Roberto Requião fez discurso de candidato ao governo nesta quinta-feira, na entrevista exclusiva à Gazeta do Povo. Mas pode não ser bem assim. Conhecedor do jogo, pode estar usando a suposta candidatura só para conseguir o que realmente quer.
Requião sabe que a disputa pelo governo vai ser tensa, até pelos mecanismos que têm sido usados (e que ele mesmo denuncia) nas últimas eleições. Ele perdeu em 2014 num revés que não esperava. E talvez prefira mesmo a segurança de uma eleição praticamente assegurada para o Senado.
Mas não pode deixar que Beto Richa comande sozinho a política local: isso equivaleria a um suicídio político. Todos os deputados do outro lado, todos os prefeitos do outro lado, todos os empresários do outro lado. E para ele sobraria formar chapa com quem?
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Sua tábua de salvação, se for essa mesma a ideia, se chama Osmar Dias. Amigo de velha data, Osmar já andou ciscando no galinheiro de Requião. Saíram juntos em mais de uma eleição.
E poderiam voltar a estar do mesmo lado. Requião tentou dar o primeiro passo indo na casa de Osmar e espalhando para o mundo que os dois pensavam num plano de governo comum. Mas…
Os russos
Osmar está encurralado. Ele sabe que pode ir com Requião. Montar uma candidatura mais à esquerda, inclusive, combina com o discurso contrário a Beto Richa, que parece lhe agradar. Porém, ele odeia a ideia de ser chamado de petista, de ser alvo de críticas ligadas a Lulas e mensalões e petrolões.
Por isso, assim que Requião foi a público, Osmar jogou água fria, saiu fazendo fotos rapidinho com o chefe da Casa Civil e o líder de Beto Richa na Assembleia – tudo para dizer que a conversa com Requião era “só mais uma”.
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Requião subiu o jogo. Subiu a aposta. Diz que é candidato contra Osmar. Mas deixou uma porta aberta. Avisou que a partir de uma certa altura a candidatura se torna irreversível, mas parece estar dizendo que esse momento ainda não chegou.
Ao final da entrevista, falou mais claramente da situação de Osmar e deu o recado. “Quem sabe a gente consegue sair dessa juntos?” E, irônico como sempre, completou. “Até com o Osmar me apoiando.”
Mas o que ele quer, aparentemente, é o contrário. Osmar para o governo e ele para o Senado.
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