodo
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Arquivo pessoal
Uma mordida dos dragões de Komodo pode ser fatal pela quantidade de bactérias em sua saliva

Antes de começar a viagem nunca havia ouvido falar em “Flores”, porém depois que iniciamos nossa aventura e a trocar ideias com muitos viajantes por aí, ficamos loucos pra conhecer. Flores é uma ilha próxima a Lombok, que faz parte das Ilhas de Sonda, cumpriiidaaa, primitiva, que recebeu colonização portuguesa e tem ainda resquícios de palavras da língua portuguesa adaptadas. Com uma população de maioria cristã, simples e pobre também, como em Lombok, Flores é a ilha mais próxima do Parque Nacional de Komodo, considerado patrimônio da humanidade pela UNESCO, que abriga mais de 5 mil dragões de komodo, lagartos gigantes e perigosos. Ano passado o Parque foi eleito uma das 7 maravilhas do mundo. Ufa! É um lugar riquíssimo em cultura e natureza e ainda pouco desenvolvido ao turismo!

Arquivo pessoal
A ilha de Flores é simples e pobre e não está desenvolvida para o turismo

Colonização portuguesa na Indonésia
A ilha de Flores recebeu colonização portuguesa assim como a Indonésia também. Os portugueses chegaram aqui em 1512, mas foram expulsos pelos holandeses. A chegada foi em Jakarta e depois seguiram para Flores e Timor.

Algumas palavras portuguesas como bangku (banco), gereja (igreja), passear (passear), meja (mesa), kapela (capela) entraram na língua indonésia. Em algumas cidades de Flores como Maumere, o vocabulário é mais extenso, como sandal (sandália), almari (armário), ose (você), kamija (camisa), e os dias da semana: tersa-fera, Kwarta-fera, kinta-fera, sesta-fera, sábado, domingo entre outras.

Acontecidos inesperados
Voamos de Bali a Flores porque não tínhamos disposição e tempo para enfrentar 24 horas entre ônibus e ferrys cruzando ilhas e porque a viagem que queríamos fazer de 4 dias de barco estava proibida por causa do tempo e ondas gigantes.

Chegamos ao aeroporto da cidade de Labuan Bajo, um vilarejozinho simples e ponto de referência para o Parque Nacional de Komodo. Já na chegada encontramos um hotelzinho por 10 USD a noite em frente ao píer e no dia seguinte saímos para mergulhar e conhecer os famosos Dragões de Komodo. Antes de entrar no quesito mergulho e dragões, preciso contar mais um percalço da viagem, da Ásia.

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Viagem de aventura e muita paciência

Estávamos dormindo, porém com a porta do quarto destrancada, e durante a noite alguém entrou no quarto e pegou dinheiro da carteira do Seba que estava na mesa em frente à cama. Soubemos apenas porque o Seba acordou durante a noite e viu a porta aberta. Na hora ele olhou e viu que estava tudo ali, carteira, celular, tablet, máquina, mas não checou o dinheiro. Dia seguinte quando fomos pagar o hotel, não havia dinheiro. Não foi muito, mas se pensarmos bem foi um absurdo. Estávamos dentro do quarto, dormindo, totalmente vulneráveis, expostos e tudo ali, disponível. Graças aos nossos anjinhos da guarda nada mais aconteceu. No dia seguinte fui falar com o dono e contar o ocorrido e a resposta dele pra mim foi: “mas por que você não trancou a porta?” Não dá vontade de matar? Quase voei no pescoço do homem, mas o absurdo era tão grande e a ignorância maior ainda que nem me desgastei. Minha intenção não era ter o dinheiro de volta, óbvio que não teria, mas simplesmente contar o que aconteceu dentro da espelunca dele. Ele não estava preocupado e a impressão que deu era de que não se surpreendeu com o fato.

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Só de olhar esse bicho feio dá medo! Eles correm até 32km por hora e uma fêmea tem de 15 a 30 ovos.

Entre mantas e dragões
Virada a página, acordamos com um dia chuvoso e feio, mas não podíamos esperar o sol aparecer e partimos num barco para mergulhar com muitas raias manta, visitar o Parque Nacional de Komodo e ver de perto seus gigantes dragões!

