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Rafael Greca. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo.
Rafael Greca. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo.| Foto:

Há exatamente um ano, o então candidato a prefeito de Curitiba pronunciava a frase que quase lhe tirou uma eleição ganha. Numa sabatina da PUC, contou uma história sobre como ajudou um mendigo e que terminou na grande gafe de 2016.

O prefeito disse que havia vomitado por causa do cheiro do pobre.

Foi um desastre de relações públicas. Greca teve de ir à tevê pedir desculpas – a última coisa que um político em campanha quer fazer. Sua popularidade desabou. E se não fosse pelo apoio que teve do governo do estado, poderia ter colocado tudo a perder.

De lá para cá, Greca vem tendo uma história de amor e ódio com a população de rua. Exatamente na história como contou, quer ajudar, mas não está preparado.

Como uma de suas primeiras medidas, mandou fechar um guarda-volumes na Osório. Podia não ser nada: há outros. O problema foi o motivo. Não querer que os mendigos se misturem às pessoas “de bem”.

Disse que a culpa de uma pessoa que morreu de frio era dela mesma, que não aceitou ajuda. Descontente porque os moradores de rua não sumiram, demitiu a presidente da FAS.

Depois começaram a pingar denúncias de que a prefeitura vinha tirando pessoas da rua à força. Higienismo. Houve inclusive uma cena suspeitíssima justo quando o governador Beto Richa iria aparecer para fazer uma foto e a população de rua local sumiu minutos antes.

A Defensoria Pública, o Ministério Público, a Igreja, todo mundo pediu para Greca parar com isso. Mas ele parece não ter interesse em parar.

De novo, nesta semana, um ano depois da história do vômito, o prefeito viu seus funcionários numa cena lamentável, com gente da Defensoria Pública aos gritos para impedir que moradores de rua fossem removidos por guardas municipais, na base do constrangimento.

O prefeito parece não querer mal à população de rua. Como numa cena medieval, até gosta que essas pessoas existam para que ele possa aparecer como o ente caridoso que lhes proporciona algum bem. Mas, na política pragmática, há limites para o que possa fazer com que a cidade pareça suja. Para o que baixa a popularidade de um prefeito que prometeu, simbolicamente, “lavar” o centro da cidade.

Ainda há três anos de Greca pela frente. Os moradores de rua, que já não têm nada, ainda têm essa longa perspectiva pela frente: de uma prefeitura que quer vê-los saindo da vista dos outros. Porque o que os olhos não veem e o nariz não sente – isso não existe.

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