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Os 26 rocks mais importantes na história…
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… de vida deste cronista (afinal, quem sou eu para definir quais são os mais importantes da história da música).

Gabriella Fabbri / Stock.Xchng
Rock and roll!

O tema não poderia ser outro. Hoje é o dia mundial do rock. Para mim, é um dia de recordações. Ao longo da vida, confesso, aprendi a tocar algumas músicas do Djavan para conquistar as donzelas mais sensíveis. Hoje, sou eclético (para muitos, herético) a ponto de ter, na mesma playlist, um sucesso do sertanejo universitário, um clássico da música erudita e um experimentalismo da world music. Mas a primeira da lista sempre vai ser uma porrada do bom e velho rock n’ roll. Como cantaria o Sepultura, são as “roots, bloody roots”: minha alma musical foi forjada com metal. Nem sempre um metal pesado. Às vezes, um metal leve como o da corda mais aguda da guitarra do Mark Knopfler (Dire Straits). Mas sempre metal.

Na infância, minha grande influência musical foi meu pai, o Renatão. Por meio dele, conheci algumas das músicas que mais me marcaram. Lembro-me de que viajávamos de carro (não há lugar mais perfeito para se ouvir rock do que a estrada), com caixas de sapatos repletas de fitas K7 contendo as seleções musicais do meu “velho e querido”. O meu irmão caçula foi mais influenciado pela enorme coleção de reggae do Renatão, grande fã de Bob Marley e companhia. E eu ficava esperando pela hora de colocarmos a fita do Pink Floyd ou a dos Rolling Stones.

Já adolescente, passei a tocar minha própria seleção musical, sempre norteado pelo rock. O peso foi aumentando – do corpo e da música. Primeiro, veio o Led Zeppelin. Depois, Guns n’ Roses. Na sequencia (a das minhas variações de gosto, não exatamente a cronológica), gritei muito com o Iron Maiden. Mais tarde, fiquei completamente viciado em Metallica. Em seguida, Pantera. Quando já estava muito pesado, sem perceber, comecei um regime musical: reduzi as medidas de Sepultura a AC/DC, depois a Kiss. Quando cheguei a Restart, percebi que já estava anoréxico musicalmente e voltei a me alimentar de rock – brincadeira, brincadeira, ninguém precisa me atirar tênis coloridos, ok? Hoje, como já disse, consigo gostar de quase todo tipo de música, sem preconceitos. Mas o rock está sempre lá, no topo das minhas paradas.

Escrevi sobre essas bandas todas, mas, na verdade, sou mais ligado nas músicas. Não é raro que eu goste muito de apenas uma música de determinada banda e não ligue para o resto de suas composições. Por isso, resolvi fazer uma lista com os 26 rocks que mais marcaram a minha vida. Por que 26? Explico. Primeiro, pensei em fazer um “top ten”, mas logo percebi que dez músicas não são suficientes para resumir minha história roqueira. Por isso, já que o dia mundial do rock existe há 26 anos (data do primeiro Live Aid!, em 13 de julho de 1985, show com roqueiros famosos pelo fim da fome na Etiópia) e já que eu preciso de mais espaço para as minhas favoritas, fiz um estranho “top 26”. Tudo bem. Rock é estranhamento.

Mesmo sendo generoso comigo mesmo, com uma lista tão grande, sofri para deixar de fora algumas músicas espetaculares. Mas decidi colocar apenas as que mais me marcaram realmente, sobretudo na infância e na adolescência, fase de minha formação como fã de rock. Sei que meu amigo Pierino vai lamentar a ausência de All right now (do Free). Sei que o Gilberto vai me excluir do seu Facebook por eu não ter colocado nenhuma dos Beatles (sacrilégio). Sei que meu amigo Lúcio vai sentir falta de uma dez músicas do Oasis. Sei que meu amigo Charles vai criticar a superficialidade da lista, que deixou de fora grandes composições obscuras do rock eslavo. Já minha esposa vai pensar que “esqueci” do Elvis apenas para provocá-la (ela é fã do “rei do rock”). Mas, enfim, cada um faz a sua lista – aliás, se você quiser, comente este texto e faça a sua. À minha lista, então.

