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Bruno Engler (PL) e Luísa Barreto (Novo) disputam voto da direita em Belo Horizonte (MG).
Bruno Engler (PL) e Luísa Barreto (Novo) disputam voto da direita em Belo Horizonte (MG).| Foto: Montagem Gazeta do Povo a partir de fotos de divulgação das assessorias de imprensa.

A seis meses das eleições, o cenário político em Belo Horizonte (MG) começa a tomar forma, ainda longe de ser definitivo. A lista de pré-candidatos à prefeitura da capital mineira é grande e, segundo sondagem do Instituto Paraná Pesquisas divulgada no fim de março*, entre os nomes que parecem estar na preferência do eleitor estão os deputados estaduais João Leite (PSDB) e Bruno Engler (PL), o senador Carlos Viana (Podemos), a deputada federal Duda Salabert (PDT), e o atual prefeito, Fuad Noman (PSD).

No início deste mês de abril, o ex-vice-governador Paulo Brant, recém-filiado ao PSB lançou pré-candidatura a prefeito em um dos pontos mais icônicos da cidade, o Mercado Central. Brant foi eleito vice-governador pelo Novo em 2018 com Romeu Zema na cabeça de chapa, mas rompeu com o governador e se filiou ao PSDB em 2021. Nas eleições de 2022, tentou reeleição como vice do também tucano Marcus Pestana e, diferente de Zema, apoiou Lula (PT) no segundo turno. Apesar de não ter aparecido em pesquisas, Brant chegou a afirmar em entrevista para a rádio O Tempo que seu principal adversário será Bruno Engler.

Bruno Engler despontou como liderança do movimento Direita Minas

Pré-candidato do PL, Engler tem as bençãos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e apoio de nomes importantes do partido. O deputado está em segundo mandato, tem 26 anos, é natural de Curitiba (PR) e despontou para a política como líder do movimento Direita Minas, ao lado de Nikolas Ferreira. Na eleição para prefeito de 2020, Bruno Engler foi candidato pelo PRTB e ficou em segundo lugar, obtendo 123.215 votos, equivalentes a 9,95% dos votos válidos, o que não foi suficiente para levar a eleição para o segundo turno, vencida então prefeito Alexandre Kalil com 784.307 votos (63,36% dos votos válidos).

Em 2022, Engler obteve 637.412 votos na eleição para deputado estadual. Do total, 187.741 dos eleitores foram de Belo Horizonte. Agora com uma campanha sem restrições de organizações de eventos – diferente do período pandêmico de 2020 - uma candidatura por um partido com mais recursos e tempo de TV, junto com o apoio ostensivo de Bolsonaro, a expectativa do pré-candidato é uma votação mais expressiva. E deve brigar pela vitória.

Outro fator que mostra força da campanha de Bruno Engler para este ano é a formação de alianças. Na eleição municipal anterior, por ter se candidatado pelo PRTB em chapa pura, Engler teve pouquíssimo tempo de televisão e sequer foi convidado para o único debate televisionado, que ocorreu na TV Bandeirantes no início da campanha.

Desta vez, o pré-candidato bolsonarista fechou aliança com o Progressistas, que junto com o PL lhe garantirá mais espaço e visibilidade, além de ser contemplado com recursos do fundo eleitoral. O Progressistas é o partido de Marcelo Aro, chefe da Casa Civil do governo de Minas Gerais, que possui no grupo político diversos líderes comunitários em Belo Horizonte. Apesar disso, nos bastidores o nome enfrenta resistência: ser "jovem demais" e não ter experiência no executivo são pontos questionados para a opção da direita em Belo Horizonte.

Partido de Zema aposta em Luísa Barreto para conquistar votos da direita em Belo Horizonte

Pelo Partido Novo, partido do governador mineiro Romeu Zema, está confirmada como pré-candidata na capital desde dezembro de 2023 a secretária estadual de Planejamento e Gestão (Seplag), Luísa Barreto. Ela chega com um currículo respeitável e experiência de urna.

Em 2020, Luísa disputou a cadeira da prefeitura pelo PSDB e obteve 17.161 votos (1,39% dos votos válidos). Além de estar à frente da Seplag, área da qual é servidora de carreira, entre dezembro de 2020 e março de 2021 Luísa assumiu a presidência da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais), tendo sido a primeira mulher a ocupar o cargo na história da empresa.

