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Quem gosta de ir ao cinema para assistir ao filme e não para “ter o que fazer e passar o tempo” sabe do que estou falando: muitos dos freqüentadores da salas de exibição curitibanas estão perdendo a noção de respeito pelo outro, o bom senso no que diz respeito ao comportamento que devem ter durante uma projeção.

Há cerca de duas semanas, estava eu assistindo a O Despertar de uma Paixão, um filme tenso e introspectivo, no Unibanco Arteplex, quando o telefone de um dos espectadores tocou, quebrando todo o clima numa cena crucial da trama. Bem, qualquer ser humano com a mínimo noção de civilidade teria desligado o celular ou saído da sala para atender à ligação. Mas não foi isso o que aconteceu.

A pessoa, uma senhora de meia-idade, madura o suficiente para distinguir o certo do errado, não apenas respondeu à chamada como passou a dar, possivelmente à sua empregada doméstica, instruções do tipo “limpe tal móvel” e “não esqueça de tirar a carne do freezer”. Apesar dos protestos de seus companheiros de sessão, muitos até agressivos ao ponto de exigir que saísse do recinto, a mulher demorou um par de (longos) minutos até se tocar da gafe e do incômodo causado — e finalmente desligar.

O fato é que muita gente, talvez acostumada a ver DVDs em casa, acham que o cinema é espaço para interação e socialização, uma extensão de suas salas de estar. Trocam, em voz alta, impressões sobre o filme, conversam sobre a forma física dos atores e atrizes, chegando ao cúmulo de tratar, em voz alta, de assuntos aleatórios, que vão do preço do estacionamento a um salto quebrado na escada do shopping.

Outra experiência desagradável que vivenciei recentemente foi durante uma sessão quase lotada de Maria Antonieta no Cinemark Mueller. Um homem, sentado ao meu lado, comia, de boca aberta, um saco de pipocas – grão a grão. Como se não bastasse, ao fim dessa tarefa, que lhe consumiu uns bons 30 minutos, ele começou a se digladiar com balas envoltas em plásticos que, pelo jeito, desafiavam sua acuidade motora. Ele não conseguia desembrulha-las sem fazer o maior barulho, gerando irritação em todos ao seu redor. Por um momento, o imaginei sendo guilhotinado. Como a rainha que dava nome ao filme. Mas logo desisti da idéia.

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