OS 26 ROCKS MAIS IMPORTANTES (sem nenhuma ordem, como manda o espírito roqueiro)

Sultans of Swing (Dire Straits): Arrisco dizer que considero essa a música mais perfeita de todas. Não sei explicar exatamente a razão. Talvez por eu me lembrar das viagens com o meu pai quando a ouço. Talvez pelo arrebatamento que sinto com a guitarra suingada do Mark Knopfler, como se fosse a flauta de um encantador de serpentes a domar uma naja. Que frase pernóstica! Explicar música é algo impossível. É melhor ouvir mesmo.

Comfortably numb (Pink Floyd) – Outra que eu ouvia com o Renatão, uma de suas favoritas. Quando era jovem, meu pai pediu que meu avô traduzisse essa música. Ele o fez, destacando que se tratava de uma música de gente maluca: “o título significa ‘confortavelmente chapado’, meu filho”, espantou-se meu saudoso avô. Realmente, essa música chapa. Aliás, tive a alegria de assisti-la ao vivo, com o meu pai, num show do Roger Waters em São Paulo. Inesquecível.

Roundabout (Yes): Essa também não faltava nas seleções em fitas K7 do meu pai. Tem um início espetacular – quando descobri como era fácil tocá-lo na guitarra, tive a certeza de que a perfeição é simples. Cheia de viradas, deve ser a trilha sonora perfeita para uma viagem ao espaço sideral – quando eu for a Marte, ela estará no meu Ipod (aliás, preciso começar a juntar dinheiro para comprar um Ipod).

Bohemian Rhapsody (Queen): Confesso que passei batido pela Queen praticamente até o final da adolescência – até porque o Freddie Mercury morreu quando eu tinha apenas nove anos. Mas tive uma epifania no dia em que ouvi Bohemian Rhapsody pela primeira vez. Todos os climas da música e a mistura de rock com ópera… Mamma mia!

Smoke on the water (Deep Purple): Tan-tan-tan / Tan-tan-tan-tan / Tan-tan-tan / Tan-taaaaan… O riff mais famoso da história do rock – ok, escrito com tan-tans fica uma porcaria, mas é espetacular quando tocado pelo Ritchie Blackmore ou pelo Steve Morse. Praticamente todo guitarrista iniciante começa por ele, por ser maravilhoso e simples (como já escrevi, a perfeição é simples). Eu mesmo comecei por ele, e meio que parei nele também. O Rafael, meu priminho de 5 anos, já o toca no Guitar Hero – muito melhor do que eu. Impossível não estar nesta lista.

Hail Caesar (AC/DC): Yes, o AC/DC tem muitas outras músicas mais famosas e até melhores – como Back in Black, Hells Bells, TNT, e por aí vai. Mas eu descobri a banda quando ela veio a Curitiba, em 1996, na saudosa Pedreira Paulo Leminski, com o show do CD Ballbreaker – tinha 14 anos e fui ao show com minha família (tempos bons aqueles da pedreira). Comprei o CD no dia seguinte, gostei da música e entrei no coro: Ave, César!

Jumpin’ Jack Flash (Rolling Stones): A primeira vez em que ouvi essa música foi no velho filme Caminhos Perigosos – se o Martin Scorsese a elencou, quem sou eu para discordar? Depois, ouvi muito e aprendi a tocá-la com o meu pai. Naquele tempo, eu ainda sentia o mundo se dividir entre quem gostava dos Rolling Stones (os “bad boys”) e quem gostava dos Beatles (os “nice guys”) – da mesma maneira que os fãs de Nelson Piquet e Ayrton Senna. Apesar de nunca ter sido bad boy, sempre preferi os Stones – e o Senna, para equilibrar.

Like a rolling stone (Bob Dylan): Outra que eu curtia no carro do meu pai, não pode faltar em nenhuma lista – nem naquela “coisas para levar a uma ilha deserta”! Vira e mexe, é eleita a melhor música de todos os tempos. Escrever mais o quê?