Entre colegas de trabalho e partido, Luísa é tida como extremamente técnica e competente. Ela está na coordenação do Comitê Gestor Pró-Brumadinho, que atua nas negociações referentes ao acidente ocorrido em janeiro de 2019. Em entrevista recente concedida à rádio O Tempo, Luísa afirmou que essa experiência de gestão é um dos diferenciais que pode trazer para a prefeitura, pontuando que, pela Secretaria de Planejamento, é responsável por coordenar um orçamento de quase R$ 150 milhões e 600 mil servidores no estado, cerca de dez vezes mais que o orçamento da prefeitura.

O presidente do diretório municipal do Novo, Frederico Papatella pontua que Luísa tem qualidades que são requisitadas pelo eleitor de Belo Horizonte. “Em pesquisas que estamos fazendo, Belo Horizonte exige uma pessoa com experiência, com entrega, com histórico, que tem habilidade política de conversar com todos os grupos políticos. A Luísa tem essa bagagem. Ela trabalhou na Assembleia Legislativa liderando 21 deputados estaduais e fez um excelente trabalho, está no governo Zema há cinco anos e isso demonstra uma capacidade de entrega e de coordenação de uma estrutura”, avalia ele.

Sobre uma possível chapa com o PL, Papatella diz que existe abertura para uma composição, mas pondera que a candidatura de Luísa é viável e atende ao que a população quer de um futuro prefeito. “Sempre estamos abertos a conversar, mas o que eu entendo é que se o PL quiser, pode vir conosco, a gente pode conversar e compor de alguma maneira. Mas a gente ir para o PL sendo vice, entendemos que não tem viabilidade”, responde.

O Novo pretende disputar a prefeitura de Belo Horizonte em chapa pura, com o ex-deputado federal Lucas Gonzales como vice.

Gonzales ocupa o cargo de secretário geral adjunto no governo de Minas e tem dois aspectos que podem ajudar tanto nas eleições quanto na governabilidade: apoio de uma base evangélica e proximidade com o vice-governador.

Novo mantém foco em formar bases

O presidente estadual do Novo, Christopher Laguna, afirmou que o partido deverá ter chapas de vereadores em todas as regiões do estado. Com mais de 150 comissões executivas espalhadas por Minas, Laguna é otimista. “Acreditamos que a maioria dessas cidades deverá ter chapas completas de vereadores e pelo menos 30 terão candidatos à prefeitura também”.

Os números são expressivos e dão um indicativo de que o partido pode ter superado a desilusão dos filiados nas eleições de 2020 no interior do estado, quando vários pré-candidatos que queriam disputar as eleições pela legenda não foram aprovados no rigoroso processo seletivo e migraram para outras siglas. Naquele ano, o Novo disputou a prefeitura apenas na capital mineira, onde o candidato Rodrigo Paiva recebeu 44.977 votos (3,63% dos votos válidos). Para a Câmara, o partido lançou candidatos em Belo Horizonte, Poços de Caldas, Contagem, Araxá, Juiz de Fora, elegendo apenas quatro vereadores: três na capital e um em Poços de Caldas, no sul de Minas. A busca de uma melhora de desempenho é um sinal da preocupação com a formação de uma base sólida, tendo no horizonte as disputas de 2026.

Entre as metas do partido está o trabalho para ocupar prefeituras de cidades relevantes como Contagem, na região metropolitana, e Juiz de Fora, na zona da mata. Nesta, o partido terá como principais adversários a atual prefeita Margarida Salomão (PT); a deputada federal Delegada Ione Barbosa (Avante) e Charlles Evangelista (PL), ex-deputado federal que terá o apoio de Bolsonaro.

De acordo com o presidente do diretório do Novo na cidade, Alessandro Oliveira, o nome de Elisabeth Jucá, secretária de Desenvolvimento Social de Zema, está no processo seletivo do partido, junto de outras três possibilidades. Também concorre Carlos Eduardo Amaral, que foi secretário da Saúde de Minas no período da pandemia. “O nome de destaque é ela (Elisabeth) mas temos outros três nomes igualmente capacitados para disputar a eleição majoritária”, afirma Oliveira. O Novo deve definir os rumos na cidade até o fim de abril.

