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Airbus A320 da Germanwings que caiu no sul da França (Foto: Olivier Mouhot / Flickr Commons)
Airbus A320 da Germanwings que caiu no sul da França (Foto: Olivier Mouhot / Flickr Commons)| Foto:
Em menos de 48 horas após o acidente com o avião da Germanwings, o contéudo da caixa-preta de voz já era conhecido (Foto: Divulgação / BEA)

Em menos de 48 horas após o acidente com o avião da Germanwings, o contéudo da caixa-preta de voz já era conhecido (Foto: Divulgação / BEA)

Menos de duas semanas se passaram desde que o Airbus A320 da Germanwings caiu sobre os Alpes franceses, matando 150 pessoas. Em tão pouco tempo, porém, sabe-se muito sobre o que ocorreu a bordo e o que, ou quem, provavelmente, causou a tragédia.

É muito raro em casos de acidentes aéreos que respostas tão claras apareçam rapidamente, como tem sido dessa vez. Em menos de dois dias, era público o teor da caixa-preta de voz (CVR). Uma semana mais tarde, mal havia sido recuperada, a caixa-preta de dados (FDR) corroborava que o copiloto Andreas Lubitz jogara intencionalmente o avião nas montanhas.

Essa velocidade excessiva vai de encontro com o ritmo natural nas investigações de desastres aéreos. Os órgãos aeronáuticos responsáveis pelas investigações prezam, ou deveriam prezar, pelas informações e o consequente cuidado com vazamentos. Não foi o que aconteceu na França.

O BEA (Bureau d’Enquêtes et d’Analyses, em francês), o equivalente ao Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos) no Brasil, é quem assumiu a investigação, já que o acidente ocorreu em local sob jurisdição da França. E de lá vazou o conteúdo da caixa-preta de voz para a imprensa.

O conteúdo da caixa-preta de dados era conhecido em menos de 24 horas depois de ter sido recuperada (Foto: Divulgação / BEA)

O conteúdo da caixa-preta de dados era conhecido em menos de 24 horas depois de ter sido recuperada (Foto: Divulgação / BEA)

Uma aberração. E que serviu exclusivamente para a condenação pública do copiloto, retirando de contexto qualquer outro fato que possa ter contribuído para a tragédia. Uma investigação de acidente aéreo, do ponto de vista aeronáutico, aponta fatores contribuintes e não culpados, e tem o objetivo exclusivo de evitar novos desastres de mesma natureza. O que torna ainda mais condenável a atitude do BEA de liberar informações sensíveis.

Claro que há outra investigação, esta criminal, em andamento. Essa vai apontar culpados e que vai determinar valores de indenizações para as famílias das vítimas. Era esperado que dali vazassem informações.

A rapidez de tudo isso, obviamente, abre espaço para os adeptos de teorias da conspiração. Com todo o foco voltado para o copiloto, a opinião pública tiraria os olhos sobre a Airbus, por exemplo. Um defeito de fabricação poderia ter causado o acidente, mas teria sido encoberto para livrar a gigante europeia.

Há quem diga que o teor das caixas-pretas divulgado seria armação. Nada daquilo seria verdade. Ou que o vídeo gravado por um dos passageiros sequer existiria. Tudo criado para culpar o copiloto e esconder o que realmente teria acontecido com o Airbus A320 da Germanwings.

Outros começaram a dizer que a Lufthansa só repassava aviões velhos para a subsidiária Germanwings, e que isso mostraria uma irresponsabilidade com a segurança de voo. E que poderia ter causado o acidente.

Tudo no condicional, é claro.

Pois bem, não acredito nessas teorias da conspiração, nem acredito que a ação isolada do copiloto enquanto esteve sozinho na cabine de comando tenha causado a tragédia. O que levou (o motivo) Andreas Lubitz a fazer o que possivelmente fez, sem o conhecimento das autoridades e da Germanwings e da Lufthansa, é o mais importante.

Esperemos o relatório final do BEA, que mesmo apressado, tem credibilidade. Vai apontar o que aconteceu, de que forma aconteceu e como não acontecer novamente.

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