Whiplash (Metallica): Diferentemente da maior parte dos fãs de Metallica, comecei a gostar da banda pelo “final” (até por conta da minha idade). O primeiro CD da banda que tive foi o criticado Load (1996). Gostei e fui atrás do resto. E que “resto”! Foi então que levei uma chicotada dessa música do primeiro álbum da banda e me apaixonei – “whiplash” é uma onomatopeia de chicotada e também pode significar um torcicolo causado por movimentos bruscos da cabeça durante um acidente (ou uma música). Enfim, dos 14 aos 18 anos, fui completamente viciado em Metallica, e até hoje tenho quase certeza de que o Kirk Hammett me cumprimentou enquanto solava sua guitarra, no show em São Paulo, em 1999 – como eu estava quase desmaiando (não por conta da emoção, mas por causa da falta de ar em meio a milhares de malucos, no “gargarejo”), admito que possa ter sido uma alucinação.

Mouth for war (Pantera): Porrada da minha fase de adolescente pancada, em que, como diz a canção, tentava canalizar meu ódio (sabe-se lá contra o quê) para algo produtivo: música. Eu sonhava, então, em copiar a saga dos irmãos que formavam o Pantera: meu irmão na bateria, como o Vinnie Paul; eu na guitarra, como o Dimebag Darrell. Não deu certo – nem para mim, nem para o Dimebag, que morreu baleado num show, em 2004. Música de piá revoltado com as espinhas na cara? Pode ser, mas até hoje me deixa com sangue nos olhos – no bom sentido, é claro.

Wrathchild (Iron Maiden): Eu estava frequentando a catequese quando comprei meu primeiro CD do Iron Maiden, Live at Donington (1992). Por isso, morria de medo de estar invocando o capeta com a segunda música do CD: 666, The number of the beast. Só a ouvia quando tinha alguém junto. Sozinho, jamais – como é que eu iria lidar sozinho com o demônio, se ainda estava decorando o Creio? Enfim, eu costumava passar direto para a terceira faixa do CD: Wrathchild. Como eu ainda não sabia que esse título significava “filho do ódio” (os primeiros livros do curso de inglês não explicavam isso), amei a música.

Burn in hell (Judas Priest): Passado o medo do inferno dos tempos de quase coroinha… Pô, não podia faltar um título como esse numa lista de rock. Quantas vezes eu perdi a voz berrando “You´re going to burn in hell” (você vai queimar no inferno)… Aliás, sei que muita gente pode me mandar queimar no inferno por isto, mas preciso completar: prefiro o Tim Owens nos vocais ao clássico Rob Halford. E quem não gostar, que vá para o inverno (sim, porque, nas últimas semanas, fiz coro com quem prefere um calorzinho ao frio intenso).

Welcome to the jungle (Guns n’ Roses): Bem-vindo à selva. O Guns clássico, com apetite para a destruição. Não precisa dizer mais nada. Música que deixa o ouvinte de joelhos, ou, como metralharia Axl Rose, nos “sha-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-na-knees”…

Black dog (Led Zeppelin): Primeira música do primeiro CD do Led Zeppelin que eu tive, o IV. Quem me apresentou o álbum foi um amigo de infância, o Xuxa – loiro cabeludo, só podia ser. Pensamos em montar uma banda, ele seria o Robert Plant, eu seria o Jimmy Page. Como nem ele cantava como um, nem eu tocava guitarra como outro, não deu certo. Até hoje tenho uma guitarra do Xuxa em casa, mas o que a amizade deixou de mais importante foi o gosto por Led Zeppelin.

Born to be wild (Steppenwolf): Depois de assistir ao filme Easy Rider (Sem Destino), por recomendação do meu pai, eu corri para a guitarra para tirar o clássico riff dessa música – que faz parte da trilha sonora do road-movie sobre a vida de motoqueiros “nascidos para serem selvagens”.

Alive (Pearl Jam): Dos tempos do grunge (rock “sujo” de Seattle), sou muito mais Pearl Jam do que Nirvana, com todo o respeito aos adoradores de Kurt Cobain. Assistir ao Eddie Vedder (sim, eu fui ao show na pedreira, e, de novo, que saudades daquele lugar) tirando do fundo da alma a voz para cantar Alive faz qualquer um se sentir vivo.

