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Daniel Gonçalves Filho, ex-superintendente do Mapa no Paraná, hoje réu e delator no âmbito da Operação Carne Fraca. Foto: Kiko Sierich/Arquivo Gazeta do Povo
Daniel Gonçalves Filho, ex-superintendente do Mapa no Paraná, hoje réu e delator no âmbito da Operação Carne Fraca. Foto: Kiko Sierich/Arquivo Gazeta do Povo| Foto:

Principal delator da Operação Carne Fraca, o réu Daniel Gonçalves Filho, ex-chefe do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Paraná, voltou a falar durante depoimento na semana passada que dava dinheiro a deputados federais do Paraná que o mantinham no cargo. Tratava-se, segundo ele, de uma espécie de “mensalinho” arrecadado entre empresas que eram alvos de fiscalização do Mapa, como a JBS, empresa da J&F Investimentos, que firmou um acordo de leniência e alega estar colaborando com as investigações.

Também réu da Operação Carne Fraca, o veterinário Flávio Cassou, que trabalhava em uma planta da JBS na cidade da Lapa (região metropolitana de Curitiba), já admitiu que repassava dinheiro (R$ 20 mil) a Daniel Gonçalves Filho, a pedido da direção da empresa. Mas, o ex-chefe do Mapa no Paraná conta que recolhia no total (ou seja, via JBS e também através de outras empresas) entre R$ 50 mil a R$ 60 mil por mês para distribuir a um grupo de parlamentares, “quatro, cinco deputados federais do Paraná”.

Em determinado momento do depoimento prestado no último dia 5, Daniel Gonçalves Filho chega a se emocionar ao contar que era “muito sacrificado” para manter o “mensalinho”. “Às vezes eu saía de casa sexta-feira, ia a Maringá, para recolher propina, Cascavel, Foz, e retornava para casa, no domingo”, disse ele ao juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Criminal de Curitiba, responsável pela condução das ações penais derivadas da Operação Carne Fraca.

Ouça trecho aqui:

 

Daniel Gonçalves Filho foi indicado ao cargo pela bancada do PMDB do Paraná em Brasília, mas ele foi orientado a não citar nomes de parlamentares durante os depoimentos que presta no primeiro grau da Justiça Federal – devido ao foro privilegiado dos políticos. Os nomes dos parlamentares foram entregues por ele ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, onde o caso tramita de forma sigilosa. Durante o depoimento em Curitiba, ele também citou apenas a JBS, não mencionando os nomes das outras empresas.

Ouça outro trecho aqui:

O depoimento prestado por ele nesta quinta-feira (5), em Curitiba, faz parte de uma etapa de “reinterrogatórios” que têm sido conduzidos pelo juiz federal Marcos Josegrei da Silva, no âmbito das ações penais da Operação Carne Fraca. Os “reinterrogatórios” foram necessários porque, inicialmente, Daniel Gonçalves Filho permanecia em silêncio sobre as questões colocadas pelo magistrado. Em dezembro, entretanto, ele obteve um acordo de colaboração premiada, homologado pelo STF, e o juiz federal resolveu então tentar ouvi-lo novamente.

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