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Acima dos partidos e de ideologia, os laços familiares estão no cerne da campanha pelo governo do Paraná. É impossível descolar as trajetórias de Beto Richa (PSDB), Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB) de parentes próximos que abriram caminho antes deles. O confronto entre o tucano e o peemedebista, em especial, tem todos os ingredientes para a reedição de uma batalha entre clãs.

Beto é filho de José Richa, espécie de “pai de todos” na política paranaense. Eleito governador na efervescência da redemocratização, em 1982, Zé Richa foi para o Senado em 1986, teve papel de destaque na Constituinte de 1988 e era favoritíssimo para voltar ao Palácio Iguaçu, em 1990. Acabou fora do segundo turno, derrubado pela impetuosidade de um ainda jovem Requião e pelos ares de novidade de José Carlos Martinez, candidato do então presidente Fernando Collor.

Requião tem uma trilha sanguínea ainda maior. O bisavô dele, Justiniano de Mello e Silva, trocou Sergipe pelo Paraná no final do século 19 graças a uma indicação política para ser secretário da presidência da província.

Depois disso, o pai de Requião, Wallace Tadeu de Mello e Silva, foi prefeito de Curitiba, cargo também ocupado por Requião entre 1985 e 1989. No primeiro confronto contra a família Richa, em 1990, Requião escolheu uma arma mortal – a aposentadoria recebida por Zé Richa como ex-governador. Em tempos de caçadores de marajás, não houve escapatória.

Em 2002, foi a vez do primeiro duelo direto contra Beto. Ainda café-com-leite nas urnas, o tucano não ameaçou a polarização entre Alvaro Dias (então no PDT) e Requião, que venceu novamente no segundo turno. O resultado não foi exatamente uma derrota para Beto, que somou experiência para chegar à Prefeitura de Curitiba, dois anos depois.

Em 2010, Beto não enfrentou Requião nas urnas, mas foi eleito graças a um discurso de mudança em relação ao rival, que completava o terceiro mandato no Palácio Iguaçu. Beto era o novo, contra um Osmar Dias (PDT) que se enrolou para explicar a aliança de última hora com petistas e peemedebistas. No cargo, repetiu o antecessor cercando-se de parentes no primeiro escalão e fazendo todo tipo de negociação política, inclusive com o PMDB.

Durante mais de três anos, imaginou que Requião era página virada. A disputa seria com o PT de Gleisi. Recordista de votos para o Senado em 2010 e alçada à Casa Civil da Presidência da República, em 2011, a petista também tem a política dentro de casa – é esposa de Paulo Bernardo, ministro com cadeira cativa na Esplanada desde 2005.

Aí misturam-se novos temperos de família: Requião detesta Paulo Bernardo (e vice-versa). Some-se a isso o fato de que agora é o peemedebista quem precisa justificar a polpuda aposentadoria de governador. E que, no contra-ataque, pode lembrar que a pensão de Zé Richa foi herdada pela mãe de Beto.

No final das contas, a campanha que ainda começa a esquentar tem tudo para trazer pouquíssimas novidades sobre o futuro do Paraná. O clima é mais de tira-teima histórico que de perspectiva estratégica. Tomara que a evolução do debate mude esse pressentimento.

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