The power of equality (Red Hot Chili Peppers): O Blood, Sugar, Sex, Magik (1991) foi o primeiro CD do RHCP que eu tive. Amor à primeira ouvida. À primeira mesmo, já que eu não conseguia tirar essa música, primeira do CD, da função repeat. Graças à base cheia de funk do Flea, que chama a atenção mesmo de um ouvinte destreinado como eu era, passei a dar muito valor ao baixo – guri vidrado pelo protagonismo da guitarra, antes eu pensava (estupidamente, claro) que o baixo era só uma espécie de guitarra para gente sem talento. Enfim, ouvi essa música umas mil vezes antes de deixar o CD rolar por completo e conferir clássicos como Give it away e Under the bridge.

Rock and roll all night (Kiss): É o sonho de todo jovem roqueiro: fazer rock a noite toda e fazer festa todo dia! Com uma proposta dessas, não precisava de mais nada para ganhar a minha atenção.

Hey Joe (Jimi Hendrix): Essa é outra que ouvi e até aprendi a tocar com o meu pai – apenas as partes mais fáceis, não os solos, claro (solar como o Jimi? Tá louco? O cara é um mito).

Hotel California (The Eagles): Uma mais suave, na versão acústica, para aliviar. A primeira vez que ouvi essa música foi durante um recreio, na escola, no ensino médio. Uma bandinha local estava se apresentando. Mesmo com eles destruindo a canção, senti que ali havia algo de muito bom. Fui atrás e descobri uma das músicas mais legais de todos os tempos.

Aqualung (Jethro Tull): O que faz o Jethro Tull ter um som tão especial (e o que eu mais gosto) é a flauta do Ian Anderson. Por que, então, Aqualung é a música mais famosa da banda, se não tem nenhum momento de flauta? Se alguém souber, conta pra mim. Mas não a escolhi por ser a mais famosa, e sim por ser a que mais marcou a minha infância – era um dos destaques da playlist do meu pai.

Big Bang Baby (Stone Temple Pilots): Sei lá. Essa é a única explicação que tenho para colocar Big Bang Baby entre tantos clássicos dos clássicos do rock. Mas eu fui vidrado nessa música na minha adolescência. Enfim, credite-se aos desequilíbrios da fase – de todas as fases, já que ainda hoje curto a música, confesso.

Paranoid (Black Sabbath): Outro riff que toquei até arrebentar as cordas da guitarra. E a voz de foragido do sanatório do Ozzy é f***. Mais nada a declarar.

Johnny B. Goode (Chuck Berry): Conheci essa música por meio da versão reggae, com o Peter Tosh, que ouvia no carro do meu pai. Quando descobri a original, entendi a parte em que o Johhny toca sua guitarra como se tocasse um sino. Clássico.

Love ain’t no stranger (Whitesnake): Se eu pudesse escolher uma voz para mim, seria a do David Coverdale – apesar de o meu nome significar “aquele que tem a voz agradável”, eu não sou muito fã da minha. Enfim, uma voz como essa não poderia ficar de fora de uma lista de rock.

Gaivota (Blindagem): A primeira música que meu pai me ensinou a tocar foi Loba da Estepe, outro clássico do rock paranaense – que segue sendo a mais tocada em nossas reuniões com os violões. Mas gosto ainda mais de Gaivota, até por eu tê-la tirado sozinho ao violão (do meu jeito, pior que o original, claro). Aliás, a Blindagem sempre foi minha banda favorita de rock nacional, não unicamente por ser paranaense, não apenas pela influência do meu pai (que, amigo do pessoal da banda, costumava filmar os ensaios), mas, sobretudo, por ser muito boa mesmo.

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Sempre gostei de música. Toco um pouco de violão e guitarra, e cheguei até a participar de uma banda de rock, com uns amigos, nos tempos de faculdade — fui a alguns ensaios e faltei ao único show da banda (tenho medo de palco, não daria certo). Mas alguns dos meus colegas de Road Roses (era esse o nome do finado, mas não desafinado, conjunto) seguem batalhando na música: o Brunis, vocalista da banda Sr. Casanova; e o Pietro, baterista da banda Guiné Bissau. Sucesso aos dois!

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