Contagem, além de ser a segunda maior cidade da região metropolitana com mais de 620 mil habitantes, é a maior cidade do país governada pelo PT. Lá, o Novo irá apoiar o candidato do PL, Cabo Júnio Amaral. Segundo o presidente do diretório municipal, Márcio Bernardino, este foi um movimento natural. “É uma chapa PL-Novo, pode ser que outros partidos venham a agregar, mas é uma negociação futura. A gente está só com os dois partidos que já têm muita sinergia, muito alinhamento ideológico”.

Marília Campos, atual prefeita, disputará a reeleição em Contagem e tem uma longa história com o partido e a cidade. Eleita vereadora em 2000, foi prefeita por dois mandatos consecutivos (2004 – 2012), se elegeu deputada estadual em 2014 e 2018, voltando à prefeitura em 2020, com 51,35% dos votos no segundo turno. Bernardino pontua que a atual gestão do município, apesar do histórico, não tem sido bem avaliada. “Talvez a figura da prefeita tenha uma identidade com a cidade, eu acho que esse é um ponto forte dela. Mas a gestão tem sido bem criticada, principalmente no quesito mobilidade urbana, seguido da saúde. A avaliação positiva caiu bastante”.

O pré-candidato Junio Amaral corrobora a avaliação de Bernardino, e acredita que os efeitos de uma gestão do PT podem ajudá-lo na disputa. “Onde o PT governa, deixa rastros de destruição. Se existem exceções eu desconheço, mas essa é a regra. Em Contagem, há uma política do pão e circo que já cansou até mesmo as pessoas que se aproveitam desta política, porque quando ela vai recorrer ao sistema de saúde local, percebe a diferença gritante entre Contagem e Betim. Entre Contagem e Belo Horizonte, as pessoas brigam para ter endereço de cidades vizinhas para não ter que depender do serviço público municipal. Na educação, a mesma coisa, a dificuldade até mesmo com o básico de material dentro das escolas, dificuldade de vagas. É a péssima gestão do jeito PT de governar”.

Cabeça de chapa, Amaral enxerga o embate com a atual prefeita com otimismo. “Eu não diria um fator complicador, eu diria um fator motivador. A gente tem uma missão de gigantesca responsabilidade. Eu tenho convicção que nós temos chance de ‘levar essa fatura’ por alguns indicativos, como a vitória do Bolsonaro na cidade nos dois turnos nas últimas eleições, mesmo a máquina (da prefeitura) estando a favor do PT, e mesmo Minas Gerais, infelizmente, tendo dado Lula à frente por uma pequena vantagem. São indicativos que a direita está de coração aberto para receber um candidato do meu perfil”.

A indicação de vice deve ser do Novo em razão do acordo firmado no município. Bernardino chegou a ser cotado pelo capital político (em 2020, foi candidato a prefeito e ficou em 5º lugar, com 13.134 votos), mas responde que gostaria de uma mulher na chapa, já que isso pode ajudar no enfrentamento do PT em Contagem. “Eu gostaria muito de ver uma mulher como vice do Junio, não só por uma vantagem e diversidade, mas pela presença da mulher na política, que é algo que eu defendo bastante”.

*Metodologia da sondagem divulgada pelo Instituto Paraná Pesquisas: 1,2 mil entrevistados pessoalmente a partir de questionário estruturado, pelo DataTempo, entre os dias 26 e 30 de março de 2024. A pesquisa foi contratada pela Sempre Editora Ltda. Confiança: 95%. Margem de erro: 2,83 pontos percentuais. Registro no TSE nº MG-02336/2024.

Por que a Gazeta do Povo publica pesquisas eleitorais 

A Gazeta do Povo publica há anos todas as pesquisas de intenção de voto realizadas pelos principais institutos de opinião pública do país. As pesquisas de intenção de voto fazem uma leitura de momento, com base em amostras representativas da população.

Métodos de entrevistas, composição e número da amostra e até mesmo a forma como uma pergunta é feita são fatores que podem influenciar no resultado. Por isso é importante ficar atento às informações de metodologias, encontradas no fim das matérias da Gazeta do Povo sobre pesquisas eleitorais.

Pesquisas publicadas nas últimas eleições, por exemplo, apontaram discrepâncias relevantes em relação ao resultado apresentado na urna. Feitos esses apontamentos, a Gazeta do Povo considera que as pesquisas eleitorais, longe de serem uma previsão do resultado das eleições, são uma ferramenta de informação à disposição do leitor, já que os resultados divulgados têm potencial de influenciar decisões de partidos, de lideranças políticas e até mesmo os humores do mercado financeiro.

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