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Produtor Mario Wolff, de Nova Canaã do Norte, no Mato Grosso. | Hugo Harada/Gazeta do  Povo
Produtor Mario Wolff, de Nova Canaã do Norte, no Mato Grosso.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

A força do agronegócio nacional e das ações para ampliar a área de mata preservada, que hoje passa de 60% do território brasileiro, qualificam o país para ser um dos mais importantes atores em um cenário internacional no qual a preocupação com a produção de alimentos e a demanda por proteção ambiental são crescentes.

A imagem do segmento no exterior, no entanto, sofre com denúncias de corrupção ligadas a empresas do setor e com tentativas de alteração no Código Florestal que podem ameaçar a área de mata protegida do Brasil.

Para os participantes do debate sobre a imagem do agronegócio brasileiro no exterior no fórum “Agronegócio Sustentável”, promovido pela Folha de S.Paulo (14 e 15/09), o Brasil pode superar a imagem negativa ao mostrar seus acertos e as ações que corrigem distorções.

O evento, realizado na Associação Paulista de Supermercados, em São Paulo, foi patrocinado pela Apex Brasil, Banco do Brasil, governo de Goiás, governo de Mato Grosso e Bayer, e conta com apoio da Siemens e do governo de Mato Grosso do Sul.

De acordo com Roberto Jaguaribe, presidente da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), a imagem negativa tem origem, em grande parte, na visão do agronegócio pelo brasileiro médio, que nele enxerga problemas com a corrupção e atividades ilegais, como o trabalho escravo.

“Mas temos que combater esse pensamento com elementos da realidade desse setor, que conta com extraordinária competência tecnológica, dinamismo e potencial de penetração em mercados externos”, disse.

Segundo ele, a Apex deve iniciar, nas próximas semanas, um projeto que busca melhorar a imagem do agronegócio e o acesso a mercados hoje fechados para o país. A iniciativa deve contar com ações como o esclarecimento de informações falsas noticiadas no exterior e a promoção de eventos.

“O Brasil tem que ser mais ambicioso para ser mais competitivo”, afirmou Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente (2010-2016), durante o debate. “O país pode fazer mais rápido e mostrar para o mundo o rumo que deve seguir.”

Para isso, diz ela, é preciso ampliar o diálogo entre os setores público e privado.

A senadora Kátia Abreu, ex-ministra da Agricultura (2015-2016), Pecuária e Abastecimento, lembrou a importância da pesquisa brasileira, protagonizada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), no desenvolvimento de técnicas de manejo e tecnologias que causaram um aumento de produtividade único no mundo.

“Mas essa tecnologia, que permite produzir mais alimentos por pedaço de chão, ainda não está disponível para os pequenos produtores de todas as partes do país”, disse. Essa falta de acesso à tecnologia, segundo ela, está refletida nas taxas de desmatamento.

Proteção ambiental

Teixeira defendeu mais investigação e punição para práticas de desmatamento, dizendo que deveria haver uma Lava Jato para desmatamento da Amazônia - mas não só. “É preciso também disponibilizar alternativas de desenvolvimento sustentável para conciliar proteção e produção.”

Para Abreu, é preciso ainda desenvolver uma economia que contemple a mata preservada como forma de gerar lucro. “Enquanto uma árvore deitada valer mais do que uma árvore de pé, não há quem pare o desmatamento.”

O agronegócio deveria se expandir em sem ocupar novas áreas, mantendo a importância do setor e seu papel comercial, de acordo com Ciro Campos, analista socioambiental do ISA (Instituto Socioambiental). “Em 70% das áreas desmatadas na Amazônia é praticada uma agricultura de baixíssima produtividade”, afirmou.

Segundo Campos, os avanços na agricultura de baixo carbono e na preservação das florestas não eliminaram completamente os riscos de que o desmatamento volte a aumentar.

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