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Manoel Henrique Pereira Junior tem quase 30 máquinas agrícolas em um museu particular | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
Manoel Henrique Pereira Junior tem quase 30 máquinas agrícolas em um museu particular| Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo

Algumas pessoas colecionam selos, outras moedas e há quem colecione carros. Mas o senhor da foto ao lado tem outro hobby: ele compra, restaura e expõe máquinas agrícolas. São tantas que o barracão onde estão os veículos virou um museu particular.

A estrutura de dar inveja a muitos museus públicos fica em uma fazenda em Palmeira, a 100 km de Curitiba. Na entrada do galpão, ao ar livre, uma super máquina Fordson Major, de 1926, dá as boas-vindas ao visitante. Em uma sala estão expostos 13 tratores. Em outra, ao lado, mais oito. “Fora outras quatro que estou restaurando”, conta Manoel Henrique Pereira Junior, o senhor de todas essas máquinas. O valor histórico do acervo é levado a sério, a ponto de Pereira Junior ter improvisado um pequeno auditório, onde recebe escolas e faculdades.

Reparou o Junior no nome? Seu ‘Nonô Pereira’, falecido há dois anos, é lembrado pelo filho a todo instante, ao falar da fazenda e dos tratores expostos. “Meu pai começou esse trabalho comigo, em 1992, quando resolvemos restaurar e colocar aqui nossas máquinas antigas”, relembra.

Vídeo: O Senhor das Máquinas coloca trator para ‘rodar’ dentro do museu

O trator mais antigo da família é de 1949, um John Deere. Mas tem uma máquina por ali que qualquer barão do agronegócio gostaria de por as mãos: um Fordson 1917. E como todo bom curador de museu tem a identificação de cada peça, Pereira Junior mostra a ficha da máquina centenária: fábrica irlandesa, número de série dos Estados Unidos, capacidade de combustível de 79,5 litros, entre outros detalhes.

E o trator que veio de mais longe? “É um John Deere 820, que veio do Rio Grande do sul.” Muitos equipamentos chegam por meio de doações de gente que conhece o interesse da família em preservar a história.

E quando os tratores não estão funcionando para chegar à propriedade, são ‘guinchados’ até lá. A ‘folga’, porém, não dura muito tempo. Pereira Junior lembra que o Museu não é uma exposição de carcaças: as máquinas realmente funcionam. “Se não fosse assim, seria como colecionar garrafas de whisky vazias, não teria sentido. Como eu sei que não conseguiria guardar o conteúdo das garrafas, prefiro restaurar máquinas mesmo”, brinca.

As peças de restauração são, na maioria, importadas. “Às vezes o frete é mais caro que a peça”. Apesar de não ter formação superior, o filho de seu Nonô Pereira tem conhecimento de mecânica para nenhum engenheiro botar defeito. Ele se especializou através de livros e pesquisas na internet, e mostra um exemplar em inglês com centenas de páginas de explicações técnicas sobre diferentes modelos de tratores.

”Tenho respeito pela dedicação de todos que fizeram parte da história. Imagine por quantas mãos passaram essas máquinas. Sem passado não há futuro”, filosofa.

A paixão vem de berço. A fazenda que pertenceu a seu avô e está na terceira geração faz parte da história da agricultura do Paraná. No local houve o primeiro plantio direto na palha dos Campos Gerais, em meados do século 20, com equipamentos revolucionários para a época. Nas paredes do museu, troféus de reconhecimento e centenas de quadros comprovam tudo isso: de fotos com governadores a imagens da primeira máquina de plantio direto utilizada na fazenda, e pôsteres que fazem um paralelo de plantações em terrenos acidentados com erosões e com técnicas agrícolas modernas.

Apesar de a propriedade ter também atividade pecuária com a criação da raça bovina Santa Gertrudis, originária do Texas (EUA), e plantações de grãos como soja, se alguém perguntar a profissão a Pereira Junior, ele responde rápido: “Sou tratorista”. Poderia tranquilamente dizer produtor rural, fazendeiro, historiador, museólogo ou professor. Nós preferimos defini-lo, simplesmente, como o senhor das máquinas.

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