A atual política de inclusão fez com que os pais e a própria pessoa com deficiência buscassem escolas comuns de ensino e isso mudou o cenário tradicional da sala de aula. Muitas questões foram trazidas para esse cenário: como incluir? Como conviver com a presença, por exemplo, de um Tradutor/Intérprete de Libras?
A interação em sala de aula antes se dava entre professor e aluno. Agora, a presença do intérprete gera interação desse profissional com o professor, do professor com o aluno surdo, do surdo com os colegas ouvintes, do intérprete com os colegas ouvintes e do intérprete com a escola como um todo.
Mas quem é este profissional? Que papel ele deve desempenhar em sala de aula?
A presença do intérprete de libras é garantida por lei e essencial na mediação entre surdos e ouvintes. É ele quem fará a interpretação/tradução da língua oral (português) para a língua de sinais, e vice-versa, de todos os conteúdos escolares ou mesmo como participantes das interações sociais dentro do espaço escolar.
É preciso compreender e saber distinguir a função de cada um em sala de aula, pois o professor é o regente da classe, responsável pelo ensino dos conteúdos e mediação do conhecimento e o intérprete é aquele que traduz esses conteúdos e a mediação para a libras. No entanto, é muito comum os alunos surdos buscarem o intérprete e não o professor, para sanar dúvidas ou esclarecer assuntos de aprendizagem.
E por que esta situação ocorre? Na maioria das vezes pelo fato de o professor desconhecer libras ou por não haver interação e proximidade entre ele e o aluno, visto que o surdo não direciona o olhar ao professor e sim ao intérprete. Essa situação poderia ser revertida se o docente tivesse um vocabulário básico em libras, onde pudesse olhar para seu aluno, cumprimenta-lo, perguntar se há dúvidas, se entendeu. Dessa forma manter um diálogo com seu aluno para estreitar a relação e gerar a confiança necessária para construírem juntos a relação de aprendizagem em sala de aula como algo fundamental.
Por isso, lembre-se professor: você é o responsável pela turma, é o detentor do conhecimento. O intérprete está em sua sala para estreitar a comunicação entre as línguas envolvidas e estabelecer sua proximidade com o seu aluno. Exatamente como você já estabelece com os demais estudantes.
O intérprete é seu aliado, deve conhecer suas intenções na aula para melhor interpretá-las. Ele é um comunicador de suas ideias, por isso sua relação com ele deve ser colaborativa e integradora.
A inclusão está na aceitação das diferenças e na junção das competências.
>> Patrícia Paula Schelp é intérprete de Libras, mestre em Educação. Atualmente, é professora de Libras na Universidade Tuiuti do Paraná.
>> Quer saber mais sobre educação, mídia, cidadania e leitura? Acesse nosso site! Acompanhe o Instituto GRPCOM também no Facebook: InstitutoGrpcom
-
Censura clandestina praticada pelo TSE, se confirmada, é motivo para impeachment
-
“Ações censórias e abusivas da Suprema Corte devem chegar ao conhecimento da sociedade”, defendem especialistas
-
Elon Musk diz que Alexandre de Moraes interferiu nas eleições; acompanhe o Sem Rodeios
-
“Para Lula, indígena só serve se estiver segregado e isolado”, dispara deputada Silvia Waiãpi
Deixe sua opinião