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Beto Richa. Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo.
Beto Richa. Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo.| Foto:
Beto Richa. Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo.

Beto Richa. Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo.

É evidente que o governador Beto Richa (PSDB) sabia o que o esperava. Quando se reelegeu, sabia que as contas públicas estavam no osso. Quando assumiu, sabia que teria de fazer mudanças drásticas. Quando tomou as medidas, sabia que enfrentaria protestos e greve. Após seis anos como prefeito e quatro como governador, imaginar que ele fosse incapaz de perceber os próximos passos dessa história seria subestimá-lo.

Em todos esses momentos, fica claro que o governador precisou tomar uma decisão e decidiu tomá-la mesmo sabendo quais seriam as consequências. A mais fácil delas foi a de dizer que tudo estava bem, no período da reeleição, mesmo sabendo que tudo precisava mudar. É comum que políticos ajam assim. Dilma fez o mesmo, só para ficar no exemplo mais próximo.

A segunda decisão deve ter sido mais difícil, Políticos são vaidosos, gostam de ser admirados. E as medidas que o novo secretário da Fazenda implantou são drásticas. Façamos uma lista das três coisas mais impopulares que um governante pode fazer. Provavelmente, a ordem seria: aumentar impostos, cortar benefícios do funcionalismo e parar serviços públicos. Richa, nos últimos três meses, conseguiu fazer tudo isso.

Ao decidir que ia seguir o caminho menos popular, no entanto, é evidente também que Richa não está pensando em simplesmente praticar maldades à toa. Há método por trás disso. O cálculo é simples. Caso decidisse deixar tudo correndo solto, como antes, gastando muito e aumentando o rombo das contas públicas, Richa corria o risco de simplesmente ficar sem dinheiro para pagar o básico, como já vinha ocorrendo.

Além disso, corria o risco igualmente grave, do ponto de vista político, de passar o segundo mandato em brancas nuvens, novamente sem conseguir fazer grandes obras que sirvam de marca e que possam cacifá-lo para disputar novas eleições mais para a frente. Era necessário fazer algo drástico, e era melhor que isso fosse feito de uma vez. Como tirar esparadrapo.

Ser impopular agora, quando não há eleição à vista, é melhor do que ser impopular daqui a quatro anos. Richa sabe disso. Fez as contas e bancou: façam-se as maldades já, a tempo de reconstruir o caixa e fazer algo que seja bem avaliado até 2018.

Não é à toa que o governador tem se escondido nesse momento difícil. Não aparece, não dá entrevistas, sumiu de cena. A ideia dele é se desvincular o máximo possível dessas decisões, como se elas fossem meramente de seus secretários. Mais tarde, quando a greve passar, quando a Assembleia já tiver feito suas vontades, quando o caixa estiver um pouco melhor, ele reaparecerá. Dirá que foi o grande estadista que consertou as finanças do estado.

O discurso colará? Dependerá primeiro de o plano dar certo. Depois, do tamanho do estrago que esses dias difíceis causarão na memória do povão. Mas a memória, nós sabemos, não costuma ser o forte do eleitor.

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