Por que elegemos pessoas diferente do que pensamos serem as certas?

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Os especialistas afirmam um fato novo nessa eleição de 2014: nunca antes na história democrática desse país tantos conservadores, reacionários, religiosos fundamentalistas, militares saudosistas , secessionistas e mesmo racistas foram eleitos para o Congresso Nacional. Estas pessoas representarão o povo e os Estados e formarão a base de apoio e de crítica ao novo chefe do Executivo. Nos próximos quatro anos veremos nossos representantes mostrarem a verdadeira face do Brasil, aprovando matérias, vetando leis, promovendo avanços sociais e éticos ou travando conquistas e direitos.

Mas uma coisa, somente uma coisa é indiscutível: todos eles foram eleitos por gente como NÓS! Seja o “nós” aquele que concorda com essas posturas, seja o “nós” aquele que foi convencido a acreditar nessas posturas , seja o “nós” aquele que não aceita essas posturas mas não consegue criar um contra discurso consistente para impedir que os votos continuem elegendo esses representantes. E aí está, na minha opinião, o “X” da questão: inúmeras pessoas com ideias bem formadas, leituras e estudos admiráveis, encastelam-se em posição de Buda e ficam esperando que a consciência se desenvolva por geração espontânea. Como isso não acontece e, ao contrário, os profissionais do fundamentalismo, do reacionarismo, do individualismo cínico, do não-importa-quanta-farinha-tenha-eu-quero-tudo, trabalham insanamente, cooptando, aliciando, fomentando, corrompendo, comprando, prometendo, assustando e até ameaçando, as massas de incréus,  somando-os aos  assumidos sem culpa que então engrossam as urnas de votos para eleger esses representantes.

E o que os democráticos e avançados eleitores fazem ao ver seus candidatos ecologicamente corretos, socialmente corretos, comportamentalmente corretos, historicamente corretos, perderem as eleições? Lamentam, rangem os dentes e criticam a “massa ignara e crédula” que se deixa enganar por esses vendilhões contemporâneos.

Um sugestão? Vamos para a escola básica, vamos assumir os espaços públicos , vamos aproveitar todas as oportunidades para fazer circular a defesa de ideias mais generosas, plurais e democráticas para o nosso país. Ficar encastelado na janela da torre chamando os brasileiros e brasileiras de “alienados” não parece estar resultando em nada de melhor. E enquanto isso os espaços públicos definham.