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(Foto: Luciano Mendes / Gazeta do Povo)
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(Foto: Luciano Mendes / Gazeta do Povo)

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A grande evolução da tecnologia e o fácil acesso das pessoas a esses recursos, tanto pelo preço quanto pela facilidade na aquisição, está levando muitas famílias a não perceberem a dimensão da exposição das crianças a esses dispositivos portáteis (jogos eletrônicos, tablets, celulares, iPads) – especialmente vídeos com excesso de imagens e sons.

É preocupante como assistimos a isso nas ruas, nos restaurantes, em aviões, no trânsito – em todo lugar que tem criança. E são de todas as faixas etárias, inclusive bebês de um ou dois anos de idade, fazendo uso de iPad ou celulares modernos. Talvez os adultos responsáveis por essas crianças não percebem ou não acreditam que podem estar prejudicando seus filhos. No máximo, pensam que eles serão ‘feras’ no futuro por proporcionar a eles o acesso às tecnologias.

Isso reflete o comportamento dos adultos que estão ligados nos seus smartphones em todos os lugares. Essa mentalidade vai transformar os relacionamentos e a forma de convivência entre as pessoas. Afinal, viver e se relacionar somente se aprende na prática, e hoje o que se pratica? Entre os jovens já percebemos alguma dificuldade de se relacionarem uns com os outros. No futuro, talvez seja mais evidente.

De acordo com a entidade norte-americana Common Sense Media, que estuda as relações das crianças com o entretenimento, os dispositivos portáteis são os maiores responsáveis pelo crescimento do acesso de crianças muito jovens à tecnologia. Ainda segundo a Active Healthy Kids Canada e Kaiser Foundation, hoje as crianças e jovens usam a tecnologia com frequência quatro e até cinco vezes maior do que a recomendada, o que está resultando em consequências graves para a saúde.

Tanto a Academia Americana de Pediatria, quanto a Sociedade Canadense de Pediatria, defendem que bebês com idade entre 0 a 2 anos não devem ter qualquer exposição à tecnologia, enquanto que crianças de 3 a 5 anos devem ter acesso restrito a uma hora por dia apenas. Já as crianças de 6 a 18 anos devem ter acesso restrito a duas horas diárias.

No Japão e nos Estados Unidos, por exemplo, há pesquisas que comprovam a gravidade do uso constante de fones de ouvido para o aumento da perda auditiva entre os jovens. Calcula-se que o problema aumentou 30% entre os jovens norte-americanos, nas últimas três décadas. Segundo a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia (SBORL), a exposição a sons intensos é a segunda maior causa de deficiência auditiva. E o excesso de barulho pode levar à surdez, ao longo do tempo.

Ao invés de termos as crianças utilizando esses equipamentos portáteis no seu dia a dia, no carro ou no caminho para a escola, os pais poderiam aproveitar e utilizar esses momentos para o diálogo, troca de ideias e conversas que colaborem com a construção saudável da personalidade da criança. São algumas oportunidades importantes na rotina das famílias que, muitas vezes, são desperdiçadas quando se coloca uma criança para ver um filme ou desenho no iPad.

Depois, anos mais tarde, os pais reclamam que seu filho não conversa e se fecha. Não entendem que o filho pode não estar reconhecendo o pai ou a mãe como pessoas importantes e que poderão ajudá-lo nos momentos difíceis.

Os pais precisam urgentemente rever essa superexposição das crianças às tecnologias e imagens, caso contrário ela trará prejuízos incalculáveis para o desempenho escolar dos filhos, e no futuro, para a vida pessoal e profissional desse adulto.

>> Ademar Batista Pereira é presidente da FEPEsul (Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino da Região Sul).

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