Ricardo Semler, um empresário que ficou famoso nos anos 1980 escrevendo um livro de administração, dizia que pobre é o sujeito que não sabe a diferença entre um milhão de dólares e cem milhões de dólares.
Pois é. E orçamento público tem disso. Botam tanto zero na nossa frente que a gente acaba sem ter uma noção direito do tamanho da soma que está em jogo.
Os R$ 6,8 bilhões do acordo de leniência da Odebrecht, então, nem se fala. É tanto zero, tanto dinheiro que a gente não se dá contra do tamanho do absurdo que isso representa.
Lembrando que estamos falando de dinheiro ´publico (meu e seu) desviado de finalidade, vale muito a gente tentar ter um parâmetro do que tiraram da gente.
Ou melhor: do que descobriram que uma empresa tirou do nosso bolso. Podem não ter descoberto tudo. E são muitas empresas. Mas supondo que fosse “só” isso. Imagine o que dava para fazer:
– Pagar Bolsa-Família para todas as famílias do Paraná (absolutamente todas, pobres ou não) durante um ano.
– Construir quatro estádios do Maracanã – o mais caro da Copa do Mundo de 2016.
– Bancar 70% do funcionamento de uma cidade do porte de Curitiba durante um ano.
– Pagar tarifa gratuita de ônibus para a população de Curitiba por 6 anos.
Mas sabe qual a comparação mais relevante aqui? E o que realmente poderia ter sido feito com esse dinheiro? Pagar a conta das eleições exclusivamente com dinheiro público, sem que os partidos e os candidatos tivessem que ficar se ajoelhando para Marcelo Odebrecht e seus pares – a verdadeira e principal origem da corrupção no governo.
A campanha de 2014 no Brasil custou cerca de R$ 5 bilhões, em todo o país – já somadas eleições presidenciais, de governadores, senadores e deputados. Esse dinheiro foi pedido (90% dele, pelo menos) a empresários que têm interesse em fazer acordos com os candidatos para depois das eleições.
Se fôssemos fazer pela conta mais modesta (já que a ideia é tornar a campanha mais barata, como foi em 2016), poderíamos ter as eleições gerais pagas com R$ 10 por eleitor. Ou seja, daria para pagar quatro eleições como a de 2014 só com o dinheiro que a Odebrecht tirou da nossa carteira para financiar esse mesmo processo.
Siga o blog no Twitter.
Curta a página do Caixa Zero no Facebook.
Mensagens da equipe de Moraes contra Allan dos Santos prejudicam ainda mais pedido de extradição
Os pontos fortes e os desafios de Florianópolis, a cidade mais competitiva do país
Petição pública para impeachment de Moraes se aproxima de 1 milhão de assinaturas
Argentina registra oitavo mês consecutivo de superávit comercial
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião