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Tomado pelo irresistível clichê de estabelecer resoluções para o ano que começou, resolvi buscar mais coerência às postagens que ocuparão este espaço em 2016, compartilhando uma preocupação que tem guiado minhas leituras e questionamentos sobre a área educacional e grosseiramente resumida na pergunta: qual é, afinal, o impacto da educação no desenvolvimento econômico de um país? Indo mais além, de que forma as transformações pelas quais a educação brasileira passou nos últimos anos afetaram nosso quadro econômico e contribuíram (ou não) para o crescimento passado e a estagnação presente?

Obviamente, não são perguntas que aceitam respostas simples, o que provavelmente deixará contrariados os intelectuais e pensadores formados no Facebook e no Twitter. As relações entre a educação e riqueza já estão presentes no clássico de Adam Smith A riqueza das nações (1776), e desde então se consolidou a visão de que os investimentos de tempo, dinheiro e esforço envolvidos na aquisição de conhecimento são superados, no longo prazo, pelos benefícios que este mesmo conhecimento fornece, tanto do ponto de vista individual como coletivo. No caso específico do Brasil, os retornos oferecidos pela educação formal em termos de remuneração, empregabilidade e qualidade de vida são ainda maiores que nos países desenvolvidos, o que é um reflexo do festival de desigualdades que compõem nosso tecido social.

A deterioração recente dos indicadores econômicos, assunto que só perde em espaço na mídia para a corrupção dos gestores públicos (não todos, diga-se) e o papel redentor de certo membro do Judiciário (poder impoluto, como se sabe), obscurece uma verdade inconveniente que acompanha o Brasil desde a década de 1970. Isso significa que, por mais que se observe hoje o aumento do desemprego, o encolhimento da indústria e a queda da renda do trabalhador, há fatores estruturais que impedem o país de dar o salto à frente que nos tornaria uma nação desenvolvida. O nome deste obstáculo é produtividade.

Basicamente, produtividade é a relação entre insumos e produtos: aumentar a produtividade significa fazer mais produtos com a mesma quantidade de insumos, dos quais o trabalho é um dos mais importantes. Um dos fatores que explica a produtividade é o aumento da escolaridade da população, pois um trabalhador que adquiriu novos conhecimentos e habilidades via educação formal teoricamente conseguirá extrair mais resultados do seu trabalho do que outro, com menor escolaridade. O problema é que, ainda que a escolaridade média da população venha crescendo no Brasil de forma constante desde o século passado, a produtividade do trabalhador mantém-se estagnada nos mesmos níveis dos anos 1970.

Isso nos coloca as seguintes questões: por que a universalização da educação básica e o incremento do número de universitários não redundou em aumento da produtividade? Será que os currículos escolares são adequados aos desafios que a economia contemporânea coloca a indivíduos e nações? Em que medida o crescimento e desenvolvimento econômico de nosso país dependem de uma reformulação profunda de nosso sistema escolar? São perguntas como essa, com respostas amplas e complexas, que ocuparão as contribuições a esta coluna nos próximos meses. Se você gostaria de contribuir para este debate, seja bem-vindo.

*Christiano Ferreira é mestre em História Social do Trabalho pela Unicamp e atua há mais de uma década como professor e gestor educacional. É sócio-diretor da Virtú, empresa especializada em projetos educacionais e produção de materiais didáticos. Atualmente pesquisa as relações entre educação e desenvolvimento econômico e social. O profissional colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.

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