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Um tour que vai do Maranhão ao Jalapão, no Tocantins
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Ana Biselli e Rodrigo Junqueira

Semana movimentada na rota dos 1000 dias. Estamos em uma das regiões onde nem o Luz para Todos conseguiu chegar, das mais distantes e esquecidas do país. Alto Parnaíba é a última cidade aonde o asfalto chega no sul do Maranhão. Região de produção agrícola intensa, de soja, algodão e milho. É também uma das principais regiões responsáveis pela contaminação das nascentes do Rio Parnaíba por agrotóxicos, que também ocorre nos arredores baianos do parque.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Acolhida na comunidade do Riozinho, durante a travessia do Parque Narcional das Nascentes do Rio Parnaíba.

Formado em 2002, o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba possui uma área de aproximadamente 730 mil hectares, abrangendo 4 estados brasileiros, o extremo sul do Maranhão e Piauí, norte do Tocantins e noroeste da Bahia.
Estudando as possíveis rotas entre a Chapada das Mesas e o Jalapão, descobrimos que há uma estrada que cruza este parque, então, por que não unir o útil ao agradável? A estrada está bem marcada no Guia Rodoviário, o que não garante nada, mas já é um bom começo. Nosso GPS também conseguia calcular uma rota por uma estrada muito semelhante à do mapa consultado.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Estrada quase inexistente entre o Maranhão e Tocantins.

Entretanto cruzamos as chapadas por uma estrada praticamente inexistente, abrindo caminho com a Fiona direto e reto em direção à divisa do Maranhão e Tocantins. Atravessamos areais, cerrados, erosões imensas, longe de tudo e todos. Nenhum sinal de civilização em um raio de 50 km entre campos e cerrados, com a estrada quase desaparecendo. Duzentos quilômetros e um dia depois chegamos ao topo de uma nova chapada. Novos horizontes, começamos a reconhecer uma das chapadas que víamos do alto, era o maciço do Espírito Santo.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Vista do Mirante do Jalapão, maciço do Espírito Santo.

O Jalapão é conhecido como um dos mais exóticos destinos turísticos do Brasil, atraindo aventureiros e ecoturistas de todas as partes do país. É conhecido como deserto do Jalapão, possui esta denominação devido à sua densidade populacional, a menor do país. A infraestrutura ainda é precária, o celular e a internet só chegaram no ano passado e os supermercados possuem o básico do básico. A cidade mais conhecida como base para explorar a região é Mateiros.
São Félix do Tocantins, mais conhecido como São Félix do Jalapão, é apenas uma passagem para a maioria dos turistas que vem de Palmas para cá. Esta cidade, porém, também possui seus atrativos turísticos.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Fervedouro do Alecrim, São Félix do Tocantins, no Jalapão.

Fervedouros são relativamente comuns por aqui, uma ressurgência de água com uma pressão tão grande, areias rosadas e tão finas que só fazem “rebolar”. “Fervedouros de verdade são os que rebolam”, nos disse um morador da região. Quando perguntamos quantos deles existem, este morador nos disse serem mais de 20 fervedouros, em cada sítio ou terreno pode-se encontrar algum. Lá na casa dele mesmo tem, mas a pressão é menor, então a areia não borbulha. Há 5 minutos de São Félix fica o Fervedouro do Alecrim, um dos mais bonitos da região. O mais conhecido deles fica há 30 km de Mateiros, perto do povoado de Mumbuca.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Cachoeira do Prata no município de São Félix do Tocantins.

Ainda na região de São Félix fica a Cachoeira do Prata. Nesta época, final de inverno, ela possui um grande volume de água, mas apenas 5 minutos de caminhada rio acima você chega a uma área usada como praia pela Comunidade do Prata. Dentre as belezas aquáticas do Jalapão uma que não pode faltar é a Cachoeira do Formiga. Uma água completamente transparente, um poço delicioso que mais parece um aquário e um turbilhão de bolhas perfeito para uma hidromassagem.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Águas transparentes da Cachoeira do Formiga, Jalapão.

