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O Brasil, por ser um dos maiores consumidores de cerveja no mundo, também estaria entre os principais países afetados. | Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo
O Brasil, por ser um dos maiores consumidores de cerveja no mundo, também estaria entre os principais países afetados.| Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo

Sua cerveja está em risco e a culpa é das mudanças climáticas. Vai ser mais difícil achar a bebida preferida de muitos brasileiros e ela também ficará mais cara - podendo até dobrar de preço nos piores cenários possíveis. A conclusão - alarmante para muitos- foi publicada nesta segunda (15), na revista Nature Plants.

A redução no abastecimento de cerveja está ligada à reação da cevada, o principal e mais tradicional ingrediente da bebida, a eventos extremos de calor e seca. Como esses tendem a aumentar com o avanço do aquecimento global, as fontes de cevada ficam ameaçadas.

Na pesquisa, os impactos do aquecimento global foram estudados em 34 regiões do mundo, a maior parte compostas por países com taxa significativa de produção, consumo e transações comerciais relacionadas à cevada ou cerveja.

Nos piores cenários possíveis, o decréscimo do abastecimento do grão fica entre 27% e 38% em alguns países europeus como a Alemanha, país tradicional ligado à bebida, e também na Bélgica e República Tcheca.

Os autores ressaltam que, quando se referem ao abastecimento, estão tratando de duas frentes. Uma delas é relacionada às perdas de plantações de cevada, que, segundo o estudo, poderiam variar de 3% a 17%.

As regiões do mundo que mais sofreriam perdas ligadas à plantação seriam na América do Sul, América Central e África Central. Ao mesmo tempo, as perdas na Europa são mais moderadas e em algumas regiões até mesmo apresentam aumento de produção, como em partes dos EUA e noroeste da Ásia.

O outro ponto importante seriam as variações que as mudanças climáticas poderiam ter sobre o bolso do querido leitor, o que está vinculado à disponibilidade do produto -como a cevada ficaria mais escassa, uma porcentagem maior dela poderia ser destinada, por exemplo, a alimentação de animais-, a dificuldade de manter as plantações e importações e exportações.

A pesquisa aponta que nos piores cenários de eventos extremos o preço da cerveja poderia dobrar e o consumo cair cerca de 16%. Essa queda equivaleria aproximadamente ao consumo de todos os EUA em 2011 (o ano usado como referência pelos autores).

Até mesmo em cenários menos severos o consumo de cerveja poderia diminuir 4% e os preços aumentar cerca de 15%. Um dos países mais afetados, segundo o estudo, seria a Irlanda, com elevações de preço entre 43% e 338% até 2099.

Já o Brasil, por ser um dos maiores consumidores de cerveja no mundo, também estaria entre os principais países afetados. No melhor cenário, a queda no consumo de cerveja ficaria em torno de 1%. No pior, a redução chega a 7% -cerca de 1 bilhão de litros a menos consumidos.

Se você quiser ver o copo meio cheio, a pesquisa não levou em conta possíveis avanços em técnicas agrícolas ou possíveis adaptações da agricultura futura às mudanças climáticas -que, de toda forma, acabam sendo limitadas, dependendo do tipo de evento extremo em curso.

No copo meio vazio temos insetos e doenças. Os modelos estatísticos usados pelos pesquisadores não levam em conta alguns dos problemas que podem ocorrer com as plantas em momentos de seca e grande calor e também não consideram a possibilidade de ocorrência simultânea de doenças e pragas -e com o aumento da temperatura, estudos apontam que o crescimento de insetos deve aumentar.

Os autores do trabalho reconhecem que esse está longe de ser o pior ou mais relevante efeito do aquecimento global. O menor consumo, em alguns casos, pode até ser benéfico para a saúde da população.

De toda forma, a arqueologia já demonstrou que o consumo de álcool (consequentemente de cerveja) permeou a história de diferentes culturas.

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