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Foto: Rodolfo Bührer/Arquivo/Gazeta do Povo.
Foto: Rodolfo Bührer/Arquivo/Gazeta do Povo.| Foto:
Foto: Rodolfo Bührer/Arquivo/Gazeta do Povo.

Foto: Rodolfo Bührer/Arquivo/Gazeta do Povo.

A discussão sobre a proibição de venda de álcool em estádios de futebol na Câmara de Curitiba elencou vários bons argumentos a favor e contra os dois lados. É um daqueles casos em que não parece haver uma resposta obviamente certa, e faz sentido que muitos vereadores tenham ficado indecisos.

Como o assunto ficou para ser decidido daqui a duas semanas, vale resumir um pouco o debate para que todo mundo possa ainda pensar e, quem sabe, influenciar seu vereador na hora do voto.

Os três principais argumentos dos defensores da liberação da bebida no jogo foram:

1- Um argumento ideológico: proíbe-se coisa demais no país, quando o ideal seria educar as pessoas para que elas não cometam crimes;

2- Um argumento moral: nem todo torcedor de futebol é violento, e não é porque tomou uma cerveja que o sujeito vai se transformar em um criminoso;

3- Um argumento prático: as pessoas já bebem fora do estádio, e lá dentro pelo menos terão lixo para jogar o copo e banheiros à disposição.

Os três principais argumentos contra a liberação da bebida foram:

1- Um argumento ideológico: a bebida é vista por muitos vereadores como um mal em si, que não traz nada de positivo;

2- Um argumento prático: a bebida pode incitar a violência, tirando inibições, ainda mais num ambiente passional como o estádio de futebol;

3- Um argumento legal: os vereadores não teriam como se sobrepor à legislação nacional, que proíbe a venda.

Nem sempre os argumentos foram bem defendidos. Mas todos são importantes. Primeiro vale a pena lembrar que se o argumento legal contra a liberação estiver correto (e parece que está), todo o resto cai por terra. A Câmara não pode legislar e pronto.

Mas vale ver o resto. Os vereadores parecem ter razão quando dizem que o melhor é educar as pessoas ao invés de sair proibindo tudo. Tem muita gente boa que diz o mesmo sobre a Lei Seca: o melhor seria orientar as pessoas. E, quando alguém cometer uma infração, punir apenas o infrator.

A ideia defendida por Pier Petruzzielo e Bruno Pessuti é de que o país não pode ficar proibindo tanto. Seria uma maneira, inclusive, de criminalizar o cidadão que, apesar de tomar a cerveja, não comete nenhum crime.

Ideologicamente, parece um bom princípio. Em alguns outros temas, este blog já expressou opinião semelhante. Por exemplo, no caso dos ônibus que queriam criar só para mulheres, para evitar abusos sexuais. Não é o caso de segregar as pessoas nem de considerar que todo homem é um assediador em potencial.

Mas a ideologia precisa ser sempre temperada pelo bom senso. Neste caso, por exemplo, os vereadores que defendem a proibição têm bons argumentos. A PM afirmou que, depois da proibição, os casos de violência diminuíram pela metade. E o major que representou a corporação chegou a falar duro com os políticos:

“Cada vez que um vereador oficiar a PM solicitando segurança, vou responder com o placar dessa votação na mão”, declarou o major Alex Breunig.

O vereador Dirceu Moreira disse, de forma popularesca, algo que todo mundo sabe: “É quando se bebe que se fica valente”. A vereadora Professora Josete levou dados de assistentes sociais para mostrar que a valentia realmente degenera em violência.

Os vereadores que defendem a liberação disseram que na Copa, onde houve álcool, não houve violência. Mas foram lembrados de que ali não havia rivalidades entre clubes – não havia Império Alviverde, Ultras, Fanáticos ou Fúria Independente.

O argumento a favor da educação é muito bom. Mas é preciso ter cuidado para, em nome da ideologia, não liberar algo que pode realmente trazer violência e morte para a cidade.

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