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(Imagem: Arquivo Gazeta do Povo)
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O atual contexto em sala de aula é o de desafios. Os professores disputam a atenção dos alunos com as tecnologias, como celulares e tablets, que permitem que eles tenham acesso a informações de uma maneira muito rápida, mas estas informações não são necessariamente válidas para o processo de ensino e aprendizagem. Vivemos na sociedade do consumismo, onde se introjetam informações, mas não se transformam em conhecimento.

Então, como trazer a atenção dos estudantes para a sala de aula? De que maneira despertar sua curiosidade investigativa, para levá-los a construir novas descobertas nos vários campos das áreas de aprendizagem? Quantas são as possibilidades de estabelecermos o diálogo crítico e significativo com nossos estudantes?

Primeiramente, se faz necessário entender como pode ocorrer a promoção das informações para o nível do conhecimento. É por meio de leitura, debates, conversas, troca de experiência e relativização de papéis. Somos produtores da realidade, alteramos a natureza e produzimos relações sociais, que levam à construção do pensamento dialético, movimento de ideias e ações que movem a existência humana.

Uma tentativa bem sucedida de transformar informações em conhecimento em sala de aula é a realização de “aulas invertidas”, onde literalmente ocorre a inversão de papeis. Os estudantes tomam o lugar do professor e passam a ministrar aulas para os seus colegas.

Esta experiência fundamenta-se na teoria de ensino chamada Construtivismo, que tem por referência o biólogo Jean Piaget (1896-1980) que se dedicou à observação científica do processo de aquisição do conhecimento pelo ser humano, especialmente as crianças. Segundo a Teoria do Construtivismo, o papel do professor é o de observar os estudantes, investigar quais são os seus conhecimentos prévios, seus interesses e, a partir daí, procurar apresentar diversos elementos para que os estudantes construam o conhecimento. O professor cria situações para que os estudantes cheguem ao conhecimento.

Na experiência que conduzi em uma instituição de ensino técnico de Curitiba, foram estabelecidos alguns critérios primordiais. O principal deles: o tema escolhido pelo grupo deveria, necessariamente, ser algo de domínio de todos. Domínio este pelo viés do interesse, da profundidade e do gosto pelo tema. Este é o critério mais importante de todos, pois o objetivo é fazê-los perceber a nítida diferença entre apresentar um trabalho e ministrar uma aula. Há diferenciais fundamentais aí: quem fala sobre um assunto, dando uma aula, deve apresentar e passar aos estudantes a profundidade, o conhecimento e o encantamento, pois são estes três elementos que farão com que a atenção se foque na aula, em sala de aula. E assim ocorreu. Foram cinco semanas, em quatro turmas de Ensino Médio Integrado, com apresentações de vários grupos. O resultado foi além do esperado.

A importância desta experiência, evidenciada nos relatos escritos e orais dos estudantes, concerne no elemento da inversão como meio para se colocar no lugar do outro, que neste caso é a professora ou os professores todos.

Exercitar estas mudanças de papéis é fundamental para o amadurecimento tanto de educadores quanto educandos. Está no princípio antropológico das culturas, a importância de desenvolver a capacidade de relativizar o olhar sobre o que nos cerca: colocar-se no lugar do outro significa sentir o que ele sente, na dimensão que tem para ele. E, a partir daí, pode-se começar a pensar em quebrar paradigmas em sala de aula, aumentando o nível de atenção, respeito e interesse dos estudantes.

>>Silmara Aibes é professora de Sociologia e supervisora do Núcleo de Ciências da Sociedade do TECPUC, centro de educação profissional do Grupo Marista, e mestre em Educação pela PUCPR. A PUCPR integra o Grupo Marista, colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia. 

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