Kéfera, você (ainda) não é boa – e seu filme consegue ser pior

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Faz exatamente 11 dias que a youtuber Kéfera Buchmann deu um salto em sua carreira – e talvez ela não tenha se dado conta disto. Com o lançamento de “É Fada!” em cerca de 650 salas de cinema de todo o Brasil – após várias sessões lotadas de pré-estreia nas semanas anteriores -, a curitibana fez sua estreia nas telonas, mas com um produto que consegue ser pior que sua postura.

Envolvida em acusações (por parte dos internautas) de racismo em uma paródia ou até mesmo de comemorar por voltar viva de Paris (logo depois da tragédia no Bataclan), Kéfera não se tocou que precisava descer do salto. Infelizmente, a fama parece ter subido um pouco a sua mente, até mesmo porque acabou se envolvendo uma produção que conseguiu reunir os piores elementos possíveis.

A começar pela trama. Julia (Klara Castanho, em atuação deplorável) acaba de mudar de escola e é a nova missão da fada Geraldine (Kéfera, que poderia ter emprestado o próprio nome para a personagem – que seria mais verdadeiro), que precisa ajudar a pequena a ter novas amizades e vencer preconceitos.

Simples? Inspirado na obra homônima de Thalita Rebouças (que deve ter chorado com uma tragédia tão grande na telona), o longa se perde logo no começo. Kéfera está dando dicas a Luiz Felipe Scolari, durante a partida em que o Brasil perde para a Alemanha por 7 a 1. Choque? Calma, a bomba só está começando.

A seguir, o que vemos é uma Kéfera sendo Kéfera. Fada Geraldine? Não mesmo. É a curitibana como conhecemos no Youtube – exagerada, gritando, mexendo os braços demais. Portanto, aqui é o único ponto positivo que podemos dizer sobre a produção: se você é fã dela, vai amar a sessão cinema. Vai valer a pena gastar os 13 reais de ingresso (que eu gastei e saí bufando do cinema). Vai até se divertir com a música-clipe em que ela gravou para os créditos finais. Caso contrário – se não imaginar nem quem seja esta menina que tem 9 milhões de inscritos no YouTube -, fique em casa dormindo.

> Confira o trailer (assustador) de “É Fada!”

Outro aspecto que é assustador é a parte técnica. Efeitos especiais fraquíssimos, cenografia desconexa e atores muito mal escolhidos. Nem parece que Daniel Filho (de “Se Eu Fosse Você” e tantos outros sucessos nacionais, e que assina a produção) pisou naquele estúdio.

Em meio ao trem desgovernado que “É Fada” se sustenta, o roteiro parece lido pelos atores. O que salva – um pouco – é a postura de Kéfera em cena, com suas sacadas. Como não me agrada o trabalho da curitibana, eu apenas consegui voltar chocado para casa.

É assustador como a curitibana conseguiu se meter em uma fria tão grande. Ao mesmo tempo, faz muito sentido: não consigo imaginar nenhum gênero e trama de filme em que ela conseguiria ser a exagerada e teatral  menina que vemos na web. Afinal, comédia é o que ela sabe fazer no dia a dia.

“É Fada!” conquistou R$ 5 milhões em bilheteria na primeira semana. O motivo? Sem dúvida, seu imenso fã-clube mirim. Qualidade? Longe disso.

A prova de fogo da (agora) atriz será em novembro. No dia 17, ela lança um novo filme – “O Amor de Catarina” – agora sob a batuca de Gil Baroni, em um drama denso. Sua carreira pode estar por um fio, e é esperar para que consiga mostrar ao mundo que consegue fazer outros gêneros. Vamos ver.

> Veja o trailer de “O Amor de Catarina”