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Lembranças que a comida nos traz
Lembranças que a comida nos traz| Foto: Pixabay

Foi rápido demais. Quase que não dá para acreditar. No dia em que você partiu acordei sem esperança de escutar que sairia do hospital.

Imagino que você saiba, havia uma corrente de orações de todos os lados e credos, mas alguma coisa nos escapou.

Você estava inteiro em tudo o que fazia, não imagina quanta gente sente a tua ausência e as homenagens são de tirar o fôlego.

Lembra quando disse que eu iria junto para Brasília se o convite para o ministério se concretizasse? Impossível eu falei, nepotismo, e rimos. Mas fiquei feliz em saber que acreditava que eu poderia te assessorar.

As diferenças de idade entre os primos são pequenas e você era o mais velho. Não se preocupe, não vamos falar sobre idade, até porque o teu lado moleque e sedutor encobria essa preocupação que imagino tirava teu sono. Pois, você não envelheceu.

Eu sentia que algumas coisas o incomodavam e o via às vezes disfarçar uma impaciência. Parecia faltar alguma coisa.

Você me seguiu na ioga, eu aprendi que deveria sim pensar no futuro. Consegui fazer uma previdência privada, foi um desafio.

Você tinha razão também em dizer que não podemos parar de trabalhar. Mais uma vez te escutei. E mesmo que a nossa convivência não estivesse tão próxima, era bom imaginar que você estava por perto. Como sei que lembrava dos tempos quando morou na Espanha preparando um gaspacho, publico a receita de um livro que sempre está na minha cozinha: A Refeição em Família (Amazon) porque reunir a família era o que você mais gostava.

Talvez estranhem uma receita de verão no inverno tão presente. É mesmo. Estranhamos também a morte. É difícil aceitá-la. É preciso aprender a lidar com a falta.

Para mim, gaspacho em qualquer temperatura e horário. "No pasa nada". É assim.

Primo querido, tenha certeza de que não vamos te esquecer. Vivemos de lembranças, neste caso, as boas lembranças que nos deixou. Foi isso que você disse no que agora entendo como uma despedida antecipada.

Nota: uma leitura em tempos difíceis "Novela de um Luto", da Noemi Jaffe, Companhia das Letras, é a indicação.

Gaspacho

Ferran Adrià
Tempo de preparo30 minutos
Rendimentopara duas pessoas
Preparofácil

Ingredientes

  • 4 tomates maduros
  • 1 pepino pequeno
  • 1 pimentão vermelho pequeno
  • 1 dente de alho
  • 1 cebola
  • 10g de pão branco sem casca
  • 3 colheres de sopa de azeite de oliva (mais uma quantidade extra para servir)
  • 4 colheres de sopa de água
  • 2 colheres de chá de vinagre de xerez
  • 40g de croutons
  1. Ferva o alho em uma panela pequena com água (faça isso umas três vezes, trocando a água).
  2. corte a cebola em quatro.
  3. descasque o pepino, corte ao meio e em pedaços grandes.
  4. corte o pimentão ao meio e remova as sementes e a estrutura branca (tire a pele se preferir).
  5. corte os tomates de quatro e coloque-os na tigela onde estão a cebola, o pepino e o pimentão.
  6. adicione o pão em pedaços e em seguida coloque a água por cima.
  7. processe tudo junto em um processador ou liquidificador.
  8. passe numa peneira fina, adicione o vinagre e o azeite.
  9. tempere com sal e pimenta-do-reino moída na hora.
  10. espere esfriar, regue com azeite de oliva e coloque os croutons.
  11. Opcional também é colocar 2 colheres de chá de maionese, iogurte, ou creme de mesa batido para dar mais cremosidade.
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