Uma parte fundamental da Música Popular Brasileira, com letras maiúsculas, se reúne no palco do Teatro Guaíra no dia 22 de julho. O “Encontro Marcado”, nome do show, vai colocar Flávio Venturini, a dupla Sá & Guarabyra e o grupo 14 Bis no palco de um dos espaços mais importantes da cultura do país. Juntos, vão desfilar uma lista interminável de clássicos assinados por eles mesmos: “Nascente”, “Me Faça um Favor”, “Linda Juventude”, “Noites com Sol”, “Dona”, “Espanhola”, “Criaturas da Noite”, “Todo Azul do Mar”, “Canção da América”... a lista é imensa e impressiona.

“Encontro Marcado” celebra os 40 anos de amizade dos músicos.
Antes de Curitiba, essa espécie de “jam session de luxo” da MPB estreou em Belo
Horizonte em 2019, antes da pandemia da covid-19. Foi na capital mineira que
nasceram o Clube da Esquina e parte das canções que estão no repertório do
show. A escolha do local foi mais do que justa.

A relação de Sá & Guarabyra com Flávio Venturini começou
nos anos 70, quando a dupla convidou o músico para participar do primeiro disco
deles sem a presença do compositor Zé Rodrix. Depois, veio a banda O Terço, da
qual Flávio também fez parte, em um primeiro momento do rock brasileiro. A
banda foi o embrião para o 14 Bis, que Flávio formou com seu irmão Cláudio
Venturini. O resto é história.

“Quando eu estava começando a tocar, fui para São Paulo ver
meu irmão Flávio, que já estava com o Sá & Guarabyra”, recorda Cláudio. “Sá
queria que eu fosse o guitarrista da banda, mas não me deixaram porque eu era
muito novo, só tinha 14 anos. Só fiquei sabendo disso muitos anos depois”, brinca.
A dupla foi o elo de ligação entre os artistas que se juntam agora, quatro décadas
depois, para o projeto.

Embora o repertório seja formado por canções já conhecidas
do público, “Espanhola”, de Flávio Venturini e Guarabyra, nunca foi tocada ou
gravada pelos dois juntos. “Quando fundamos o 14 Bis, [“Espanhola”] fazia parte
da fita demo que entregamos na EMI/Odeon. Foi imediatamente aceita pela gravadora,
que contratou o grupo”, destaca Flávio. “’Espanhola’ foi a primeira música que
fiz para o Flávio”, explica Guarabyra. “Ele tinha acabado de se mudar para São
Paulo quando me mostrou a composição. Escrevi a música de uma só vez, sem
voltar uma palavra. Estava pensando nessa menina. A espanhola da música é real”,
aponta.

“Imagina você ter amigos há mais de 40 anos e, depois de tanto
tempo, ter a oportunidade de se reunir para tocar e viajar. É isso que está
acontecendo agora!”, comemora Luis Carlos Sá, o “Sá” da dupla. Junto com o
diretor da Nó de Rosa, Gegê Lara, o compositor conduziu a realização do projeto.
“A ideia é irresistível porque, além de músicos competentes, são também
responsáveis por um repertório que acompanha gerações”, explica Gegê.