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Recall
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Às vezes acho excessiva essa onda de broncas contra o Brasil. As pessoas parecem que não enxergam nossa inequívoca evolução institucional. Há coisas que são incontestáveis. Os pedágios, por exemplo. Antes só se via isso em filme estrangeiro. Agora é só por o pé na estrada e lá estão eles. E vocês já notaram como eles quintuplicaram as pistas? Bom, nos cinquenta metros antes e depois das guias de cobrança. Mas é um sinal. Logo, logo, esperem…

E nossa política externa, o quanto é comentada! Outro dia mesmo quase que o Obama desistiu de agir contra o califado fundamentalista islâmico cortador de cabeças por causa das palavras firmes de nossa presidente. Liderança é isso. É de arrepiar.

E isso sem falar das posições que alcançamos nos rankings de qualidade de  educação, eficiência  e facilidades burocráticas. As pessoas não admitem porque não querem, um certo quê de inveja, inveja boa, como defende Zuenir Ventura em seu livro sobre inveja boa.

Mas, na minha domingueira opinião, a demonstração maior de que chegamos a um nível de excelência surpreendente é o  recall. Você já ouviu falar nessa maravilha da nossa democracia emergente?

recall

Vejam só: já não é de agora que você compra um carro e se a montadora descobrir um defeito que possa por em risco seu produto e, principalmente, ponha em risco  você e sua família, ela, a montadora, é obrigada a convocar ,pelos meios de comunicação, todos os proprietários para, gratuitamente, substituir as peças que não servem, não funcionam e , portanto, não podem mais estar onde estão.

Um conquista e tanto, principalmente porque compramos um carro para quatro ou até oito anos de uso e não imaginamos que, ao compra-lo, ele não vá prestar. Até pela razão  que compramos um carro pela propaganda, pela respeitabilidade da marca e pelos serviços já prestados pelo automóvel, além das promessas e expectativas de que nos proporcione uma melhoria nas nossas condições gerais de vida, adicionando conforto, segurança, rapidez e melhores resultados no nosso trabalho e no nosso lazer.

Viram? As leis brasileiras avançaram muito e é preciso parabenizar seus elaboradores ao tornarem obrigatório esse mecanismo de garantia de que erros de fábrica precisam ser corrigidos e que os compradores não podem ficar na mão depois de acreditarem na propaganda, nas histórias de sucesso, na confiabilidade e nas promessas do quanto teremos de vantagens ao termos, ao nosso lado, um carro caro, caro pra caramba, pelos próximos quatro anos, pelo menos.

Houve época em que isso não ocorria. Conseguem imaginar o que era viver em um país no qual você investia em um produto caro na expectativa de que ele fosse servi-lo corretamente, adequadamente, garantindo um retorno justo e fiel às promessas que levaram a cada um de nós a fazer essa escolha e depois não era nada disso, o carro era uma porcaria e não fazia você nem nada sair do lugar, avançar um só centímetro.

Mas somos um povo consciente e há algum tempo nos unimos contra isso, fomos às ruas, protestamos, enfrentamos inclusive perigos e ameaças. Mas conseguimos: hoje ninguém mais nos engana. Se você comprar um carro e ele não entregar o que prometeu, exija a sua substituição. É seu direito. Quase seu dever.  Tá  claro?

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