O mergulho foi inesquecível, apesar da chuva, porque foi a primeira vez que vi um peixe chamado Napoleão, lindo, azul, gigante, nadando tranquilamente na nossa frente. Infelizmente ainda não temos uma máquina fotográfica própria para mergulho O maior peixe que já vi na vida. Fácil tinha mais de 1,5 m de cumprimento e 1 de largura. Em seguida fomos para o lugar das “mantas” e mergulhamos em meio a elas, cerca 20 mantas que nadavam ao nosso redor. Encantador, sensacional!

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Entrada do Parque, em Rinca

O Parque é formado por algumas ilhas entre elas Rinca e Padar e mais 26 pequenas e tem um total de 1733km2. Acabamos descendo em Rinca e lá fizemos um rápido passeio e pudemos ver cerca de oito grandes assustadores dragões que são endêmicos e estão na lista vermelha das espécies em risco de extinção (a população não passa de 5500). Eles são extremamente perigosos, podem chegar a medir 3 metros de cumprimento e uma média de 90 kg. Podem viver até 50 anos, são rápidos e uma mordida pode ser fatal. A saliva possui muitas espécies de bactérias letais que causam graves infecções e morte. Conversando com o guia, alguns locais foram mordidos, outros faleceram e mais recentemente um guia local também havia sido contaminado e estava hospitalizado.

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Eles ficam perto da cozinha da vila a espera de comida

Existem algumas empresas que fazem tour pelas ilhas. Nós fizemos por conta própria e fechamos assim que chegamos. Mas aqui está o site de uma delas.

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Dois dos três lagos do Monte Kelimutu. Lindo demais!

Kelimutu
Nossa trip na ilha não terminou aqui. Partimos no dia seguinte para uma real aventura de bus pela ilha. Aventura porque as estradas são estreitas, com muitos deslizamentos de terra, pedras enormes no caminho pelas estradas – a chuva e a água que corre pela mata é abundante, e por isso a viagem é lenta e truncada. É preciso muita paciência e disposição. Pegamos um ônibus de Labuan Bajo até Ruteng. Ali esperamos mais de 2 horas até o outro ônibus chegar e nos levar até Bajawa. Nisso foram mais de 8 horas. Dormimos em Bajawa e no dia seguinte fomos até Moni, nosso objetivo (mais 5 horas de viagem): subir a montanha do vulcão sagrado do Kelimutu e ver os lagos de três cores.

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Terceiro dos três lagos coloridos do Kelimutu. Moradores locais dizem que são sagrados.

Para visitar o Kelimutu contratamos uns guias locais que nos levaram de moto até lá. Não é grande a caminhada, de fácil acesso e rápido. A vista dos lagos de três cores é indescritível. Os locais consideram o local sagrado. Eles acreditam que o espírito das pessoas que morrem vão para lá e se dividem nos lagos de acordo com a idade.

Dormimos duas noites na região do Kelimutu, em Moni, um vilarejo simples, e no dia seguinte pegamos mais um shuttle bus do amigo do vizinho que estava indo para Ende, onde precisávamos ir para pegar o avião para Bali. O ponto alto de Flores, além de tudo que descrevi é sem dúvida a paisagem. Apesar das curvas e horas intermináveis de viagem, a ilha é fonte inesgotável de água e pelas montanhas as cachoeiras jorram água. Rios, pedras, campos de arroz, vilarejos… pura natureza saltando aos olhos!

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De moto rumo ao Kelimutu
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Beleza sublime
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Terraços de arroz no caminho ao Kelimutu
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Perigos da estrada
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Belezas da estrada
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Nosso meio de transporte
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E assim elas fazem os sarongs…
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Parque Nacional de Komodo
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Só assim de longe!
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Eu e o figurino pós-mergulho fomos recebidos por esse lagarto gigante
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Lagos coloridos do Monte Kelimutu. Só pode ser sagrado!

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Nosso próximo destino: Austrália!
Venha com a gente nessa viagem: raphaeseba@gmail.com e acesse Facebook

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