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Foto de segunda-feira da Arena

A ainda opaca operação Copa-2014 em Curitiba ganhou mais um feixe de luz nesta terça-feira, com a divulgação pela Folha de S. Paulo de trechos de um relatório da Fifa sobre os estádios para o Mundial. O estudo foi feito por Charles Botta, consultor especial da Fifa para estádios, e pela Arena, empresa contratada pelo Comitê brasileiro para supervisionar as obras. O documento, de 1º de maio, trata das 12 subsedes. Aponta Fortaleza como a única no prazo e cinco delas com risco de não entregar o estádio – Natal é a que apresenta maior atraso.

Sobre a Arena da Baixada, o relatório mostra o seguinte (os grifos são meus):
– Está entre os cinco estádios sob risco de não ficar pronto a tempo;
– Este risco considerado é baixo, como o do Beira-Rio. Manaus e Cuiabá apresentam risco médio e Natal, risco moderado;
– Até a conclusão do relatório, apenas 12% da obra havia sido concluída. Somente o Beira-Rio (4%) apresenta índice menor. A média nacional é de 34,4% de conclusão;
– Em e-mail à cúpula da Fifa (Blatter incluído), Botta comemora o fato de Curitiba e Porto Alegre enfim terem iniciado as obras, o que põe os 12 projetos em andamento;
A conclusão da Arena está prevista para junho de 2013;
– Os maiores riscos à obra são: não atender às exigências da Fifa e a falta de expertise do clube para gerenciar a reforma;
– O orçamento do estádio é de US$ 131 milhões (R$ 249,8 milhões pela cotação do dia em que o relatório foi apresentado).

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Agora, comento os grifos.

Considero pouco provável que a Arena não fique pronta a tempo da Copa do Mundo. No próprio relatório, a Fifa comenta do afrouxamento de algumas exigências no início deste ano. É provável que outras concessões sejam feitas, anulando as diferenças entre o que a Fifa exige e o que as sedes podem entregar. Ainda assim, é de se lamentar que o cronograma nas mãos da Fifa não preveja mais a reabertura do estádio no mês do aniversário de 89 anos do clube, como Petraglia cansou de prometer.

Também acho bom relativizar a crítica à falta de expertise do clube, mesmo que ela seja real. Não podemos esquecer a ficha corrida de Blatter e sua turma. Para a Fifa, quanto mais intermediários (construtoras, empreiteiras, grandes corporações etc.) e mais dinheiro circulando, melhor.

A questão continua sendo a que custo tudo isso vai ficar pronto e quem vai pagar a conta. A diferença do orçamento que vinha sendo divulgado até então (R$ 184 milhões) e o mencionado no relatório (R$ 249 milhões) é grande. Se já havia alguns ruídos sobre os trâmites para que Atlético, estado e município dividissem a conta inicial, o que dizer desses R$ 65 milhões excedentes? O poder público abraça essa conta? O Atlético paga e assume o risco de arrebentar suas finanças? Há um meio-termo razoável?

Difícil saber diante da pouquíssima informação divulgada pelo clube. Não custa lembrar, mesmo sendo uma obra privada e um imóvel privado, o financiador é o poder público, o evento é do País, logo é dever dar transparência a cada estágio da construção. Transparência que não é simplesmente publicar fotos diárias, como se faz no site da Arena CAP S/A. Para essa finalidade, talvez fosse mais apropriado criar uma conta no Flickr ou no Instagram.

Talvez com o fim do prazo estipulado pelo Tribunal de Contas Estadual para a apresentação do cronograma e do orçamento detalhados (entre outras exigências que dependem exclusivamente do poder público) a obra na Arena, enfim, torne-se transparente como se espera de algo que consumirá tanto dinheiro público (mesmo que mediante empréstimo ou potencial construtivo). Até porque é duro engolir qualquer aula de transparência, mesmo involuntária, da Fifa.

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