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O ábaco, ancestral do computador, foi criado na China há mais de 2500 anos, e ainda é usado por muitos comerciantes, estudantes e matemáticos daquele e de outros países. A evolução e o barateamento dos recursos eletrônicos tendem a aposenta-lo, mas, segundo dizem, um operador competente de ábaco faz cálculos com maior velocidade do que se utilizasse uma calculadora. Os instrumentos tradicionais, como é o caso também da régua de cálculo, tem a sua importância histórica, mesmo em tempo de domínio avassalador da cibernética.

O computador foi desenvolvido nos anos 1930, pelos alemães que usaram recursos eletromecânicos em sua máquina de codificação e decodificação denominada “Enigma”, e pela Inteligência britânica para anular os efeitos daquela. No Projeto Manhattan, que criaria a primeira bomba atômica norte-americana, foram utilizados equipamentos de processamento de dados com tecnologia de válvulas parecidas com as de aparelhos de rádio da época.

Nos anos posteriores à Segunda Guerra mundial, foram aperfeiçoados equipamentos para uso civil, a princípio em atividades contábeis e semelhantes, já então com o uso de transistores, depois circuitos integrados e finalmente os atuais circuitos impressos. Vários departamentos universitários passaram a utilizar os “cérebros eletrônicos” em suas pesquisas, constituindo as primeiras comunidades de informatas.

Nos anos 1970, um projeto denominado ARPANET previa o uso das máquinas em rede, baseado na ideia de prestação de serviço entre elas, com todas recebendo e transmitindo informações, em igualdade de funções e características, e que se constituiu na semente da World Wide Web (Web), cujo objetivo era o de promover o acesso irrestrito da rede, dentro de um espírito de máxima liberdade.

Evidentemente, muito desta liberdade foi se perdendo, por questões de segurança, disponibilidade ou limitação de recursos, e o modelo que predomina hoje é o de poucos servidores de alta capacidade prestando serviços a clientes.

Ainda assim, uma boa parcela de autonomia e transparência está consolidada, e a internet, pensada desde os tempos da “guerra fria”, ampliou-se nas instituições de ensino superior americanas, desenvolveu-se na Europa como um todo, e ao final dos anos 1980 chegou ao Brasil.

Desde então cresce no mundo a importância e o uso intenso, constituindo-se em um fenômeno extremamente singular, como mídia e como um novo tipo de linguagem, que permite a multiculturalidade de uma forma impensável até poucos anos atrás.

Por reunir imagem, som, vídeo, texto, movimento, de uma forma complexa e completa como nenhum outro veículo de massa antes, e estar presente em todo o planeta de forma inédita, a internet tem possibilitado a convergência tecnológica, ao associar massivo e interativo num único meio.

Tais características eram excludentes nos meios comunicacionais: jornais, rádios, TVs, são veículos de massa desde suas concepções, mas só permitiram interações após a Web; enquanto o telefone, por exemplo, de essência interativa, não se constituía em veículo massivo, por apenas permitir a comunicação entre duas pessoas, ou algumas poucas a cada vez.

Assim, embora a cultura digital começasse com a computação, é com a colaboração e coexistência de múltiplos usuários que acontece sua plena expansão, produzindo novos conhecimentos, o que permite o aparecimento de uma verdadeira produção colaborativa. Se tomarmos como exemplo a Wikipedia, enciclopédia aberta que tem seus verbetes produzidos de forma voluntária, – apesar de alguns erros propositalmente (ou não) inseridos, o que evidentemente prejudica a credibilidade total do processo -, o esforço de milhares, reunidos com o objetivo de produzir o maior compendio do conhecimento humano é extremamente louvável.

A proposta do Iluminismo europeu, melhorar o mundo através da razão, do livre exercício da mente humana e da ação política e social, encontrou sua síntese nos enciclopedistas, filósofos e pensadores que procuravam catalogar o conhecimento humano segundo os princípios da razão. Talvez este sonho possa ser realizado pelo uso em cooperação, e um novo letramento, que inclua desde as habilidades de codificação até a capacidade de uso social delas, vem se tornando necessário ao processo educacional atual, para que as perspectivas de trabalho coletivo possam ser efetivamente utilizadas em benefício da maior qualidade das instituições de ensino, e metodologias inovadoras possam ser difundidas ou aperfeiçoadas de forma compartilhada, resultando em maior aprendizagem com menor dispêndio de energia tanto do docente quanto do discente, pois grande parte dos problemas educativos são os mesmos, em diferentes escolas de diferentes países.

Softwares livres poderão ser desenvolvidos voluntariamente e compartilhados por professores e alunos em todo o mundo; a produção entre pares, de forma não hierarquizada, com ou sem finalidades comerciais, pode abrir um inesperado espaço para a criatividade, o trabalho em equipe, o amadurecimento.

*Artigo escrito por Wanda Camargo, professora da UniBrasil Centro Universitário e associada do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR). O SINEPE é colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.  

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