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Os recursos eletrônicos de comunicação têm um fascínio que supera de longe o encanto trazido pelo cinema e o telefone às gerações do início do século vinte. Sua arma, não tão secreta, é o imediatismo e a interatividade: qualquer criança opera celular ou tablet, às vezes melhor que um adulto. E são crianças e adolescentes os seus grandes consumidores, às vezes com certo exagero, dando mais atenção a redes sociais e amigos distantes do que a seus próprios familiares e próximos.

Vários pesquisadores afirmam que os meios tecnológicos não são neutros, num aparente paradoxo, afinal são apenas meios, intermédios, não poderiam ter atuação própria. Mas referem-se à facilidade e velocidade de acesso a infinitos conteúdos sem a indispensável reflexão e, isso sim, modifica o pensamento e a forma de pensar. Até mesmo professores de língua portuguesa relatam a diferença de linguagem e abordagens de tema quando escritos à mão ou em meio eletrônico.

São muitas as dessemelhanças de personalidade entre crianças com muito ou pouco acesso às mídias digitais; se tomarmos, por exemplo, a televisão, que tem sido avaliada em seu impacto educacional: o seu “discurso” específico parece fazê-las mais hábeis para a atuação multitarefas, comparativamente àquelas de gerações anteriores. Crianças acostumadas a várias horas televisivas diariamente têm demonstrado maior percepção das relações espaço-temporal, maior sensibilidade às relações entre o todo e as partes que o compõe, estão mais aptas para fazer provas tipo teste, apresentando também mais talento para representações, talvez auxiliadas pelo hábito de manipular seus “avatares” no ciberespaço, inserção rápida em outras culturas, trânsito mais frequente entre a realidade e o mundo virtual.

Porém, nada é perfeito, e a obesidade infantil tem sido associada à inatividade frente à TV ou preferência pelos jogos em computador, em relação aos que queimariam calorias ao vivo, e nas escolas estudantes parecem só entender mensagens mais curtas, não conseguindo manter a atenção em textos longos ou aprofundados, valorizando mais a presença virtual que a real.

Os considerados nativos digitais, “funcionam” de forma diferente de seus pais e professores, os estrangeiros digitais, educados sem tanto (ou até nenhum) recurso tecnológico, que podem até ter desenvolvido habilidades para usá-los com certo conforto, mas não tem a facilidade dos navegadores da interatividade desde a mais tenra infância. E não podemos negar que as novas mídias digitais trouxeram mudanças significativas nos relacionamentos, consumo e interações sociais, pois, de certa forma somos todos agentes da comunicação, geradores de conteúdos midiáticos, independente da geração a que pertençamos.

O que já foi privilégio de profissionais, divulgar suas opiniões, apreciações, julgamentos, está ao alcance de qualquer pessoa. Podemos fazer chegar ao mundo o que pensamos, porém o excesso de oferta compromete a demanda, são tantas as opiniões sobre tantos assuntos que o interesse resume-se a círculos de amigos e convertidos. As atenções gerais continuam concentradas nos profissionais e em geradores de escândalos.

A mídia tem sido apresentada em alguns casos como uma entidade que poderia criar ou destruir reputações e governos. Seria uma espécie de superestrutura independente, fechada em si. Tanto que, sempre que alguém é acusado de malfeitos, declara ser alvo de uma “conspiração da mídia”, geralmente sem especificar qual mídia e quais as perversas intenções que esta poderia ter para atacá-lo. A palavra vem do inglês media, derivada do latim medius, significando meio, intermédio; no caso, entre opiniões, fatos, notícias e o público, e inclui imprensa escrita, rádios, TVs, redes sociais (até mesmo os blogs “independentes e à margem do sistema”), e todos os recursos de comunicação. E os seus conteúdos é que podem agradar, ou desagradar, pessoas e instituições.

Sendo impossível que contente a todos, a mídia está em bombardeio constante, consequência também de uma inversão do modo de ver de McLuhan, autor que declarava que a “mensagem” de qualquer meio (ou tecnologia) é a mudança de escala, cadência ou padrão que ele introduz nas coisas humanas, parecendo haver hoje uma crença generalizada de que “a mensagem é que é o meio”; como se fatos relatados fossem criação de quem os relata e não de quem os produziu ou causou. Ressalvados os casos em que isso efetivamente ocorre, e que são em cada vez menor número, até pela grande diversidade de “mídias” concorrentes, que produzem um saudável controle sobre eventuais abusos umas das outras, num verdadeiro e democrático controle social.

Somos hoje geradores e consumidores de muita informação, no entanto, nem sempre a transformamos em conhecimento; temos consciência de que todo o processo educativo necessita ser ressignificado, com maior aproximação entre os conteúdos e as novas formas tecnológicas de apresentá-los, mas poucos vencem este desafio.

*Artigo escrito por Wanda Camargo, professora do UniBrasil e associada ao Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR). O SINEPE é colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia.  

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