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Informar não é comunicar (Editora Sulina, 2010), de autoria do sociólogo francês Domenique Wolton, faz um convite à reflexão sobre a comunicação na sociedade em que vivemos. Neste livro, Wolton afirma que o verdadeiro desafio deste século está em “repensar a comunicação no momento do triunfo da informação e das tecnologias que a acompanham”.

Para muita gente, é inviável pensar a comunicação sem a tecnologia, o que significa subordinar o progresso da comunicação humana e social ao progresso tecnológico. Segundo o autor, a tecnologia facilita, indiscutivelmente, a comunicação. Mas isso já não é suficiente. A velocidade e o volume da informação não são sinônimos de qualidade nem de pluralismo, bem como não bastam para que as pessoas possam se comunicar. Pelo contrário, isso torna a comunicação mais complexa, pois os sujeitos estão, cada vez mais, conectados e podem falar o que quiserem na hora que desejarem.

Administrar a diversidade entre os modos de ver o mundo torna a relação, a convivência e a tolerância algo mais difícil. Compartilhar pontos de vista é fácil – acompanhamos isso diariamente, especialmente nas mídias sociais com um alto número de postagens, onde cada um faz questão de tornar público seus posicionamentos, sejam políticos, sociais, culturais, religiosos etc., ‘doa a quem doer’ – o complexo é aprender a conviver com essas diferenças. Em sociedade, de acordo com Wolton, é preciso reunir não apenas aqueles que compartilham valores e interesses comuns, mas também os diferentes. A partir disso, o autor destaca que comunicação é convivência, laço social, relação e negociação. No entanto, acompanhamos uma inversão de sentidos, pois a informação passou a ser o que estabelece vínculos.

O sociólogo também alerta que os novos meios são decisivos para o isolamento das pessoas em mundos particulares, uma espécie de solidão interativa. Liberdade, mobilidade, flexibilidade, velocidade, interatividade, iniciativa, participação, inovação, juventude, confiança, emancipação e globalização são elementos de sedução e que resultam em ameaças à comunicação: o individualismo e o comunitarismo. O primeiro é a redução da comunicação à expressão e à interatividade, já o segundo é a marginalização da alteridade.

Neste ponto, o autor traz para a discussão o papel dos receptores, cada vez mais ativos, numerosos, heterogêneos, reticentes e que se fecham em guetos e em comunitarismos. Uma vez não sintonizados ou com posicionamentos discordantes das mensagens que os incomodam e, ao mesmo tempo desejando expor seus pontos de vista, os receptores acabam por provocar a incomunicação.

Por tudo isso, é essencial que os atores sociais envolvidos com o processo educativo construam um diálogo com os alunos que vá além da informação, buscando a comunicação humana e social. Em seu livro, Wolton afirma que professores e escolas sabem que as tecnologias abrem novas pistas para a pedagogia e para o ensino, mas também sabem que por mais interativa e sedutora que ela seja não possui a “eficácia da imperfeita e perturbadora comunicação humana”, sem a qual não há educação.

>>Patricia Goedert Melo é jornalista desde 2001 e mestranda em Comunicação Social pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) na linha “Comunicação, Educação e Formações Socioculturais”. Há dez anos atua em benefício da Educação por meio da Comunicação. A profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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