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Extinção da Rádio MEC e Virada Cultural: a música clássica perde espaço
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OSESP na Philharmonie em Berlim. Vitoria rara da música clássica entre nós

OSESP na Philharmonie em Berlim. Vitoria rara da música clássica entre nós

Enquanto êxitos mundiais de nossos artistas dedicados à música clássica como a recente tournée da OSESP na Europa e o reconhecimento internacional de alguns artistas brasileiros dedicados à música de concerto, como a vitória do jovem pianista brasileiro Cristian Budu no concurso Clara Haskil na Suíça, aqui no Brasil a música clássica, ou música erudita como alguns insistem em chamar, recebe um tratamento que se aproxima do desprezo e até mesmo da perseguição. Vou tomar dois exemplos recentes que demonstram este tipo de ação.

A demissão de um grande profisional como Lauro Gomes Pinto. Algo a lamentar

A demissão de um grande profisional como Lauro Gomes Pinto. Algo a lamentar

A iminente extinção da Rádio MEC

A Rádio MEC, sediada no Rio de Janeiro, que transmite na frequência de FM nesta cidade e na frequência de AM em Brasília, está a ponto de ser extinta. Dedicada integralmente à musica clássica sua programação é admirável. Com a colaboração de diversas emissoras europeias, que traduzem especialmente para a emissora brasileira seus programas, em geral ótimos, para o português, a programação divulga além de muita música do repertório tradicional, diversas obras de compositores contemporâneos brasileiros, cujas composições não teriam espaço em emissoras comerciais. Uma equipe de burocratas e políticos ligados ao partido que está no poder do governo federal chamam a emissora de “elitista”. Inúmeras demissões já foram feitas desde o início do ano, sendo que os cargos, ao que parece, serão ocupados por “simpatizantes”. Chegaram a fazer uma proposta indecente de que os funcionários de carreira se demitissem, perdendo todos os seus direito trabalhistas, para que uma distante possibilidade de recontratação acontecesse. Na última sexta-feira, 25 de outubro, o apresentador Lauro Gomes Pinto, do importante programa “Sala de Concerto”, se despediu dos ouvintes, anunciando que havia sido demitido e que o programa seria cortado. Este programa oferecia uma rara oportunidade a jovens instrumentistas brasileiros se apresentarem, e os concertos eram transmitidos ao vivo pela emissora. Este tipo de oportunidade a jovens músicos foi sepultado pelos “camaradas” de Brasília. Além do grande profissional Lauro Gomes Pinto centenas de profissionais da emissora no Rio estão sendo demitidos, entre os quais jornalistas, produtores executivos, apresentadores, locutores, operadores de áudio e técnicos de manutenção. O Rio de Janeiro que já está sendo massacrado do ponto de vista cultural pela administração do mais impopular governador do Brasil, Sérgio Cabral, que está sucateando os corpos estáveis do Theatro Municipal do Rio (orquestra, coro e ballet), agora recebe mais um golpe vindo desta vez do governo federal. Acredito, de vez em quando, que a saída para os aristas que se dedicam à música clássica seja mesmo…o aeroporto. Quem quiser assinar a petição proposta pela Avaaz.org contra a extinção da Rádio MEC pode acessar este link: https://secure.avaaz.org/po/petition/VAMOS_SALVAR_A_RADIO_MEC_DA_EXTINCAO/?tkaMBdb

A apresentação em Curitiba de Zelia Duncan custará mais de R$ 100.000

A apresentação em Curitiba de Zelia Duncan custará mais de R$ 100.000

A assim chamada “Virada Cultural”

Fiquei impressionado com os cachês pagos pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná para músicos, que na sua maioria, não precisariam de qualquer tipo de apoio oficial que participarão da Virada (ou corrente) Cultural deste ano. Quando vejo certas quantias pagas a músicos ligados à MPB como, por exemplo, Zélia Duncan, R$ 107 mil para um único show, e comparo ao que é oferecido anualmente para a programação da Orquestra Sinfônica do Paraná vejo que fazer música clássica está em baixa. Sinto também que na programação desta “Virada Cultural” se perde uma chance enorme para divulgar a música de concerto. Não há um grande evento que coloque de maneira inteligente uma grande orquestra sinfônica, ou um grande e criativo pianista num contexto que poderia divulgar este estilo musical. Não é função de uma Secretaria de Estado da Cultura também educar? Não é dever de o Estado oferecer oportunidade para as pessoas conhecerem algo que não esteja todos os dias na televisão e nas rádios comerciais? Questiono mesmo se Waderlèia, Sá e Guarabira e Raimundos tem algo de “cultural”. Ás vezes chego a acreditar que “Virada Cultural” (ou Corrente cultural) deveria ser chamada “Virada divertida”. E para não falarem que só defendo a música clássica fiquei bem contente da “A Banda Mais Bonita da Cidade” ter sido incluída na programação. Eu pessoalmente adoro o som deles.

Vídeos relacionados ao texto

Mais uma vez, para que não digam que só falo de música clássica, eis o mais conhecido clip da “Banda mais bonita da cidade” que já teve mais de doze milhões de acessos no youtube. Música popular pode ser cultura também.

O Jovem pianista brasileiro Cristiam Budu, vencedor de um dos mais importantes concursos de piano do mundo, o Clara Haskil na Suiça, há dois meses. Ele é acompanhado por uma das melhores orquestras do mundo: Orchestre de la Suisse Romande
Regência: Frédéric Chaslin

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