Já nas belezas terrestres, não podem faltar duas das principais atrações do Jalapão: o Maciço do Espírito Santo e as Dunas. Chapadas imensas com paredões coloridos entre cerrados, capins dourados e sempre vivas. O processo de erosão do maciço Espírito Santo está acontecendo em uma velocidade impressionante, o que parece quase um desastre da natureza, ao mesmo tempo forma uma das paisagens mais maravilhosas do Jalapão.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Ana e Rodrigo no Mirante do Jalapão, maciço do Espírito Santo.

Uma montanha escarpada colorida de vermelho, amarelo e branco, tons mais escuros e veias desgastadas pelo vento. O desgaste desta encosta arenítica forma abaixo delas as famosas dunas do Jalapão. Avermelhadas, elas sugerem finalmente a imagem de deserto que fazemos da região. Um riacho que logo à frente vai encontrar o Rio Novo, forma um pequeno oásis na base das dunas. Ali vemos ao vivo e a cores o processo geológico de erosão do maciço e formação das dunas.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Prainha do Rio Novo, Jalapão.

Despedimo-nos do Jalapão acampando na Prainha do Rio Novo, que está em uma localização estratégica, ao lado da Cachoeira da Velha. Uma grande queda d´água, belíssima, com o Espírito Santo ao fundo. Foi construída uma passarela suspensa sobre o capim dourado e as sempre vivas, estrutura que certamente facilitou o acesso.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Cachoeira da Velha, formada pelo Rio Novo.

Já no caminho para Palmas passamos por Ponte Alta, o portal de entrada para o Jalapão. Seria para nós apenas uma cidade de passagem, paramos apenas para fotografar a antiga ponte, construída em 1968, quando vimos um show de saltos e malabarismos. O Rodrigo não pôde deixar de experimentar.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Garotos fazem malabarismos e saltam da antiga ponte em Ponte Alta, no Tocantins.

Palmas é a mais nova capital brasileira e comemorou seu 22° aniversário no último dia 20. Construída para sediar o governo do Tocantins, é uma cidade planejada nos mesmos moldes de Brasília, linhas retas, setores, quadras, ruas numeradas conhecidas como alamedas. A Praça dos Girassóis é a maior praça do mundo, construída no centro do croqui para ser a sede do governo. Lá da praça conseguimos visualizar ao longe a represa da Usina Hidrelétrica de Lajeado, formada pelo Rio Tocantins.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Palácio do Governo, na Praça dos Girassóis, maior praça do mundo, em Palmas, TO.

Os principais atrativos turísticos de Palmas são suas praias. Às margens do Rio Tocantins ficam as praias do Cajú, Prata e Graciosa. A primeira é a mais popular, com várias barracas na areia à beira do rio, todas lotadas e animadas pelas bandas de brega e competições de forró. Já havíamos sido alertados: “Cuidado com as piranhas” que todos os finais de semana saem nos noticiários, por atacar os turistas. Esta praia não possui rede de proteção, como a Prata ou a Graciosa. Elas não tem dó, mas os banhistas também não tem medo!

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Pôr do sol no Rio Tocantins, Praia do Prata, Palmas.

A cidade tinha 137 mil habitantes em 2000 e hoje está acima dos 223 mil, dados do último censo. Um crescimento de 61,4%, 4 vezes maior que a média das capitais brasileiras, 15,05%. Palmas é a cidade do crescimento populacional, a capital verde, orgulhosa por suas áreas planejadamente preservadas, a capital da oportunidade.
Próxima Semana
Na próxima semana seguiremos na direção sul, para o estado de Goiás. Antes ainda iremos explorar cachoeiras de Taquaruçú na região serrana de Palmas, a cidade histórica de Natividade, o Rio Azuis – o menor rio do mundo, até chegar à São Domingos, cidade base do Parque Estadual da Terra Ronca.

Veja as aventudas do nossos viajantes no site.

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